Sociedade Brasileira de Geografia

 

 

A convite da Sociedade Brasileira de Geografia, proferi esta palestra durante a realização da Sessão Magna comemorativa dos 120 anos desta entidade. A sessão foi realizada no dia 25 de fevereiro de 2003, no Salão Reitor Pedro Calmon, no Fórum de Ciências da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

 

A Sociedade Brasileira de Geografia e a cidade do Rio de Janeiro

 

Helio de Araujo Evangelista[1]

 

 

Professor William Paulo Maciel, demais membros da mesa, recebi um convite da Sociedade Brasileira de Geografia devido a um texto sobre esta entidade encontrado na Revista Geo-paisagem ( www.feth.ggf.br ) .

 

Foi com muita honra e alegria que o aceitei por força do significado desta Sociedade. Hoje, ela comemora 120 anos tendo por foco reunir pessoas para discutir a territorialidade brasileira.

 

Gostaria, aqui, fazer referência a um trabalho a ser publicado neste ano e que tem uma relação com a cidade do Rio de Janeiro, mas diz respeito a uma outra face desta cidade, qual seja, a expansão do narcotráfico. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, publicaremos uma pesquisa sobre este tema.

 

Mas, qual a relação entre este tema e o objeto desta palestra, a Sociedade Brasileira de Geografia ? O que há de comum entre os dois temas é a cidade do Rio de Janeiro !

 

A cidade do Rio de Janeiro, hoje, encontra-se diante de uma encruzilhada na qual há de optar por uma via colombiana, como Medlin, Cali, ou reafirmar o seu papel de pólo cultural, local do entretenimento, espaço do turismo, do lazer e do esporte.

 

Ainda hoje, a cidade do Rio de Janeiro detém o aparato institucional que muito ajudou a formar a identidade deste país. Aqui temos a Academia Brasileira de Letras, a Biblioteca Nacional, o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e tantas outras entidades.

 

Deste aparato destacaria a Sociedade Brasileira de Geografia !

 

Quando analisamos a sua origem, com o apoio direto do então Imperador D. Pedro II em 1883, já havia o desafio que ainda hoje persiste: o que fazer deste imenso território ?

 

E o que é auspicioso neste empreendimento é a ação dos militares ! Na produção deste nosso artigo mencionado, pude ter contato com um diário de um militar, na época tenente – Sr. Oscar Miranda, que junto a seus colegas de farda adentraram a então província do Mato Grosso em 1888 ! Saindo do Rio de Janeiro pelo Oceano Atlântico, penetrando na Bacia do Prata, eles vasculharam aquela região por mais de dois anos.

 

Prosseguindo a abordagem sobre a Sociedade Brasileira de Geografia, que inicialmente tinha o nome de Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, deparamo-nos com os Congressos Brasileiros de Geografia. Estes congressos promovidos pela Sociedade ao longo da primeira metade do século XX tinham o claro intento de aglomerar lideranças e intelectuais em vários estados do Brasil, tais como,  Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, etc. E os trabalhos neles encontrados eram plurais, analisando a geologia, geomorfologia, botânica, geografia humana e a urbanização.

 

Estas iniciativas da Sociedade ajudaram muito na formação de uma imagem sobre o Brasil. Ainda mais na época que os meios de comunicação eram precários.

 

Na década de 40, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística passou a promover estes congressos, dando oportunidade à Sociedade de desenvolver novas tarefas. De lá para cá vemos um trabalho duradouro pelo qual são destacados facetas deste país. Inclusive hoje, nesta comemoração, nós temos a divulgação de um livro desta Sociedade sobre a região amazônica brasileira . Uma região que é a página de nosso futuro !

 

Se nós olharmos para um mapa do planeta Terra perceberemos que são poucos os países que tem metade de seu território a ser ocupado, formado, enfim, escrito uma história.

 

O Brasil é um país que não está formado, ao contrário de uma Inglaterra, França ou Alemanha. Isto é, o nosso quinhão territorial significa algo, significa esperança.

 

A partir de estatísticas do Centro-Sul brasileiro, mais especificamente do Centro-Oeste, tendo em conta o que vem ocorrendo em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nós temos uma dimensão mais clara do que procuro exprimir. Há uma grande mudança e esta ocorreu em apenas 20 anos !

 

Deste modo, Prof. William, dada a orientação de ser breve, termino minha fala parabenizando a Sociedade na sua pessoa  e em todos aqui presentes pois, na verdade, este evento mostra a continuidade de uma ação que tem 120 anos. Acho isto importante porque destaca para a agenda deste país algo que poucos países têm chance de ter, a saber: uma preocupação com um território ainda não ocupado !

 

Nós temos um país que ainda está em aberto !

 

Agradeço pela oportunidade de divulgar um trabalho sobre a Sociedade Brasileira de Geografia com um contra-ponto com o que ocorre na cidade do Rio de Janeiro, que realmente está numa situação de impasse !

 

Muito obrigado pela atenção .

 

Retorna

 

Obs: caso queira mais informações sobre o passado desta entidade, veja nosso artigo !



[1] Prof. Dr. do Departamento de Geografia ( UFF ). ( www.feth.ggf.br )