Revista geo-paisagem (on line) Ano 4, nº
8, 2005 Julho/Dezembro de 2005 ISSN Nº 1677-650 X Revista indexada ao Latindex Revista classificada pelo Dursi |
As políticas públicas de imigração européia não-portuguesa para o Brasil – de Pombal à República[1]
Profa. Dra. Lucelinda Schramm Corrêa [2]
Resumo:
Política pública para migração européia apresenta
diferentes aspectos. Nosso objetivo deste texto é apresentar como podemos
analisar estes aspectos enquanto uma prática relacionada a vários fatores.
Palavras-chave:
história, migração, Brasil
Abstract
Public
politicians to european migration show differents aspects. The goul of this
papper is to argue how we can study it as a social practices product which
interacts with other factors in the history.
Key
words: history, migration, Brazil
Introdução
De meados do século XVIII ao início do século XX, as
políticas públicas para implementar a imigração européia, por parte de Portugal
ou do Brasil, tiveram como vertentes: o “branqueamento” e a conseqüente
“melhoria da qualidade da população”, a ocupação de áreas estratégicas do ponto
de vista geopolítico, a criação de uma classe média agrária com a transformação
da estrutura fundiária e sua vinculação à produção de alimentos e abastecimento
do mercado interno, bem como a substituição da mão-de-obra escrava. A questão
da imigração estrangeira não se limitou ao Período Joanino, pois perpassa todo
o I Reinado e alcança o Período Republicano, em particular na República Velha,
com seu auge ocorrendo após 1850, em virtude da substituição da mão-de-obra
escrava nas lavouras de café, então, em plena expansão.
A relevância e permanência do tema imigração e colonização
pode ser constatada em documentos disponibilizados pelo Projeto de Imagens de
Publicações Oficiais Brasileiras desenvolvido pela Universidade de Chicago
(EUA)[3],
onde destacamos os Relatórios Ministeriais (1821 a 1960) e as Mensagens dos
Presidentes das Províncias (1830-1930). Vários são os documentos que assinalam
a importância de leis para impulsionar a imigração européia[4]
, de estabelecer colônias agrícolas de nacionais e de estrangeiros e extinguir
o tráfico de escravos[5]
, e da relação entre a vinda dos imigrantes europeus e as melhorias das
práticas agrícolas[6] . No âmbito deste
trabalho será enfatizada a gênese da implantação da política imigracionista de
europeus não-portugueses para o Brasil sob a influência do pensamento
Iluminista.
Em três séculos de colonização a máxima romana Hopes hostes
(estrangeiros são inimigos) foi aplicada a “ferro e fogo” pelos portugueses no
Brasil, procurando a todo custo manter suas possessões americanas fora do
alcance das demais nações européias, sendo adotada a estratégia do encobrimento
desse espaço, materializada numa política de fechamento dos portos, no
monopólio absoluto e na destruição das embarcações estrangeiras que ousassem
atirar ferros às costas da colônia. Embora se possa considerar o Brasil uma
colônia de exploração[7] , não deixou de haver uma política de ocupação do espaço
colonial, para assegurar a posse do território. Nos dizeres de Novais não há
colônia de exploração sem povoamento, assim como não há povoamento sem
exploração[8] . A política da Metrópole ao mesmo tempo em que reprimia a
imigração espontânea para a colônia, estimulava, e inclusive promovia, a
instalação de colônias em áreas consideradas estratégicas – que pudessem ser
invadidas, ou que fossem resultado de conquista política ou militar[9] .
Em 1808. o quadro encontrado pela Corte Portuguesa, não
condizia com o novo papel da colônia no cenário internacional. O isolamento a
que fora submetida permitiu a instalação de um quadro de pobreza e ignorância,
sem indústrias, comércio escasso, costumes relaxados, administração corrupta,
com uma população predominantemente negra ou mestiça[10] . A conjugação destes fatores fez com que a idéia de
estabelecer imigrantes estrangeiros tomasse corpo e passasse a ser admitida
pelo governo metropolitano[11] , e dando início a imigração estrangeira de europeus
não-portugueses para o Brasil[12].
A leitura atenta do artigo 10o, do tratado de
1810[13] , onde consta a promessa de gradual abolição do tráfico
para o Brasil pela desvantagem que nasce da necessidade de introduzir e
continuamente renovar uma estranha e factícia população, para entreter o
trabalho e a indústria[14] , nos leva a crer que a intenção do Príncipe Regente ao
cogitar a substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado visava
ampliar a fronteira agrícola. A abertura de novas áreas para a lavoura, a
expansão e diversificação da produção, tendo como idéia subjacente a ocupação
do território por uma população livre e branca, o que permitiria o paulatino
“branqueamento” da população do Brasil.
Temos, assim, um duplo objetivo: a ampliação da fronteira
agrícola, além de facultar a ocupação e povoamento do território com uma
população laboriosa, conhecedora das Artes e Ofícios, resolveria um
problema que de longa data atormentava os governantes, o fornecimento de
alimentos para o mercado interno, com destaque para o do Rio de Janeiro e o de
Salvador[15] . Nesse ponto podemos nos indagar se a escolha de áreas
próximas a estas cidades, nas quais havia o predominava uma população mestiça
ou negra de origem africana, e com recorrentes crises de abastecimento de
alimentos, para a instalação das primeiras colônias de europeus
não-portugueses, as Colônias de Leopoldina-BA (1818) e de Nova Friburgo-RJ
(1820), constituídas por alemães e suíços, teria sido uma mera coincidência.
Para compreender a lógica da política de imigração,
estabelecida a partir do século XIX, nos remetemos a discursos inspirados pelo Iluminismo
- dominante na época, objeto de análise de vários autores, dentre os quais
ressaltamos Maxwell[16] , Sousa[17] , Novais[18] , Ribeiro[19] e Novais e Arruda[20] .
O período pombalino pode ser considerado como o início da
propagação dos ideais da Época das Luzes em Portugal e, por extensão na
sua colônia americana[21] . Toda uma geração de homens, responsável pela
administração e destinos da colônia e, que fortemente influenciou o movimento
de independência e os destinos do Brasil, especialmente no Primeiro Reinado,
também tem sua origem no pensamento iluminista. E, entre outros, podemos citar
José Bonifácio de Andrade e Silva, Hyppólito José da Costa, J. J. Azeredo
Coutinho, José da Silva Lisboa (Visconde de Cairu). Nos limites deste trabalho
trataremos dos aspectos abordados pelos pensadores iluministas em relação à
substituição da mão-de-obra escrava e a imigração alemã, suas articulações com
o branqueamento da população e a ampliação do setor da agricultura voltado para
o abastecimento do mercado interno.
Nas cartas trocadas por Sebastião José de Carvalho e Melo,
Marques de Pombal, e Manuel Teles da Silva, em meados do século XVIII, já
encontramos referências à preferência pelos alemães no tocante à imigração para
o Brasil. De acordo com Eugenio dos Santos[22] a questão do conhecer
cientificamente, povoar e delimitar o enorme território (Brasil)[23] tornaram-se, pois uma prioridade inadiável[24] . Para o autor, Manuel Teles da Silva era um iluminado
e seus pontos de vista sobre o Brasil e, aparentemente, muitas de suas sugestões
foram ouvidas por Pombal[25] . Dentre as diversas sugestões dadas por Teles da Silva, a
questão do povoamento aparece com certa constância em várias de suas cartas a
Pombal, aconselhando-o a povoar, povoar, povoar de qualquer modo (...) por
uma questão econômica – mais lavoura, mais gado (...)[26] . Também faz alusão à expansão da povoação, (...) pois
face ao grande território disponível seria desejável a multiplicação de
povoados, pois para ele, (...) os homens tem algo de animais [se] multiplicão,
não só à proporção dos pastos, mas conforme a extensão dos terrenos[27] , com a ocupação de todas as Capitanias e do Sertão,
visando interiorizar o povoamento.
Com relação à origem dos imigrantes Melo da Silva nos
parece um tanto quanto indefinido, pois se ao início da Carta de 12 de agosto
de 1752[28] não parece se
importar com a origem dos povoadores (...) que podiamos utilizar no comercio
das nossas Collonias ou Conquistas: Cuidemos pois em pouvoalas de qualquer modo
que seja. Moiro, branco, negro, índio, mulatico, ou mestiço, tudo serve, todos
são homens, (...) mais adiante destaca os alemães quando se lê: (...)
que todos os Allemaens podem aly [Brasil][29] ser
convenientemente estabelecido[30]
(...), porém, do seu ponto de vista, a
religião professada pelos alemães – o protestantismo, seria um empecilho que
poderia acarretar problemas com a Santa Caza, sendo o catolicismo a religião
oficial de Portugal e, por extensão, das suas colônias. Aparentemente Pombal
acatou os conselhos no que tange à colocação de homens de boa estirpe em
altos cargos na colônia[31] e à política de
povoamento - com destaque para a política empreendida na região das Missões, do
sul do atual Paraná até o Prata[32] .
Na passagem do século XVIII para o XIX, autores de
memórias, imbuídos do espírito iluminista e inspirados pelas idéias liberais de
Adam Smith, escrevem a respeito das perspectivas para a metrópole e seu
ultramar. No âmbito deste trabalho nos limitaremos à postura assumida por
Azeredo Coutinho, e alguns outros Ilustrados no referente à questão agrícola e
suas relações de trabalho. Para Coutinho[33] a agricultura a ser
desenvolvida na colônia (ou colônias portuguesas) deveria se coadunar com os
interesses metropolitanos, ou seja, com o pensamento colonialista. A produção
agrícola colonial deveria atender às necessidades metropolitanas, sem prejuízo
para a metrópole, no tocante ao abastecimento e na geração de lucros comerciais[34] . Para atender tais objetivos o autor defendia o trabalho
escravo e colocava-se contra a imigração[35] .
Entre outros os autores, inspirados pelas idéias das Luzes,
que trataram da questão agrícola e suas vinculações com a mão-de-obra ao início
do século XIX, uns a favor da escravidão, outros do trabalho livre dos
imigrantes devemos mencionar num primeiro grupo, Muniz Barreto[36] , para quem o progresso poderia ser construído pelo
trabalho escravo na agricultura, que defendia sob o argumento do “direito
natural”. Tal colocação trás implícita o racismo ao fazer distinções entre os
homens e assinalar a degeneração de alguns “tipos” de homens[37] . Num segundo grupo, entre eles Vilhena[38] , Maciel da Costa[39] e José Bonifácio[40] , a visão é de que somente através do trabalho livre se
alcançaria o Progresso e poder-se-ia Civilizar o Brasil. Para
eles a escravidão era a responsável por todos os males que assolavam o país,
pois os negros seriam boçais e preguiçosos, imorais (prostituíam-se), ociosos
e dados a todos os vícios, e dessa forma corromperiam toda a sociedade.
Portanto, a solução estava na abolição da escravidão, e neste ponto há divergências
quanto à forma do seu estabelecimento: de forma gradual ou de uma só vez?
Divergências também no tocante ao destino dos ex-escravos: repatriamento para a
África ou a distribuição de terras (sesmarias), transformando-os em pequenos
produtores? Mas a abolição por si só não resolveria a questão fundamental, que
de maneira geral aparece diluída nos textos – o branqueamento da população.
Este só poderia ser alcançado pela imigração européia expressiva, através da
criação de núcleos coloniais.
Nesse ponto, os autores favoráveis à imigração concordam
que a vinda de imigrantes europeus permitiria valorizar o trabalho, povoar o
território através do estabelecimento de núcleos coloniais com propriedades de
um tamanho médio[41] pré-determinado. Os
imigrantes que não fossem agricultores poderiam ser dirigidos para as cidades e
desenvolver as Artes e Ofícios e colaborar, tanto uns quanto os outros,
para o progresso, a civilização e a moralidade do país. Tendo os autores
como referencial os padrões europeus, a população do Brasil deveria passar,
necessariamente, por um branqueamento[42] .
Há de se assinalar, ainda, que o estabelecimento de
colônias agrícolas formadas principalmente por imigrantes europeus, permitiria
mudanças na estrutura fundiária, com o estabelecimento de propriedades de porte
médio, e na produção, uma vez que estes agricultores teriam como base a
agricultura familiar e não se dedicariam aos mercado externo; atendendo,
destarte, às necessidades do mercado interno, por um lado e, por outro, a
emergência de um novo tipo de produtor rural, preenchendo uma lacuna na
estrutura de classes do país – pois assim como no campo, nas cidades, havia um
vazio no que tange às camadas médias da população. A imigração européia
possibilitaria uma mudança na estrutura social do país.
Nos escritos de Hyppolito da Costa no Correio Braziliense,
onde são enaltecidas as qualidades dos imigrantes, podemos ver a idéia de
branqueamento da população associada às mudanças agrícolas decorrentes de uma
imigração européia. Sob seu ponto de vista[43] , a imigração européia daria uma série de vantagens ao
Brasil, seja pelo aspecto do aprimoramento da agricultura, com a introdução de
novas espécies de plantas e pela adoção de modernas técnicas agrícolas, seja
pelo aprimoramento da “raça” através da introdução de europeus, de preferência
do Norte da Europa e da Alemanha, Holanda, Itália, Espanha e Irlanda. Além de
propiciar o branqueamento da população também traria o “aprimoramento moral”
tendo em vista sua “superioridade moral” em relação aos habitantes do país,
quase todos de origem não européia ou mestiça, isolados há três séculos. As
repercussões da imigração européia também seriam sentidas em outros ramos da
economia, como na indústria, praticamente inexistente na colônia[44] .
No Correio Braziliense de julho de 1818, critica o governo
português por não facilitar a instalação de colônias de europeus no Brasil,
fazendo com que estes prefiram imigrar para os Estados Unidos onde podem
adquirir terras, sujeitando-se antes aos rigores de um mau clima, com o
descanso do espírito, sem temor de arbitrariedades, do que viver no delicioso
país do Brasil (...)[45] . Entende, assim, que o governo português deveria propiciar
mecanismos de atração que permitiriam desviar o fluxo imigratório para o
Brasil. Em março de 1820, volta a tratar da Emigração para o Brasil[46] , onde critica a ausência de leis que estimulem a
imigração, ao contrário do que ocorria nos Estadas Unidos.
Hyppolito da Costa por diversas vezes se reporta ao tema
como forma de aumentar a população do Brasil, e ressalta a importância das
colônias formadas especialmente por suíços. Critica, porém, à falta de um
planejamento da imigração, que resultaria num desperdício de recursos dado o
número reduzido de indivíduos dispostos a vir para o Brasil, e a falta de
responsabilidade nos empregados nestes planos..[47].,
pois os enviados para as Cortes estrangeiras seriam homens réus do crime de
lesa-majestade e por tal condenados a morte em Portugal...[48] , sendo o plano de
emigração da Suíça já defeituoso na origem..[49]
. As críticas relacionadas aos gastos excessivos da Coroa, mais de 50.000
francos, com os empregados públicos, além do custo do transporte dos colonos[50] , tiveram como alvo a Colônia de Nova Friburgo no Rio de
Janeiro, e ao que parece ao principal agenciador dos colonos suíços, Sebastião
Nicolau Gachet[51] .
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·Mensagens dos Presidentes das
Províncias (1830-1930)
·Relatórios Ministeriais
(1821-1960)
[1] Este texto é uma versão modificada do Capítulo II da Tese de Doutoramento em História Econômica defendida na USP em outubro de 2003.
[2] Prof. Dr. do departamento de geografia da UFF. Contato : lschramm@terra.com.br
[3] Podem ser consultados através do site http://wwwcrl.uchicago.edu/info/brazil/pindex.htm.
[4] Relatório do Ministério das Relações Exteriores – 1832. p. 20-21.
[5] Relatório do Ministério dos Negócios do Império – 1834. p 25-27.
[6] Relatório Província da Bahia – 1842. p. 6-9.
[7] O fluxo migratório,
persistente durante o século XVII, intensificou-se no século XVIII com a
descoberta das minas, a ponto de poder ser considerado um movimento emigratório
[8] NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). p.301.
[9] O assentamento, em 1716, de famílias açorianas e portuguesas no Sul, o povoamento do Rio Grande de São Pedro, em 1720, a instalação de famílias açorianas na ilha do Desterro em Santa Catarina em 1748 e de casais açorianos no Pará em 1763 são exemplos. Mas tais colonos não podem ser considerados não-portugueses, pois vieram em sua maioria das possessões portuguesas do Atlântico, para as quais a política vigente da Coroa era manter um equilíbrio entre a população residente e o espaço, e promover de quando em vez um processo emigratório destinado a manter o equilíbrio demográfico desejado pela Corte.
[10] Na proporção de nove negros para um branco na cidade do Rio de Janeiro
[11] O Decreto de 25 de novembro de 1808, que permitia a posse de terras por estrangeiros, e o tratado de 1810, firmado entre Portugal e Inglaterra, no seu artigo 12o garantia aos súditos ingleses estabelecidos no Brasil a liberdade de culto, desde que as igrejas não tivessem forma exterior de templo, bem como a Carta Régia de 7 de março de 1810 onde D. João declara (...) pudessem os cultivadores do Brasil achar melhor consumo para seus produtos, e que daí resultasse o maior adiantamento na geral cultura e povoação deste vasto território do Brasil, que é o essencial modo de o fazer prosperar, e de muito superior ao sistema restrito e mercantil (...), sinalizam para uma política pró-imigração de não-portugueses.
[12] Porém, a abertura da colônia aos imigrantes não se fez sem contradições. Se por um lado o Príncipe Regente, D. João, admirava os intelectuais e artistas estrangeiros e incentivou sua vinda para o Brasil, ao mesmo tempo, em 1808, ordenava através do conde de Linhares, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra e Estrangeiros, ao Ouvidor Geral do Crime da Relação, Conselheiro Paulo Ferraz Vianna, o levantamento de todos os imigrantes residentes na Corte, onde deveria constar o nome, emprego e nação de origem. A seguir criou a Intendência de Polícia e ordenou a todos os Ouvidores de comarcas dos Estados do Brasil que fizessem o mesmo, confeccionando listas de estrangeiros, controlando a entrada de todos os estrangeiros nos portos em embarcações nacionais ou das demais nações. Devemos ressaltar que, tais preocupações também se dirigiam para os europeus oriundos de Portugal, ou seja, aos próprios portugueses natos.
[13] Entre outros aspectos o referido tratado tentou restringir às possessões portuguesas o tráfico de escravos.
[14] ROUVE, Agenor de. Política Econômica de D. João VI. p.685.
[15] Sobre o abastecimento de Salvador ver SILVA, Francisco Carlos Teixeira e LINHARES, Maria Yeda. História da agricultura brasileira. Combates e Controvérsias. p. 125 et seq.
[16] MAXWELL, Kenneth R. A Devassa da devassa: a Inconfidência Mineira, Brasil-Portugal, 1750-1808.
[17] SOUZA, Antonio Candido de Mello e. Letras e Idéias no Brasil Colonial. In HOLANDA, Sérgio Buarque (Org.) História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I. A Época Colonial. 2o vol. Administração, Economia, Sociedade.
[18] NOVAIS, Fernando. Op. cit.. p. 213 et passim.
[19] RIBEIRO, Gladys Sabina. A liberdade em construção: identidade nacional e conflitos antilusitanos no primeiro reinado. p. 153 et seq.
[20] NOVAIS, Fernando e ARRUDA, José Jobson Andrade. José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu, 1756-1835. Observações sobre a fraqueza da indústria e estabelecimento de fábricas no Brasil / por José da Silva Lisboa. Notas introdutórias.
[21] Formou-se inicialmente na Universidade de Coimbra e, posteriormente, em outras universidades européias como Edimburgo e Montpellier, uma elite intelectual composta por naturalistas, médicos, jornalistas, literatos, etc..., a qual contribuiu para divulgar o pensamento iluminista na colônia, em especial no período de D. Maria I e de D. João VI.
[22] SANTOS, Eugenio dos. O Brasil Pombalino na perspectiva iluminada de um estrangeirado. In TENGARRINHA, José (org.). A historiografia portuguesa, hoje. p. 147 et seq.
[23] Nota nossa.
[24] SANTOS. Op. cit. p. 147 et seq.
[25] Op. cit. p. 140.
[26] Ibidem p. 156.
[27] Ibidem p. 157-158.
[28] Idem.
[29] Nota nossa.
[30] Op. cit. p. 157.
[31] Op.cit. p. 162.
[32] Pombal instruiu Gomes Freire a captar povoadores para esta vasta região, tanto europeus, como americanos, índios e outros e a incentivar a união dos brancos com índias, declarando que os filhos de tais uniões seriam considerados como nascidos no Reino e, portanto, hábeis para ofícios, honras, cargos públicos. (SANTOS: p. 163)
[33] Novais considera Coutinho um teórico do colonialismo ilustrado. NOVAIS. Op. cit. p. 230 et seq
[34] Ibidem, p. 230.
[35] COUTINHO, J. J. da Cunha Azeredo. Ensaio Econômico sobre o Comércio de Portugal e suas Colônias. In Obras econômicas. p. 58-172.
[36] COSTA, João Severiano Maciel. Memória sobre a Necessidade de Abolir a introdução dos Escravos Africanos no Brasil, Sobre o Modo e Condições com que Esta Abolição se deve Fazer e Sobre os Meios de Remediar a Falta de Braços que Ela Pode Ocasionar. In: Memórias sobre a Escravidão.
[37] Sob as idéias das Luzes o
europeu-branco é visto como sendo o homem civilizado, responsável pelo
domínio da natureza – o Progresso. Como seu antinômico, o selvagem
ou o bárbaro, regra geral o africano, aquele ao qual a natureza domina,
sobretudo o clima. Tais idéias evoluiriam ao longo do século XIX apoiadas,
sobretudo na biologia, permitindo o aparecimento de doutrinas como, por
exemplo, o determinismo geográfico de Friedrich Ratzel, que
justificariam toda uma série de ações calcadas no cientificismo da
doutrina racista. No que possa interessar no âmbito das nossas questões, tais
idéias vão embasar os dois lados contrários no referente às relações de
trabalho.
[38] Vilhena enfatiza o trabalho livre e a imigração como soluções para a questão da mão-de-obra e, paralelamente, do povoamento. Os imigrantes, de preferência ilhéus portugueses, bem como gente ociosa, povoariam o campo e gerariam riqueza que nesse sentido deve ser entendida como pública, geração de lucros para a metrópole. VILHENA, Luís dos Santos. Recopilação de notícias Soteropolitanas e Brasílicas contidas em XX cartas.
[39] COSTA. Op. cit..
[40] SILVA, Ana Rosa Cloclet da. Construção
da nação no pensamento de José Bonifácio: 1783 – 1823. p. 188 et seq.
[41] O tamanho médio das terras
a serem ocupadas pelos imigrantes deveria ser de um quarto de légua quadrado.
No Plano para o estabelecimento de Colonia Européia no Brazil – offerecido por
Pedro Machado de Miranda Malheiros ao Imperador em 24 de abril de 1826, consta
no seu artigo 5o o tamanho das propriedades a ser oferecidas aos
colonos. A.N. Ministério do Império. Códice 829.01. Doc. 31.
[42] Dentro deste quadro a idéia de progresso remete à questão do ócio e preguiça dos escravos versus a virtude do trabalho dos europeus, a civilização do branco europeu em contraste com os boçais africanos, a moral e a religiosidade dos brancos em oposição aos vícios e a imoralidade dos negros
[43] (...) não se pode deixar de conhecer-se quão importante seria ao Brasil o favorecer a imigração de agricultores instruídos de diferentes partes da Europa que soubessem escolher os terrenos para as diversas plantas e as plantas que convém aos terrenos de várias qualidades, que existem na vasta extensão daquele território, aonde há chãos e climas de incalculável variedade. MENDONÇA, Hyppolito J. da Costa P. F. de. Observações sobre o estado da organização e população do Brasil. Correio Braziliense, Vol. VI, p. 228-240, maio de 1811. In SOBRINHO, Barbosa Lima (Org.). Antologia do Correio Brasiliense. p. 62.
[44] Cabe assinalar que Hyppolito da Costa não faz referência ao pacto colonial, por entender que a quase ausência de indústrias na colônia decorreria de um fator humano e não das relações político-econômicas da metrópole-colônia.
[45] Op. cit. Emigração para o Brasil (Arbitrariedade dos governos, obstáculos à imigração. O programa de terras do Estados Unidos). Vol. XXI. P. 216-218. Apud SOBRINHO, p. 200.
[46] Op. cit. Emigração para o
Brasil (Necessidade de leis gerais que proporcionem garantias aos imigrantes).
Vol. XXI, p. 281-286. Apud SOBRINHO, p. 257 et seq.
[47] Ibidem. p. 259.
[48] Idem
[49] Ibidem, p. 260.
[50] Ibidem, p. 257
[51] Não nos alongaremos nessa questão, tratada por vários autores e tema do trabalho de ERTHAL, Rui. A dispersão dos imigrantes suíços e alemães da área colonial de Nova Friburgo – uma abordagem geográfica. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ, 2000; Entre outras obras que se referem a colonização de Nova Friburgo, temos: LEMOS, Juvêncio Saldanha. Os mercenários do Imperador: a primeira corrente imigratória alemã no Brasil, 1824 – 1830; SEYFERTH, Giralda. A imigração alemã no Rio de Janeiro. In GOMES, Ângela de Castro (org.). Histórias de imigrantes e de imigração no Rio de Janeiro. p. 11 et passim.