Revista geo-paisagem ( on line )

 

Ano  2, nº 3, 2003

 

Janeiro/Junho de 2003

 

ISSN Nº 1677-650 X

 

 

Congressos Brasileiros de Geografia

Helio de Araujo Evangelista[1]

Resumo

            O presente trabalho apresenta uma visão geral dos Congressos Brasileiros de Geografia promovidos pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX  . Este trabalho visa registrar uma memória que tende a se perder!

Palavras-chaves: Geografia, Congressos, Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro

 

Abstract

            This paper presents a general review on the Geographic Brazilian Congress promoted by Rio de Janeiro Society’s Geography. This work try to preserve what can be lost.

Keywords : Geography, Congress, Rio de Janeiro Society’s Geography

 

Apresentação

Há um notório contraste entre o que representou à época a realização dos congressos brasileiros de geografia promovidos pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro ( SGRJ ) e o que resta de sua memória nos acervos disponíveis sobre os mesmos. [2]

Os congressos aglutinaram diferentes pessoas, dos mais diversos cargos, a começar pela própria presidência da república brasileira, e, no entanto, pouco nos ficou deste período, é como se estes congressos não tivessem existido. A luta para se obter informações sobre os congressos é literalmente titânica.

Um acervo precioso, mas que não está aberto ao acesso público, é o da própria Sociedade Brasileira de Geografia ( ex- SGRJ ) que se encontra aos cuidados da Universidade Candido Mendes.

Afora este recurso, tínhamos a Biblioteca Nacional ( onde pouco pôde ser encontrado ), o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, onde tivemos nossas melhores informações, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no qual há um material bem conservado que não pode ser pesquisado à época devido à greve dos funcionários à época da pesquisa.

Neste sentido, o que segue abaixo resgata parte da memória de uma produção que se mostrou fundamental para se ter uma idéia do tamanho e da diversidade do Brasil; neste sentido recorremos a extensas citações obtidas nos documentos coletados, preservando-se a grafia utilizada à época. 

 

Relação dos congressos realizados

 

1º Congresso Brasileiro de Geografia,

Local: Rio de Janeiro,

Período:  7 a 16 de setembro de 1909

Características: ( abaixo )

 

Os Annaes do Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia podem ser encontrados, de modo parcial, de acordo com pesquisa na Internet junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro, nas bibliotecas do Programa de Pós-Graduação em Geografia desta universidade; assim como, à do Museu Nacional, que devido à greve dos funcionários durante o nosso período de pesquisa nos foi difícil consultá-los.

 

Presidente Almirante Arthur Jacegnay

1º Secretário Dr. José Américo dos Santos

2º Secretário Dr. João Francisco de Novaes Paes Barreto

Dr. Manoel Curvello de Mendonça

Dr. João P. Cardoso.

 

No material encontrado no IBGE, constam trabalhos da 4ª comissão sobre Hydrographia, potamographia e limnologia. 5ª Commissão – Oceanographia, Corrente Marinha; 6ª Comissão sobre meteorologia, climatologia, magnetismo ( trabalhos tipo – carta magnética de SP, variação da declinação magnética em SP , As variações de temperatura em São Paulo; Influência das mattas sobre o clima; O regime das chuvas em S. P).

 

 

2º Congresso Brasileiro de Geografia

Local: Curitiba

Período: 1911

Característica: pouco material encontrado no IHGB

 

 

3º Congresso Brasileiro de Geografia

Sem informações

 

 

4º Congresso Brasileiro de Geografia

Local: Recife

Período: 7 a 17 de setembro de 1915

Característica: Edição da Imprensa Oficial . Há no IBGE

 

 

5º Congresso Brasileiro de Geografia

Local:  Salvador,

Período: 7 a 16 de setembro de 1916 .

Características:  sem informações

 

Há exemplares no Museu Nacional.

 

 

6º Congresso Brasileiro de Geografia

Local: Belo Horizonte

Período: 1919

 

 

7º Congresso Brasileiro de Geografia

Local:  Parahyba, Estado da Parahyba do Norte.

Período: 1 a 10 de outubro de 1921.

Características:

 

Em publicação colhida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (código de identificação – 193,5,2 nº 17 e que atende pelo título Sétimo Congresso Brasileiro de Geografia ) consta a comissão organizadora, assim como o regulamento. Na comissão percebe-se pequena expressão das pessoas envolvidas, no sentido que não contava com pessoas com altos cargos ( mas nos chamou a atenção a presença de pessoas religiosas ).

 

No regulamento, p. sete, consta, por exemplo:

 

Art. 1º - O Sétimo Congresso Brasileiro de Geographia realizar-se-á na cidade da Parahyba do Norte, de 1º a 10 de outubro de 1921, sob os auspícios do governo do Estado e do Instituto Histórico e Geographico Parahybano.

Art. 2º - O Congresso, como os anteriores, tem por fim: 1 ) Colher e apreciar quaesquer contribuições inéditas, como memórias, mappas, outros trabalhos ou informações tendentes a augmentar e desenvolver o conhecimento, nos seus diversos ramos, da geographia do Brasil; 2 ) organizar uma exposição de obras, mappas, photographias, telas e apparelhos geographicos sobre o Brasil, quer nacionais quer extrangeiros.

Art. 3º - A uma commissão organizadora, eleita pelo Instituto, incumbirá promover todos os meios condizentes ao bom êxito do Congresso constituindo-se o centro director deste e extendendo as suas attribuições até á conclusão final e publicação dos trabalhos do mesmo.

 

P. 8

Art.4º - Essa commissão será auxiliada por outra de technicos, também eleita pelo Instituto, e cujos membros em suas diversas especialidades deverão suggerir os pedidos de informações e questionários, que pela commissão organizadora deverão ser dirigidos ás auctoridades e particulares, e bem assim os assumptos de trabalhos, que pessoas competentes, indicadas também pela commissão technica, deverão ser convidadas a apresentar ao Congresso.

Art. 5º - A commissão organizadora se esforçará por obter, com a brevidade possível, informações, relatos officiaes, estatísticas, não só para serem offerecidos ao Congresso, como para habilitarem a mesma commissão a satisfazer pedidos de informações dirigidos por pessoas, inscriptas para o Congresso, que a este pretendam apresentar trabalhos.

Art. 6º - Os trabalhos e informes destinados ao Congresso, e os objectos que o forem á Exposição, deverão ser dirigidos ao secretario geral da commissão organizadora, até o dia 31 de agosto de 1921, devendo aquelles, á medida que se apresentarem, ser publicados em boletim especial, dirigido pela commissão organizadora.

Parágrafo Único – A’s pessoas inscriptas para o Congresso, que tiverem pago a taxa de que trata o art. 15, serão logo remettidos o referido boletim e os annaes.

P. 9

Art. 7º- A commissão organizadora se esforçará por que seja decretada, pelos poderes públicos, a concessão de prêmios e medalhas ás monographias, geraes ou municipaes, que forem approvadas pelo Congresso.

Art. 8º- Fica o Congresso dividido em seis secções assim distribuídas:

I – Geographia mathematica – (Geoplanetographia, Noções topographicas e geodesicas. Cartographia ).

II – Geographia physica – (Geomorphographia, Orograhia, Hydrographia terrestre, Potamographia, Oceanographia, Nesographia, Acrographia, Climatographia, Geographia medica).

III-Bigeographia ( Phytogeographia e zogeographia).

IV- Anthropogeographia ou geographia humana. (Etnographia, Geographia política e social. Geographia econômica, agrícola, industrial e commercial, Geographia militar, Geographia histórica).

V-Ensino da geographia, regras e nomenclatura

VI –Monographias descritivas regionaes.

 

P. 11

 

Art. 14º - A inscripção no respectivo Boletim [3] e o pagamento da quota estipulada no art. 15º são condições esssenciaes para a participação no Congresso e goso das suas regalizas, devendo esse pagamento effectuar-se até o dia 31 de agosto de 1921.

Parágrafo Único – Serão adherentes de direito e isentos de pagamento os membros da commissão technica.

Art. 15º - A quota de adhesão será de 10$000 para cada congressista; de 20$000 para as representações dos Institutos, sociedade, empresas; de 100$000 para as das municipalidades; de 200$000 para as das assembléas legislativas, governos e altas administrações da União e dos Estados, distribuindo-se cartões de congressistas, nominativos e estrictamente pessoaes, aos que effectuarem taes pagamentos.

Art. 16º - Serão considerados membros protectores do Congresso as pessoas ou instituições que contribuírem com uma quota superior a 200$000.

 

P. 12

 

Art. 19º - A commissão organizadora envidará esforços para que seja cunhada uma medalha commemorativa do 7º Congresso Brasileiro de Geographia, que será distribuída a todos os congressitas.

 

Em outra publicação que atende pelo título de 7º Congresso Brasileiro de Geografia e colhida também no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, código 200, 8, 1 n. 25, consta a composição da comissão organizadora do evento. Assim caracterizada:

 

( pág. 3 ) PRESIDENTE HONORÁRIO [4]

O exmo. sr. Dr. Francisco Camillo de Hollanda.

 

 

 

8º Congresso Brasileiro de Geografia

Sem informações específicas sobre o mesmo.

 

9º Congresso Brasileiro de Geografia

Local: Florianópolis.

Período: 7 a 16 de setembro de 1940.

Característica [5] :

 

 

Na Revista Brasileira de Geografia - RBG, v.3,n.1,jan/mar 1941 p. 146, intitulada - Ecos do IX Congresso foi abordada a  larga repercussão do encontro.  “Sua larga repercussão em todos os setores da atividade brasileira diz bem do enciclopedismo da Geografia moderna, sob cujos princípios básicos foram orientados os trabalhos do IX Congresso Brasileiro de Geografia. ...( patrocinado pelo IBGE ) Resolução nº 70, de 4 de novembro de 1940, do Conselho Nacional de Geografia Exprime regozijos e congratulações pelo admirável êxito do IX Congresso Brasileiro de Geografia”.

Para a realização do  Congresso ocorreram os préstimos da Sociedade de Geografia do RJ e a decisiva atuação do Ministro Bernardino José de Sousa que presidiu o Congresso Brasileiro de Geografia.

Ainda segundo a mesma matéria da revista utilizada, no “Art.4º - Fica consignado um caloroso aplauso à Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro pelo pronto atendimento à recomendação aprovada pelo certame de Florianópolis, no sentido de constituir-se a Comissão Organizadora do X Congresso Brasileiro de Geografia, a realizar-se em 1943 em Belém, Capital do Estado do Pará.” [6]

 

Já na p. 147 sobre os anais do congresso, temos: 

...será perpetuada nos volumes dos seus “Anais”, que constituirão, dentro em breve, magnífico repositório de dados recentes e valiosas informações geográficas sobre o território pátrio, contidos nas dezenas de memórias, teses e monografias apresentadas ao IX Congresso e aprovadas após julgamento das suas Comissões Técnicas especializadas.

 

A divulgação destas valiosas contribuições é uma necessidade que se impõe. Versando sobre os mais variados aspectos da Geografia do Brasil elas são os frutos de inteligentes observações dos fenômenos, quer em pacientes trabalhos de campo quer em acurados estudos de gabinete.

 

É da sua publicação que a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro cogita no presente momento, com a colaboração do Conselho Nacional de Geografia, que aceitou daquela veneranda entidade o encargo de publicar os “Anais do IX Congresso Brasileiro de Geografia”.

 

Resolução nº 72, de 4 de novembro de 1940 . Dispõe sobre a publicação dos Anais do IX Congresso Brasileiro de Geografia.

 

Considerando que, nos termos do art. 10 da Resolução nº 42, de 7 de julho de 1939, da Assembléia Geral, ficou estabelecido que o Conselho colaboraria, dentro das suas possibilidades orçamentárias, na impressão dos trabalhos aprovados pelo IX Congresso Brasileiro de Geografia, de acordo com o que a respeito fosse solicitado pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro;

 

Considerando a proposta que, na reunião de hoje, perante o Diretório, em honrosa visita, formulou o eminente Ministro Bernardino José de Sousa, vice-presidente da Sociedade e presidente do Congresso e da sua Comissão Organizadora, no sentido do Conselho encarregar-se da publicação dos Anais do IX Congresso Brasileiro de Geografia, em virtude do saldo dos recursos angariados para o certame não ser suficiente para as despesas da sua impressão;

( Obs: os anais serão impressos pelo serviço gráfico do IBGE ).

 

p. 149 O interesse pelo estudo da Geografia do Brasil despertado pelo IX Congresso Brasileiro de Geografia no nosso meio cultural exige o prosseguimento da realização de reuniões geográficas periódicas no país.

 

Atendendo a este imperativo a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro está, desde já, providenciando para a organização do X Congresso Brasileiro de Geografia que, por deliberação do plenário do último certame, em Florianópolis, deverá realizar-se em 1943, na cidade de Belém, Capital do Estado do Pará. [7]

 

            Na revista Brasileira de Geografia, RBG, vol. 3, nº 3, julho/setembro de 1941, pp. 651-666, consta a extensão dos trabalhos que foram aprovados pelas comissões técnicas julgadoras. Chama a atenção pela diversidade de temas ( Geografia Matemática ( cartografia ); Geografia Física; Biogeografia ( Geografia Botânica e Zoológica); Geografia Humana; Geografia Econômica; Explorações Geográficas e Geografia Histórica; Metodologia Geográfica, Regras e Nomenclaturas, etc.

Com diversos autores, de diferentes cargos, incluindo aí as de patente militar.[8]

 

10º Congresso Brasileiro de Geografia

Local:  Belém

Período: 1943

Característica: Não foi realizado

 

Em material encontrado no IHGB consta sobre o Décimo Congresso Brasileiro de Geografia o documento – Instruções para a adesão e apresentação de trabalhos ao Décimo Congresso Brasileiro de Geografia, Rio de Janeiro, 1942 .( código do material no IHGB - 193,4,4 nº 22 )

 

O Décimo Congresso Brasileiro de Geografia promovido pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro realizar-se-á de 7 a 16 de setembro de 1943, em Belém, capital do Estado do Pará, sob a presidência de honra de sua Excelência o Senhor Doutor Getúlio Vargas e alto patrocínio do Ministério da Educação e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [9]

 

 

 

INSTRUÇÕES PARA A APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS AO DÉCIMO CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA.

 

As teses ou outros trabalhos que forem apresentados ao Congresso deverão ser absolutamente inéditos e versar com propriedade específica sobre temas que se enquadrem dentro das matérias previstas na organização das 10 Comissões Técnicas do Congresso. [10]

 

Os trabalhos deverão ser enviados pelos menos em dois exemplares, dactilografados ou escritos em caligrafia perfeitamente legível, não podendo exceder a 100 ( cem ) laudas...

 

Será motivo de recusa de qualquer trabalho o fato de nele serem tratados, ainda que leve ou indiretamente, assuntos de política interna ou internacional, questões religiosas, sociais e outras, que possam suscitar polêmicas ou controvérsias e provocar suscetibilidades inconvenientes às altas finalidades dos Congressos Brasileiros de Geografia.

 

REGULAMENTO DO DÉCIMO CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, Rio de Janeiro, 1941,( código do documento no IHGB - 205,4,4 nº 11 )

 

Art. 25 Parágrafo 3º - Os pareceres deverão concluir por uma das seguintes fórmulas:

a ) – Sou de parecer que a Comissão recomende a publicação integral deste trabalho ( tese ou memória ) nos Anais do Congresso e que se lhe confira um voto de louvor.

b ) Sou de parecer que a Comissão recomende a sua publicação integral nos Anais do Congresso.

c ) Sou de parecer que a Comissão recomende a sua publicação nos Anais do Congresso, com as adaptações que a Comissão dos Anais julgar convenientes.

d ) Sou de parecer que a Comissão recomende a sua inclusão na lista dos trabalhos apresentados ao Congresso.

 

Parágrafo 4º - Os pareceres poderão conter ainda indicações e recomendações no sentido de ser o assunto ou algum ponto da tese, memória ou trabalho levado à consideração dos Órgãos governamentais ou de Instituições culturais, indicações e recomendações essas que, sendo adotadas pelo Congresso, figurarão nos Anais, em lugar de destaque, na parte relativa às Recomendações.

 

10º Congresso Brasileiro de Geografia

 

Local:  Rio de Janeiro

Período:  7 a 16 de setembro de 1944

Característica: Com a não realização no Pará, ele foi promovido no Rio de Janeiro.

 

PROGRAMA-CALENDÁRIO do X Congresso Brasileiro de Geografia, Rio de Janeiro,1944 ( código do documento encontrado no IHGB - 205, 4,5 nº 15 )

 

 

O DÉCIMO CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, promovido pela SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DO RIO DE JANEIRO, reunir-se-á na CAPITAL DA REPÚBLICA, DE 7 A 16 DE SETEMBRO DE 1944, sob a presidência de honra de sua Excelência o Senhor DOUTOR GETÚLIO VARGAS e alto patrocínio DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL E INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. [11] Segue em anexo ( nº 1 ) toda a programação do encontro.

 

 

 

Os congressos numa perspectiva sintética

 

            Em documento colhido no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro intitulado - Reminiscências e Impressões 5º Congresso Brazileiro de Geographia pelo delegado do Instituto Histórico e Geographico de Sergipe” e seu 1º Secretário Luiz José da Costa Filho ( Lidas em sessão extraordinária do mesmo “instituto”, em 24 de Setembro de 1916 ), consta o mais completo resgate da evolução dos congressos, que embora longo cabe ser aqui reproduzido, pois nos possibilita resgatar um pouco a ambiência em torno do qual ocorriam os congressos.  [12]

 

P. 3     Venho eu ao varandin desta tribuna, que tantas vezes entrado em penunbra tem, com  a falta de luz e a mingua de claridade da minha obscura voz, para especialmente e só relatar-vos as minhas impressões e dizer-vos os meus labores referentes ao 5º Congresso Brazileiro de Geographia, pouco há reunido com raro fulgor na velha, famosa e distinguida cidade do Salvador, capital do Estado da Bahia, primaz e a mais celebrada entre as suas irmãs do Brazil, sinão dentre todas as cidades das Américas do Sul e Central, pois que de suas virentas e rochosas encostas, do seu mássico granítico osculado pelas vagas do Atlântico, foi que se derramou a seiva e irradiou a alvorada da civilização da América hespanhola e portugueza.

 

P. 4     Não sei como agradecer a este Instituto, que eu tanto amo, a esta benemérita sociedade scientifica, cuja prosperidade e fortuna preoccupam-me tanto, quanto a dos meus filhos, a honraria com que houve por bom investir-me, constituindo-me seu delegado no brilhante seio da grande reunião de doutos e de estudiosos, que foi esse recente e esplendido Congresso de Geographia, organizado com irreprehensivel gosto e felicíssima orientação, pelo esperito infatigável, formoso e culto, de Bernardino José de Souza.

 

A maior parcella de responsabilidade no desluzido e parco papel, que representei naquella notável assembléa de legisladores da sciencia geographica, cabe, bem eu o sei, ao meu honrado e eminente amigo desembargador Caldas Barretto, nobre e valorosa columna, que sustenta a cupola deste templo; nobre e generosa alma que alimenta o santo lume deste sacrário.

 

Foi elle, o laborioso e intelligente director dos preciosos trabalhos desta casa, quem vos inspirou, meus distinctos confrades, o voto unânime com que me elegestes delegado do vosso pensamento e representante dos vossos ideaes patrióticos, perante o 5º Congressode Geographia”.

 

Como vos eu poderei significar a sinceridade do meu agradecimento ?

 

Certo, continundo a trabalhar comvosco e com o maior afinco,  e com a mais intensa dedicação aqui, sob este tecto, dentro desta casa forte onde recolhemos carinhosamente o oiro e a prata das nossas tradicções históricas, thesouro de maior realce e cabedal de melhor valia, que podemos legar aos nossos filhos para orgulho delles, fama de Sergipe e gloria do Brazil.

 

O Congresso que se conta no numero cinco dos de Geographia effectuados sob o céo do Cruzeiro, afirmam as pessoas que os quatro outros assistiram, foi o mais concorrido, o melhor organisado, o mais pomposo e aquelle em que maior número de memórias foi discutido e julgado.

 

Todos vós, que fazeis o sacrifício de ouvir me, tão seguros quanto eu estaes da origem e da historia dos Congressos de Geographia na terra brazilica. Mal não farei, porém, repetindo-vos agora, que ( p. 5 ) o gérmen de cuja gemma elles brotaram, foi a sessão da Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro, realisada aos 27 de 1908, na qual, depois de lida e discutida, approvou-se a indicação seguinte:

 

“Indico que a Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro, na conformidade do nº 1 do artigo 2º dos seus Estatutos, promova a organisação, nesta capital, de um Congresso Brazileiro de Geographia, que reunir-se-á a 7 de Setembro de 1909, funcionando, dez dias.

 

A’ mesa fica competindo, desde já, a incumbência da nomeação da Commissão de Organisação composta de nove membros, que confeccionará, dentro de trinta dias, o Regulamento do Primeiro Congresso Brazileiro de Geographia, que será distribuído com os boletins de inscripção. A mesa directora dos trabalhos da Sociedade fica, desde já, autorisada a entender-se com o Governo Federal, com os Governos dos Estados, com as Municipalidades e instituições scientificas do Brazil para que se façam representar no alludio Congresso. São considerados presidentes honorários os exmos srs Presidente da Republica, ministros do Interior, Viação e Obras Publicas, Barão do Rio Branco ( Presidente do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro ), Marquex de Paranaguá, ( Presidente da Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro ) e Prefeito do Districto Federal. Sala das Sessões, 27 de Agosto de 1916. ( ass. ) José Arthur Boiteux.

 

            Segue em anexo ( nº 2 ) , um extenso relato sobre os primeiros congressos promovidos pela SGRJ.

 

 

Num outro documento encontrado no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, intitulado - PROGRAMA-CALENDÁRIO do X Congresso Brasileiro de Geografia, Rio de Janeiro,1944 ( código do documento encontrado no IHGB - 205, 4,5 nº 15 ), consta que em 27 de agosto de 1908 a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, por proposta do seu Secretário Dr. José Arthur Boiteux, deliberou a realização de Congressos Brasileiros de Geografia, iniciando a série em 7 de Setembro de 1909.  Segundo este material, elaboramos o resumo abaixo na forma de um quadro dos congressos promovidos pela Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.

 

Congressos

Ano

1909

1910

1911

1915

1916

1919

1922

1926

Local

RJ

São Paulo

Curitiba

PR

Recife

PE

Salvador

BA

Belo Horizonte

MG

Paraíba

PB[13]

Vitória

ES

Presidente

Marquês do Paranaguá

...

Dr. Jayme Dormund dos Reis

Dr. Pedro Celso Uchoa Cavalcanti

Dr. Theodoro

Sampaio[14]

Gen.

Thaumaturgo de Azevedo

Dr. Diogo de Vasconcelos

Gen. Cândido Mariano da Silva Rondon

Adesões

557

348

366

213

1.057

464

94

225

Trabalhos apresentados

108

79

79

48

111

69

26

55

Exposição cartográfica

231 mapas

...

...

...

104

...

...

...

Anais

12 vols.

1.494 pgs.

...

...

4 vols.

543 pgs.

2 vols.

1.877 pgs.

1 vol.

251 pgs.

1 vol.

 

 

Causas independentes da vontade de seus promotores determinaram o adiamento da realização do Nono Congresso.

            Em 1939, porém, a SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DO RIO DE JANEIRO e o INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA deliberaram reiniciar a série dos Congressos Brasileiros de Geografia, mantendo o seu caráter migratório, de realizações trienais, intercaladamente no Norte, Centro e Sul do país.

            As Resoluções nº 42, de 7 de julho, e nº 48 de 30 de outubro de 1939, do CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA e a Deliberação de 14 de Agosto do mesmo ano da SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DO RIO DE JANEIRO, promoveram a realização do NONO CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA, depois de 16 anos de interrupção.

 

9º Congresso Brasileiro de Geografia

 

Florianópolis ( Santa Catarina )

Presidente: Ministro Bernardino José de Souza. [15]

Realização: 7 a 16 de Setembro de 1940

Adesões: 2137

Trabalhos apresentados: 215

Anais: já foram publicados quatro volumes.

 

 

O 10º  Congresso Brasileiro de Geografia devia realizar-se em Belém do Pará, de 7 a 16 de Setembro de 1943.

            As dificuldades de transporte e outras determinadas pelos acontecimentos mundiais e pela entrada do Brasil na guerra levaram a Comissão Organizadora Central e o Interventor Federal no Estado do Pará e deliberaram, primeiramente, adiar a realização do X Congresso por um ano, e, posteriormente, a convocá-lo para a Capital Federal, a fim de evitar que se rompesse o ritmo de suas reuniões e perdessem atualidade os trabalhos já apresentados.

 

Avaliação à guisa de conclusão

 

 

Havendo uma notória falta de informações sobre os congressos[16], os que podemos encontrar no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro ( IHGB ) apresentam um conteúdo formal, acreditamos, para quem queira aprofundar o tema, empreender esforços no sentido de ter acesso ao acervo da Sociedade Brasileira de Geografia que se encontra vedado ao público[17] , assim como, relacionar o material passível de ser encontrado no IHGB e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE )  com material jornalístico ( por exemplo, edições do Jornal do Comércio ) de modo a destacar a vivacidade do acontecimento de se promover os congressos que tudo nos indica merecer grande destaque à época pela sociedade.

Apenas a título de se destacar este último aspecto, o Primeiro Congresso Brasileiro de Geografia, realizado no Rio de Janeiro em 1909, compreendeu diferentes iniciativas atraindo diferentes autoridades e utilizando diferentes equipamentos da cidade, tais como, prédio do IHGB, Jockey Club, prédio do Ministério da Educação, etc.

Percebe-se na leitura do material disponível que por onde o congresso realizado, os melhores talentos em nível de governo ( estadual e federal ) encontrados na sede do encontro, eram instados a participar do evento. Chama a atenção a presença eclética de diferentes estrangeiros, elementos da civil e das forças armadas.

No entanto, nota-se um certo caráter informal das organizações dos eventos, ou seja, o que propicia a realização dos encontros, antes da participação do IBGE, é a constituição de redes de relações que através de suas respectivas influências vão obtendo local, material, meios de transporte, etc. Não havendo, no entanto, qualquer continuidade entre uma equipe e outra em termos de promoção do evento. Cada estado tinha uma seção própria, e era esta quem de fato possibilitava a realização do encontro.

Não podemos afirmar que os encontros promovidos pela SGRJ obedecessem a características acadêmicas. Não havia a hegemonia de uma ambiência propriamente cultural/acadêmica; esta, quando ocorria, era imediatamente perpassada pela questão política.  A rigor, os trabalhos, não raro frutos de esforços individuais, serviam no ato de sua divulgação numa tomada de consciência das características do país.

Os trabalhos eram um ingrediente importante dos congressos, mas a dinâmica destes não se resumia a eles, havia todo um ritual social, de chancela a poderes que fica à mostra. Os trabalhos, quando apresentados ao longo de todo dia, consumiam cerca de cinco horas ao todo.

            Outro aspecto que não podemos desconhecer, por exemplo, os congressos serviam como verdadeiras chances para que políticos, no intuito de saudar a realização do encontro, até governadores, incluindo deputados, se apresentavam e procuravam com esmero causar admiração aos visitantes de outros estados, e países; assim como, para aqueles ainda pouco conhecidos, a participação das mesas de apresentação do evento facultava a chance de explorar os dons de sua oratória de modo a chamar para si maior atenção.

Cabe destacar na realização dos congressos pela SGRJ que não havia rádio, só foi disseminado na década de 30 a partir dos notórios esforços de Roquete Pinto que transferiu sua  rádio para o governo federal ( originando a atual rádio MEC ), assim, o púlpito, a sacada para o discurso despertava notória atração entre as personalidades da época. Dá até para imaginar um caráter teatral nestas apresentações, e suas respectivas réplicas e tréplicas.

Nos parece que os envolvimentos com os congressos angariavam notabilidade aos seus responsáveis, e provavelmente com isto um meio para deslancharem carreiras.

Destacado este ponto, não se quer desconhecer a propriedade dos temas tratados pelos congressos. Não poucos importantes foram os temas tratados pelos congressos, a começar pela candente questão dos limites interestaduais que estavam a merecer decisões que afetavam a convivência entre os estados. Os conflitos entre Paraná e Santa Catarina, Ceará e Piauí, Sergipe e Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, etc. geravam sérias preocupações á época. [18]

            Em termos conclusivos podemos registrar que as iniciativas da SGRJ foram emuladas pela proximidade do centenário da Independência do país. Tal observação decorre da tendência de se realizar os congressos durante a semana da pátria, sendo o dia inaugural coincidindo com o dia da declaração da Independência do Brasil; assim como, comemorado o centenário, a SGRJ praticamente deixa de promover os congressos, após 1922 só ocorreu mais um outro promovido exclusivamente pela SGRJ, o de Vitória em 1926; depois disto entrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) promovendo os encontros.

            De um certo modo, do que podemos notar nos encontros promovidos pelo IBGE até meados da década de 70, período a partir do qual vão tomar vulto os encontros promovidos pela Associação de Geógrafos Brasileiros sem o patrocínio do IBGE, os encontros mantinham uma certa semelhança de estrutura organizacional herdada da antiga SGRJ. [19] Eram sessões pautadas em temas de importância voltados como subsídio para ações de governo, assim como, com participação reduzida em termos daqueles que apresentavam trabalhos, pois havia toda uma tramitação de julgamento dos trabalhos, de modo que os publicados tinham passados por mesas julgadoras.

Parece-nos que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, associado ao Conselho Nacional de Geografia, alteraram profundamente a produção da geografia brasileira.  A SGRJ comparada a estas duas entidades tinha um caráter heróico, pois as iniciativas dependiam dos sucessos de seus membros em chamar a atenção da sociedade para os temas que procuravam discutir, neste sentido tiveram pleno sucesso, pois além de um intenso trabalho de divulgação veio a atingir diferentes partes do país. Mas de qualquer forma, não parece ter ocorrido uma ruptura entre as entidades destacadas, mas sim uma solução de continuidade, de um certo modo, o IBGE passou a melhor popularizar sua imagem enquanto produtora de conhecimento a partir da realização dos congressos de geografia iniciados pela SGRJ, que durante os anos 40, com uma alteração de seus estatutos,  passou a ser chamada Sociedade Brasileira de Geografia ( como é conhecida até os dias de hoje ).

 

 

Fontes de consulta

 

Anais

 

Annaes do 1º Congresso Brazileiro de Geographia, realizado na cidade do Rio de Janeiro, de 7-16 de setembro de 1909. Volume II, III, IV, V, VI, VII.Publicados por diferentes tipografias da época, 1910. Consultamos os volumes mencionados  na biblioteca central do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pela Internet, no site da UFRJ consta que o PGG de Geografia da UFRJ dispõe dos volumes 8 ao 12 em um único volume; e pela mesma fonte o Museu Nacional dispõe dos volumes 1 ao 8 num único volume.

 

Annaes do 4º Congresso Brazileiro de Geographia, realizado na cidade de Recife, estado de Pernambuco, de 7-16 de setembro de 1915. Volume I. Publicados pela Imprensa Official do Estado, 1916. Consultamos o Vol. I na biblioteca central do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

 

Annaes do 5º Congresso Brazileiro de Geographia, realizado na cidade de Salvador, estado da Bahia, de 7-16 de setembro de 1916. Volume II.Publicados sob a direção do secretário geral do mesmo congresso, professor Dr. Bernardino José de Souza. Bahia, Imprensa Official do Estado, 1916-1918. Consultamos o Vol. I na biblioteca central do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pela Internet, no site da UFRJ consta que o Museu Nacional dispõe dos anais.

 

Anais do 9º Congresso Brasileiro deGeografia, realizado em Florianópolis, 1942. Volume 2. Anais publicado sob a direção da comissão de redação composta do exmo. Sr. Ministro Bernardino José de Sousa, do engenheiro Cristóvão Leite de Castro, do Sr. Alexandre Ermílio Sommier, sob os auspícios do Conselho Nacional de Geografia. Consultamos o Vol. II na biblioteca central do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pela Internet, no site da UFRJ consta que a biblioteca do CCMN dispõe dos volumes III e IV; enquanto o Museu Nacional e o PGG da Geografia dispõem de cinco volumes cada órgão.

 

Anais do 10º Congresso Brasileiro de Geografia, realizado no Rio de Janeiro, 1944. Volume 1. Publicado sob os auspícios do Conselho Nacional de Geografia, 1949. Consultamos o Vol. I na biblioteca central do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

 

Anais do II Congresso Brasileiro de Geografia, realizado no Rio de Janeiro, 1965. Resumo de teses e comunicações sob o patrocínio da Associação de Geógrafos Brasileiros.

 

Periódicos

 

Revista Brasileira de Geografia, edições de :

 

1940 - v. 2 n.1 jan./mar. 1940 ( p. 100 ); ;  v.2 n. 2 abril/jun. 1940 ( p. 204 ); v. 2 n. 3 jul./set. 1940 ( p. 484 ) ; v. 2 n. 4 out./dez. 1940 ( p. 622 );

 

 1941 -  v. 3 n. 1 jan./mar. 1941 ( pp. 146-149; 191-194 ); v.3 n.3 jul./set. 1941 ( pp. 651-666 );

 

1942 -  v. 4, n. 3 jul./set. 1942; v.4 n. 4 out./dez. 1942;

 

1943 - v.5 n. 1 jan./mar. 1943 ( p. 131 ); v. 5, n. 2 abril/jun. 1943 ( p. 293 ); v. 5 n. 3 jul./set. 1943 ( p. 491 );

 

1944 - v. 6 n. 1 jan./mar. 1944 ( p. 145 ); v. 6 n. 3 jul./set. 1944 ( p. 380 , 430 );

 

1946 - v. 8 n. 1 jan./mar. 1946 ( p. 172 ) ;

 

 

Documentos

 

5º Congresso Brasileiro de Geographia, 1916, IHGB, cód. 200, 8, 5 nº 6.

 

Décimo Congresso Brasileiro de Geografia, IHGB, cód. 191, 3, 5 nº 22.

 

Instruções para a adesão e apresentação de trabalhos ao Décimo Congresso Brasileiro de Geografia, 1942, IHGB, cód. 193,4,4 nº 22.

 

Instruções para a adesão e apresentação de trabalhos ao Décimo Congresso Brasileiro de Geografia, 1944. IHGB, cód. 205, 4, 4 nº 12 ( é semelhante ao produzido no ano de 1942, voltado para o encontro no Pará ).

 

Programa-calendário do X Congresso Brasileiro de Geografia, 1944, IHGB, cód. 205,4,5 nº 15.

 

Regimento para a comissão organizadora central do 10º Congresso... sob a presidência de honra do Exmº Sr. Dr. Getúlio Vargas, 7 a 16 / set. / 1943, cód. 191, 3, 5 nº 22.

 

Regulamento do 10º Congresso Brasileiro de Geografia, 1941, IHGB, cód. 205,4,4 nº 11.

 

Reminiscência e Impressões do 5º Congresso Brasileiro de Geografia, 1916, IHGB, cód. 200,8,5 nº 6.

 

Sétimo Congresso Brasileiro de Geografia, 1921, IHGB, cód. 193,5,2 nº 17.

 

Sétimo Congresso Brasileiro de Geographia, 1921,  IHGB, cód. 193,5,2, n. 17 e 200,8,1 n. 25.

 

 

Bibliografia

 

BACKHEUSER, Eng. Everardo – “Da trilha ao trilho”. In 9º Congresso Brasileiro de Geografia, s/d . pp. 102-124. Texto editado pelo Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

 

HERMES, João Severiano da Fonseca – “Limites do Brasil; descrição geográfica da linha divisória”. In 9º Congresso Brasileiro de Geografia, 1940, Florianópolis. Rio de Janeiro: Gráfica Laemmert Ltda, 1940, 135 p. ( Memória apresentada à 2ª Comissão técnica ( geografia física ) do IX Congresso Brasileiro de Geografia reunido na cidade de Florianópolis em setembro de 1940 ).

 

PENHA, Eli Alves– A criação do IBGE no contexto da centralização política no Estado Novo . Rio de Janeiro: IBGE ( 1993, p. 76 ) ).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Anexo nº 1

 

Programa-calendário das solenidades, sessões, festas, visitas e excursões a serem realizadas durante o período da reunião do X Congresso Brasileiro de Geografia.

 

Dia 6 ( Quarta-feira )

Ás 10 horas

Reunião na Secretaria da Comissão Organizadora para a apresentação de credenciais e distribuição de exemplares do Regulamento, programa-calendário, cartão de identidade e distintivo de congressista.

Local – Sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – Avenida Augusto Severo  nº 4.

Às 15 horas

Sessão plena preparatória, sob a Presidência do Professor Fernando Antônio Raja Gabaglia, Presidente da Comissão Organizadora Central.

Ordem do dia :

1 ) Aclamação dos Presidentes de Honra, Beneméritos, etc.

2 ) Eleição da Mesa Diretora do Congresso.

3 ) Posse da Mesa Diretora

4 ) Designação dos membros da Comissão de Coordenação e Iniciativas e das Comissões técnicas.

5 ) Distribuição das teses e trabalhos pelas respectivas Comissões técnicas.

6 ) Leitura e aprovação da Ata desta sessão.

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

 

 

Dia 7 ( quinta-feira )

 

Dia da Pátria

Pela manhã

Os congressistas e suas famílias assistirão ao desfile das forças armadas, em comemoração do “Dia da Pátria”.

Local – Avenida Presidente Vargas

Traje de passeio;

Às 20 ½ horas

Sessão pública e solene de instalação do Congresso, sob a Presidência de Honra de Sua Excelência o Senhor Doutor Getúlio Vargas, Presidente da República.

Local – Palácio Tiradentes

Traje de passeio ( escuro ) para os convidados e congressistas.

 

Dia 8 ( sexta-feira )

 

Das 9 ½ às 12 horas

Reunião das Comissões técnicas para estudo das teses e trabalhos e votação dos respectivos pareceres.

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Às 15 horas

Sua Excelência o Senhor Presidente da Repùblica receberá os congressistas em audiência especial.

Local – Palácio do Catete.

Condução – Ônibus especial

Ponto de encontro – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Traje de passeio ( escuro ).

Às 16 horas

Visita oficial a Sua Excelência o Senhor Prefeito do Distrito Federal.

Local – Palácio da Prefeitura, à Praça Floriano Peixoto.

Traje de passeio ( escuro ).

Às 20 ½ horas

Conferência a ser pronunciada pelo Professor Jorge Zarur, do Conselho Nacional de Geografia, sobre “A Geografia, uma ciência moderna a serviço do homem”. O congressista será apresentado pelo Dr. Christovam Leite de Castro, Secretário Geral do Conselho Nacional de Geografia.

Local-Auditorium do Ministério da Educação.

Traje de passeio.

( Não haverá convites especiais ).

 

Dia 9 ( Sábado )

 

Não haverá sessão ou reuniões

 

Às 10 horas

Visita oficial ao Conselho Nacional de Geografia, que se reunirá extraordinariamente para receber os congressistas. ( O Doutor Christovam Leite de Castro, Secretário Geral do Conselho, fará uma exposição sobre as atividades geográficas no país ).

Visita ao Serviço de Desenho da Carta do Brasil ao milionésimo.

Local – Edifício Serrador – Praça Getúlio Vargas nº 14 ( 5º pavimento )

Traje passeio

( Não haverá convites pessoais )

Às 17 horas

Inauguração da Exposição de Geografia e Cartobrafia.

Local – Edifício – Serrador – Praça Getúlio Vargas nº 14 ( 21º pavimento )

( Não haverá convites pessoais ).

Às 18 horas

Cock-tail oferecido pelas Comissões organizadoras do Congresso às Delegações estrangeiras, aos representantes e delegados oficiais e aos congressistas.

Local – Recinto da Exposição de Geografia e Cartografia.

Traje de passeio.

( Não haverá convites pessoais ).

Às 20 ½ horas

Jantar oferecido às Delegações e representantes oficiais pelo Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Local – Salão de Festas do “Automóvel Club do Brasil” – Rua do Passeio, 90.

Traje de passeio.

( Haverá convites pessoais )

 

Dia 10 ( domingo )

 

Às 10 horas

Missa votiva pelo êxito do Congresso, a ser celebrada por S. Ex. Rev   D. Jaime de Barros Câmara, Arcebispo Metropolitano.

Local – Catedral Metropolitana ( Praça 15 de Novembro )

Condução – Livre

Às 13 horas

Reunião no “Jockey Club Brasileiro”.

Os congressistas e suas famílias assistirão à disputa do “Prêmio X Congresso de Geografia”

Local – Hipódromo da Gávea.

Condução – Ônibus especial.

Ponto de encontro – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

Traje de passeio.

 

Dia 11 ( Segunda-feira )

 

Das 9 ½ às 12 horas

Reunião das Comissões técnicas

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

Das 14 ½ às 17 horas

Primeira sessão plenária.

1 ) Leitura do expediente

2 ) Ordem do dia: ( a ser comunicada previamente aos Senhores congressistas ).

3 )  Comunicações geográficas.

4 ) Apresentação de moções, indicações e recomendações.

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Às 17 ½ horas

“Tarde brasileira”, em local a ser anunciado oportunamente.

Às 20 ½ horas

Conferência a ser pronunciada pelo Professor Jaime Cortesão, representante da emérita Sociedade de Geografia de Lisboa, sobre o tema: - A cartografia antiga e os fundamentos pré-históricos da Nação brasileira.

Fará a apresentação do conferencista o General Emílio Fernandes de Souza Docca.

Local – Auditorium do Ministério da Educação.

Traje de passeio.

( Não haverá convites pessoais ).

 

Dia 12 ( têrça-feira )

 

Não haverá sessão ou reuniões

Às 9 horas

Visita ao Instituto de Educação do Distrito Federal – inauguração da Secção Didática, anexa à Exposição de Geografia e Cartografia.

( Saudará os congressistas o Professor Mario da Veiga Cabral )

Local – Rua Mariz e Barros nº 273

Às 15 horas

Visita ao Colégio Pedro II ( Externato )

Inauguração da Secção de Oceanografia, anexa à Exposição de Geografia e Cartografia.

Local – Avenida Marechal Floriano nº 80.

Às 17 horas

Visita ao Palácio Itamaraty e ao Serviço de Documentação do Ministério das Relações Exteriores ( Arquivo Histórico, Biblioteca e Mapoteca ). ( O 1º Secretário de Embaixada Doutor Jorge Latour, Chefe do Serviço de Documentação, exibirá as obras, documentos e mapas das coleções do Itamaraty ).

Local – Avenida Marechal Floriano nº 196.

 ( Não haverá convites pessoais para essas visitas ).

 

Dia 13 ( Quarta-feira )

 

Das 9 ½ às 12 horas

Reunião das Comissões técnicas.

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Das 17 ½ horas às 17 horas ( sic )

Segunda sessão plenária

1)            Leitura e aprovação da ata da sessão anterior

2)            Leitura do expediente

3)            Ordem do dia: ( a ser comunicada previamente aos Senhores congressistas ).

4)            Comunicações geográficas.

5)            Apresentação de moções, indicações e recomendações.

 

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Às 17 ½ horas

“Tarde brasileira”, em local a ser anunciado oportunamente .

Ás 20 ½ horas

Conferência a ser pronunciada pelo Professor Everardo Backheuser sobre o tema: - Rio de Janeiro, cidade “sui generis”.

Fará a apresentação do conferencista o Professor Maurício Joppert da Silva.

Local – Auditorium do Ministério da Educação.

Traje de passeio.

( Não haverá convites pessoais ).

 

Dia 14 ( Quinta-feira )

 

Não haverá sessão ou reuniões.

Às 8 horas

Excursão geográfica à Baixada Fluminense ( o Engenheiro Hildebrando de Araújo Góis, Diretor do Departamento Nacional de Obras e Saneamento, fará uma preleção sobre as obras de saneamento da região e o Doutor Alberto Lamego dissertará os sobre os aspetos fisiográficos e geo-humanos da região ).

Ponto de encontro – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Condução – Ônibus especial.

Traje de excursão ou passeio.

( Não haverá convites pessoais ).

Às 20 ½ horas

Sessão solene em homenagem à Delegação do Estado do Pará, presidida pelo Coronel Magalhães Barata, Interventor Federal naquele Estado. ( Em nome dos congressistas, fará o discurso o discurso de saudação, o Ministro João Severiano da Fonseca Hermes Júnior.

Local – Auditorium da Associação Brasileira de Imprensa . Rua Araújo Porto Alegre nº 71.

Traje de passeio.

( Não haverá convites pessoais ).

 

Dia 15 ( sexta-feira )

 

Das 9 ½ às 12 horas

Última reunião das Comissões técnicas.

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

Às 14 ½ horas

Terceira e última sessão plenária

1)            Leitura da ata da sessão anterior.

2)            Leitura do expediente.

3)            Ordem do dia: ( a ser comunicada previamente aos Senhores congressistas ).

4)            Comunicações geográficas

5)            Apresentação de moções, indicações e recomendações

6)            Apresentação de moções, indicações e recomendações.

Local – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Às 17 ½ horas

“Tarde brasileira”, em local a ser anunciado oportunamente.

Às 20 ½ horas

Conferência a ser pronunciada pelo Comandante Braz Dias Aguiar sobre a Geografia amazônica.

( Fará a apresentação do conferencista o Ministro Orlando Leite Ribeiro ).

Local – Auditorium do Ministério da Educação.

Traje de passeio.

( Não haverá convite pessoais ).

 

Dia 16 ( sábado )

 

Às 8 horas

Passeio pela cidade.

Ponto de encontro – Instituto Histórico e Geográfico  Brasileiro

Condução – Ônibus especial

Traje de passeio

( Não haverá convites pessoais )_

Às 13 horas

Almoço oferecido aos congressistas pelo Prefeito do Distrito Federal.

Local – Parque da Cidade – Estrada Dona Castorina – Gávea.

Condução – Ônibus especial.

Traje de passeio

( Haverá convites pessoais ).

Às 20 ½ horas

Sessão pública e solene de encerramento do Congresso.

Local – Palácio Tiradentes

Traje de passeio.

 

 

Esquema da Organização do Congresso

 

Mesa Diretora

¯

Comissão de Coordenação e Iniciativas

¯

Secções técnicas

¯

1ª Geografia histórica e explorações geográficas

2ª Geografia matemática

3ª Geografia física

4ª Biogegrafia

5ª Geografia humana

6ª Geografia das calamidades

7ª Geografia médica

8ª Geografia econômica

9ª Metodologia geográfica e ensino da geografia

10ª Monografias regionais, estudos especiais da corografia do Estado do Pará.

 

 

 


 

Anexo nº 2

 

( O que se segue não tem autoria, mas vem logo após a apresentação do Sr. Boiteux; sendo portanto do mesmo material consultado; mas parece-nos que seja de Luiz José da Costa Filho ) .

 

Ao notável catharinense e distincto intellectual brasileiro dr. José Arthur Boiteux, também nosso consocio, cabe a ventura de ter sido o creador de certamens scientificos tão proveitosos e benefícios.

 

A idéia vingou, o triumpho coroou a feliz lembrança do illustrado geographo. Na capital federal, em data de 7 de Setembro de 1909, inaugurava-se com solemnidade o 1º Congresso de Geographia, na América do Sul reunido; veio depois o 2º, que teve logar em S. Paulo; em seguida o 3º, com sede em ( p. 6 ) Curytiba; o 4º, realisou-se na cidade do Recife e o 5º, encantou a cidade do Salvador, capital do Estado da Bahia.

 

O 1º logrou ser presidido pelo egrégio patriota e preclaro scientista sr. Márquez de Paranaguá; ao 5º coube a elevada regalia de ter como presidente de honra o venerando estadista do segundo Império e maior geographo nacional, sr. Barão Homem de Mello.

 

Com elle, através da sua morosa, mas, douta e límpida palavra, pronunciada por lábios que fallam há mais de oitenta annos, eu subi em espírito aos píncaros do Itatyaia e das Agulhas Negras; perlustrei as florestas immensas do Valle Amazônico; contemplei, aterrado, as cachoeiras do Rio Grande, em S. Paulo, e de Paulo Affonso, no S. Francisco; embrenhei-me pelas infindáveis e multi-seculares mattas de Matto Grosso; ouvi o rumor e senti os açoutes do pampeiro, nas cochilas do Rio Grande do Sul; atravessei os chapadões de Goyaz; corri sobre os espinhaços das alterosas serras de Minas Geraes; admirei a baixada fluminense; apavorei-me ante o espectaculo horrível das seccas do Ceará; encandiei-me com as fulgurações dos diamantes, das saphiras e dos topasios dos sertões da Bahia; sonheir entre as ondas desse infinito occeano Glauco dos cannaviaes de Pernambuco , de Alagoas e do meu doce, do meu estremecido, do meu nunca olvidado Sergipe.

 

Guiado pela palavra abalisada do velhinho encarquilhado, tremulo, frágil, fidalgo, leve é quase transparente, que é Homem de Mello, o antigo estadista liberal da Monarchia e o grande geographo de sempre, eu viajei em espírito, sobre as volumosas torrentes do Amazonas e do S. Francisco; neste, surprehendendo-me a attenção o seu vasto canon: e naquelle, todos os curiosos phenomenos geológicos com que entontece e confunde a visão dos estudiosos e dos touristes, que lhe contemplam os scenarios instáveis e fugidiços.

          

O Barão é uma História viva, disse-me espirituosamente a sra. Baroneza, certa vez, quando no quarto ( p. 7 ) de repouso da Pensão Randenburg, na Victoria, onde o governo da Bahia o hospedára princepescamente, o barão esclarecia-me certo importante ponto da Historia do Brazil, a respeito do qual eu o importunei por mais de uma vez.  

          

Definio a intelligente e gentil Baroneza com muita propriedade a cultura do seu nobre esposo: elle é a nossa Historia fallando.

          

O obscuro delegado deste Instituto, conseguio, que o barão Homem de Mello venha visitar-nos.

          

Tendo-me scientificado um collega de representação, que s. ex. desejava conhecer Sergipe, para logo diligenciei ouvir do próprio Barão a manifestação do seu desejo. Ouvi.

          

Elle mesmo declarou-m’o no curso de uma palestra em torno da actual administração deste Estado e do seu Presidente, General Valladão.

          

O estadista do antigo regimen fez justiça ao administrador republicano. Disse-me ser o “Senador Valladão, ( elle sempre usava do qualificativo de Senador para o General ) um espirito bem inspirado, homem de probidade, dos que foram ao Paraguay e bem servem ao novo regimem”.

          

S. ex. o sr. Presidente Oliveira Valladão, confirmando  uma vez mais o proverbial preceito da hospitalidade sergipana, endereçou-me expontaneamente o telegramma seguinte:

 

Rogo fineza apresentar Barão Homem de Mello cordeaes agradecimentos bondosas referenciais minha pessoa e assegurar-lhe que Sergipe ssumo prazer terá receber condignamente quem tanto tem sabido elevar nossa Pátria. Saudações cordeaes. – Oliveiras Valladão.

 

          

Este nobilíssimo telegramma, eu o apresentei ao Barão na Sala da 2ª commissão do Congresso, presidida pelo conspícuo ancião. Elle, interrompendo os trabalhos por um momento, auctorizou-me, comovido, responder ao “Senador Valladão” o seu offerecimento, acrescentando poderia eu adiantar, que só em Março vindoiro a visita a Sergipe seria effectuada, pois sentia-se bastante fatigado; que opportunamente avisaria ao governo de Sergipe o dia preciso da sua partida do Rio de Janeiro.

 

p. 8     Na tarde deste mesmo dia, encontrando-me com a Baroneza no Hotel Meridional , em companhia do dr. Boiteux, que a tinha acompanhado nas visitas que fizera ás casas pias da cidade, falhei-lhe da viajem do Barão ao meu Sergipe. Ella confessou-me achar-se muita satisfeita com a resolução do esposo, e que utilizar-se-ia do ensejo para fundar aqui uma filial da Cruz Vermelha Brazileira.

          

Ao mesmo passo que recebia eu o cavalheiroso telegramma presidencial, outro chegava-me ás mãos também, do meu digníssimo amigo Desembargador Caldas Barretto, noticiando-me haver proposto socio honorário deste Instituto, o sr. Barão Homem de Mello.

          

O espírito equidoso do presidente desta casa, sagrava o mérito, cujo portador, depois de referir-se encomiasticamente ao Caldas pae, seu velho conhecido, e ao Caldas filho, que firmava o telegramma em questão, pedio-me que o agradecesse.

          

Homem de Mello foi o presidente do 5º Congresso; e porque o foi, dil-o o sabio engenheiro e vernaculista bahiano Theodoro Sampaio, no curto e expressivo discurso com que convidou o Barão a assumir a direcção dos trabalhos, discurso que me não posso furtar ao desejo de aqui transcrever.

          

Escutae-o, meus illustres ouvintes, pois que Theodoro Sampaio é filho estylista e um devotado cultor das nossas lettras clássicas.

 

           Disse elle:

 

“Srs. Congressistas:

 

  

Agradecendo-vos a subida honra com que me confundis elegendo-me para presidir aos trabalhos deste Congresso, honra immerecida e tão superior ás minhas forças, peço-vos de conceder-me um momento de attenção.

  

Quando, na organização deste certamen, se pensou em convidar para vir á Bahia o exm. Sr. Barão Homem de Mello, foi deliberação da Commissão Organizadora entregar-lhe a direcção superior dos nossos trabalhos e essa deliberação se mantém.

  

Fazendo como se acaba de fazer, elegendo-o nosso presidente de honra e a mim simples ( p. 9 ) presidente, foi intuito de nós todos dar maior realce ao nosso gesto, e cercar da máxima consideração o vulto venerando do illustre estadista e homem de lettras que a Bahia hospeda.

  

Não errou o nosso distinctissimo amigo o sr. Dr. José Arthur Boiteux a quem se deve a feliz iniciativa desses Congressos de Geographia no Brazil[20], quando justificando-se num incidente de imprensa, aqui há dias, fallou em presidência par droit de conquête.

  

O princípio é verdadeiro; acceitamol-o in totum com a condição, porém, de que se lhe tirem todas as lógicas conseqüências.

  

Par droit de conquête, sim, é que assumirá a presidência das nossas sessões o inclito geographo; par droit de conquete, sim, que a sua conquista aqui a todos antecede; que aqui a todas sobreleva; aqui a todos nós se nos impõe.

  

Convido ao exmo. sr. Barão Homem de Mello a dar-nos a honra de presidir os nossos trabalhos.

  

Acclamemol-os”.

 

 

          

Quem estas palavras escreveu em linguagem assim castiça e pura, com a simplexa de um estylo assim correntio e dulçuroso foi, senhores meus, uma das figuras mais salientes e prestigiosas do Congresso. Nenhum de vós ignora os serviços relevantes que Theodoro Sampaio tem prestado a nossa Historia e a nossa Geographia.

          

O seu monumental discurso de boas vindas aos congressistas dos outros Estados, na noite memorável da abertura do Congresso, disse-o com abundancia de senso e rasão o chronista do Jornal de Noticias, “valia só elle por todo um Congresso de literatos e sábios”.

          

Parecia-me, ao escutal-o, que era Eliseu Reclus quem orava, com a linguagem do padre Antonio Vieira: que era Humboldt quem predicava, com a palavra de Alexandre Herculano, ou de Garrett.

          

A saudação de Theodoro Sampaio mereceu naquella mesma noitada de atticismo, a apologia arrebatadora do verbo incendido do dr. José Bonifácio, o eloqüente, sympathico e insinuante delegado de Minas Geraes. Affirmar, que José Bonifácio revelou-se o maior orador do 5º Congresso, é simplesmente fazer justiça certa, aos ricos dotes tribunicios do digno neto do Patriarcha da  nossa independência.

          

O auditório de escol, que, na noite de 7 de Setembro ouvio, no venusto salão nobre da Faculdade de Medicina da Bahia, a calorosa palavra acadêmica do deputado José Bonifácio, convicto dalli sahiu, que o representante de Minas, herdeiro legitimo se mostra da eloqüência cívica dos Andradas.

          

O seu porte franzino e elegante, seus gestos fidalgos e sóbrios, sua falla suave e lenta, sua phrase nervosa e cuidada, seu tracto meneirôso e captivante, tudo nelle denuncia um perfeito homem culto, um esmerado cavalheiro e um futuro estadista.

          

Eu tive a honra, senhores, de ser eleito membro da importante Commissão de Anthropogoeographia, da qual presidente eleito fora o dr. José Bonifácio de Andrada e Silva.

          

Maior honraria coube-me ainda em partilha naquelle torneio da Sciencia: vem a ser, que o illustre delegado mineiro foi quem na 2ª sessão plena do Congresso, com visível enthusiasmo propoz á meza se dirigisse aos Poderes Públicos, da União e dos Estados, no sentido de providenciarem afim de que postos em pratica sejam os votos que formulei nas conclusões da minha Memória, intitulada: “A GEOGRAPHIA E A GUERRA”, a qual mereceu do meu douto e caro Mestre o eminente philogo e professor de Direito dr. Virgílio de Lemos, um voto de felicitação pelo patriotismo que, consoante elle o dissera, o meu trabalho encerra e revela.

          

Approvada sob uma forte e demorada salva estrondosa palmas por todo o Congresso reunido, a proposta Bonifácio relativa á Memória do humilde delegado do “Instituto Histórico e Geographico de Sergipe”, que vos neste momento a desbotada palavra dirije, o presidente da 4ª Commissão deu-se pressa no endereçar aos Presidentes e Governadores dos Estados circulares a respeito, entre as quaes se me permitia destacar a telegraphica, transmitida ao exm. sr. General Presidente de Sergipe, que vós todos já conheceis, assim redigida: 

 

“Bahia, 13 – Presidente Estado, Aracaju – Approvada memória Costa Filho, voto felicitações dr. Vírgilo Lemos, conclusões votadas com applausos pelo Congresso Commissão faz votos Governos adoptem realizem. Saudações – JOSÉ BONIFÁCIO, presidente 4. Comissão”.

 

          

Parabéns isolados, além dos collectivos tradusidos nas palmas unisonas do Congresso, recebi pela utilidade das minhas praticas conclusões, dos srs. Barão Homem de Mello, dr. José Boiteux, dr. João Pedro Cardoso, delegado da “Comissão Geographica e Geologica de S. Paulo”; dr. Irineu Ferreira Pinto, delegado do “Instituto Geographico e Histórico da Parahyba” e dr. Manoel Dantas, delegado do Rio Grande do Norte.

          

Eu vos fallei no dr. João Pedro Cardoso. Foi umas das mais distinctas figuras do 5º Congresso. Engenheiro civil de nomeada e Geographo de méritos não communs, chefia elle com devotamento e brilho a benemérita “Commissão Geographica e Geológica” do rico e grande Estado de S. Paulo. Cavalheiro de invejável educação, armazenando no cérebro uma cultura rofissional bem ampla, orador correcto e simples no palavreado da oração, homem de alta estatura, alourado, elegante, e observador meticuloso, o illustrado geographo paulista, presidente que foi da 1ª Commissão do Congresso, no seio deste representou um papel de destaque inconteste. A proveitosa e pratica conferencia, com bellas projecções luminosas de cinema, que realizou no Theatro S. João – sobre os trabalhos de exploração e saneamento do Rio Grande, nos sertões paulistas, ficará como um dos mais úteis aspectos das festas do 5º Congresso, e mais: como uma licção, digna de ser aprendida e imitada, que S. Paulo deu aos demais Estados presentes nas pessoas dos seus delegados – No correr de sua conferencia, referindo-se ao carinho com que os paulistas tractam as suas florestas, disse o dr. Cardoso:

 

“Nós não podemos nem devemos destruir as arvores, porque ellas não nos pertencem. Nossos Paes nol-as legaram, devemos transmittil-as aos nossos filhos”.

 

          

Julgo, meus nobres ouvintes e confrades, ser esta phrase do distincto paulista digna de uma graphia em bronze, por milhares de chapas, afim de que em cada tronco das nossas mattas estupidamente violadas e depredadas, uma se collocasse bem ostensiva as vistas daquelles que, de machado ao hombro, fazem profissão de verdugos das arvores.

          

O dr. João Pedro Cardoso, srs., foi quem lavrou parecer a respeito do soberbo trabalho do sabio geographo dr. Theodoro Sampaio, denominado: Carta Hydrographica da Bahia de Todos os Santos; de tal maneira encantado ficou por esse trabalho, que, em palavras do mais alto encômio teceu-lhe o relato e salientou-lhe o valor em sessão plena. Iguaes elogios fez o illustrissimo paulista ao outro precioso trabalho de Theodoro Sampaio, intitulado: Planta Geral da Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos. Ambos esses trabalhos foram coroados com voto de louvor.

          

Na 4ª Commissão, srs., houve uma insigne Memória, lida pelo seu próprio autor, e que foi acertadamente mandada tirar em avulso pelo Governo de Alagoas: a do jurista e philologo dr. Virgilio de Lemos, membro da referida Commissão.

          

O venerando Mestre e famoso grammatico burilador do Código Civil, Carneiro Ribeiro, que ouvira attentamente a leitura da peça notável, intitulada: A Língua Portugueza no Brazil, usou da palavra depois, saudando o seu auctôr e sagrando-o mestre da língua formosa e difficil que fallamos.

          

Do que tocou especialmente a Sergipe, nas sessões plenas do 5º Congresso, que apenas três foram, o significativo facto da acclamação do exm. Sr. Presidente Oliveira Valladão para Presidente de Honra do Congresso, afigura-se-me a realidade mais importante, pois é a primeira vez que deferência tão elevada cabe ao nosso querido Estado.

          

Nas sessões parciaies, ou de labores das seis Commissões, dois factos impressionantes e merecedores de nota destacamos: o da energia e altiva attitude assumida pelo illustrado sergipano dr. Rodrigues Doria em face das pretensões arrogantes do dr. Braz do Amaral, tentando lesar direitos do nosso Sergipe, na questão de limites com a Bahia, por ardilosos meios, abusivos e dolosos, postos em armadilha nas ( p. 13 ) paginas de uma sua Memoria sobre o Município de Patrocínio do Coité ; o outro facto, foi o da empolgante defesa feita pelo Engenheiro Civil e Professor da Escola Polytechnica da Bahia, Souza  Carneiro, á Memória apresentada pela talentosa senhorita e escriptora sergipana, Ítala Silva de Oliveira, Memória que foi approvada e será publicada nos Annaes do 5º Congresso.

 

_________

 

 

          

Resta-me agora, generosos ouvintes meus, em nome deste Instituto, e do cimo alumiado da tribuna delle, significar a sua gratidão ás gentilesas dispensadas ao seu humílimo delegado e 1º secretario, durante os dias do Congresso, pelo honrado e excellentissimo sr. Dr. Aontonio Muniz, Governador do Estado da Bahia, que a mim cumulou de attenções solicitas e captivantes; ao Instituto Geographico e Histórico da Bahia, o lar intellectual de Bernardino de Souza, que ao orador que vos falla elegeu sócio do seu benemérito grêmio scientifico; ao Intendente da cidade do Salvador, e aos intellectuaes bahianos, como igualmente a nobre Imprensa da Bahia, esta Imprensa que na Meza do Congresso teve um notável representante, o conceituado jornalista e mavioso poeta Aloysio de Carvalho, uma das mais formosas representações da Bahia intellectual.

          

A todos, os agradecimentos deste Instituto.

          

E me não será licito terminar esta desataviada palestra de impressões, sem que formule um voto do mais fundo recesso da minh’alma e do meu coração de brazileiro, qual seja: para que o Deus Altíssimo, que pregou com estrellas o Cruzeiro do Amor, do Perdão, da Misericórdia, da Civilisação e da Fé, lá no velludo azul claro do céo luminoso da Pátria, proteja e anime, encoraje e illumine os apóstolos da Sciencia no Brazil, afim de que os Congressos se multipliquem e renovem, a lâmpada sagrada da intelligencia brilhe cada vez mais, e o Brazil adorado, a Terra da Vera-Cruz, seja no futuro a Rainha da Paz, o Sol da Civilisação, o Modelo da Ordem, o Espelho da Democracia e o PortaEstandarte do Progresso.

          

Trabalhemos com todas as virtudes do nosso espírito, srs., para alevantarmos á cathegoria inter ( p. 14 ) nacional de potencia de primeira ordem, este rico e idolotrado torrão brazilico, em cujas entranhas dormem os ossos dos nossos avós e dos nossos Paes, e oonde amanha também, descansaremos, na infinita e silenciosa noite do derradeiro somno.

          

Trabalhemos todos : - “Pró conjunctione interse brasiliensium”.

          

Hei concluído.

 

 

 Notas


[1] Prof. Dr. do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense. E mail: helio@vm.uff.br. Site www.feth.ggf.br .

[2] Inicialmente sozinha, ela veio a contar com a colaboração do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) a partir da realização do 9º Congresso.

[3] Material que divulgaria os trabalhos do congresso.

[4] Na  commissão organizadora, constam:

PRESIDENTE

Dr. Flavio Marója, presidente do Instituto Histórico e Geographico Parahybano, inspector de Saúde dos Portos do Estado.

VICE-PRESIDENTE

Desembargador Heráclito Cavalcanti Carneiro Monteiro.

SECRETARIO GERAL

Dr. João Alcides Bezerra Cavalcanti, 1º secretário do Instituto Histórico e Geographico Parahybano e advogado.

1º SECRETÁRIO

Cônego Dr. Florentino Barbosa, membro do Instituto e professor do Seminário Diocesano.

 

2º SECRETÁRIO

Prof. José Gomes Coelho, membro do Instituto e lente da Escola de Agrimensura.

 

THESOUREIRO

Prof. João Rodrigues Coriolano de Medeiros, membro do Instituto e lente da Escola de Aprendizes Artífices.

 

Commissão technica

PRESIDENTE

Dr. Manuel Tavares Cavalcanti, vice-presidente do Instituto e chefe de policia do Estado.

VICE-PRESIDENTE

Dr. Matheus Augusto de Oliveira, lente do Lyceu Paraghybano e da Escola Normal.

SECRETÁRIO

Prof. José Gomes Coelho.

MEMBROS DA COMISSÃO

1 Dr. Antonio Baptista Neiva de Figueiredo, capitão do exército.

2 Dr. Ascendino ª Carneiro da Cunha, lente do Lyceu Parahybano.

3 Dr. Álvaro de Carvalho, lente do Lyceu Parahybano

4 Celso Mariz, director da secretaria da Assembléa Legislativa.

5 Cel. Carlos Coelho de Alverga, thesoureiro da Delegacia Fiscal.

6 Dr. Frederico Cavalcanti Carneiro Monteiro, capitão do exercito.

7 C.º dr. Florentino Barbosa, lente do Seminário Diocesano

8 Monsenhor Francisco Severiano de Figueiredo, lente do Lyceu Parahybano

9 Dr. Francisco Seraphico da Nóbrega, advogado.

10 Cel. Francisco Coutinho de Lima e Moura, lente aposentado do Lyceu Parahybano.

11 Pharmaceutico Francisco de Assis e Silva.

12 Desembargador Gonçalo de Aguiar Botto de Menezes.

13 Dr. Irineu Joffily, advogado.

14 Desembargador José Ferreira de Novaes.

15 Dr. José de Lima Vinagre, director da Repartição de Estatística e Archivo Publico.

16 Dr. João Alcides Bezerra Cavalcanti, advogado.

17 Dr. José Rodrigues de Carvalho, advogado

18 Professor João Rodrigues Coriolano de Medeiros,  da Escola de Aprendizes Artífices.

19 Monsenhor João Milanez, director da Escola Normal.

20 Dr. José Américo de Almeida, procurador geral do Estado.

21 Dr. Miguel de Medeiros Raposo, director da Escola de Aprendizes Artífices.

22 Padre Nicodemos Neves, Professor do Collegio Pio X.

23 Dr. Orris Soares, secretario geral do Estado

24 Monsenhor Odilon Coutinho, director do Lyceu Parahybano.

 

[5] Há exemplares na UFRJ ( PGG da Geografia, no Museu Nacional o material está completo ), mas utilizei o material encontrado no IBGE, editado pelo Conselho Nacional de Geografia.

[6] O que nos chama a atenção é que a SGRJ atendeu a recomendação, ou seja, ela própria não mais indicava a direção dos encontros.

 

[7] Para isso teve lugar, ainda no fim do ano p. p., na sede daquela Sociedade, uma reunião na qual foi constituída a Comissão Organizadora do X Congresso Brasileiro de Geografia, cujos cargos foram assim preenchidos:

Presidente: Professor Ministro João Severiano da Fonseca Hermes

Vice-Presidente: Prof. Dr. Fernando Antônio Raja Gabaglia.

Secretário Geral: Engenheiroº Cristóvão Leite de Castro¬

1º Secretário: Dr. Murilo de Miranda Bastos.

2º Secretário: Professor Geraldo Sampaio de Sousa.

Tesoureiro: Dr. Carlos Guimarães Domingues.

Vogais: Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas¬, Coronel Emílio Fernandes de Sousa Doca, Dr. Luiz Rodolfo Cavalcanti Albuquerque Filho, Coronel Djalma Poli Coelho¬# e Comandante Antônio Alves Câmara Júnior.

# ( grifo meu, cabe destacar que este apresentou grande atuação no Serviço Geográfico do Exército, como tivemos oportunidade de destacar em nosso trabalho sobre este órgão )

[8] Passo a assinalar os nomes com setas no intuito de realçar as pessoas que faziam parte das atividades. Tem.Cel. Djalma Poli Coelho¬; Ministro José Matoso Maia Forte¬; Ministro J. S. Fonseca Hermes ¬e Murilo de Miranda Basto; Almirante Raul Tavares¬; Prof. Jorge Zarur¬, Padre Balduíno Rambo, S. J., Dr. Caio Prado Júnior¬, General Cândido Mariano da Silva Rondon¬; Prof. Gilberto Freire¬; Prof. Pierre Monbeig¬; Prof. Roger Bastide; Ministro Augusto Tavares de Lira¬; Prof. Everardo Backheuser¬, participação de engenheiros ( como o da família Saturnino Braga ¬); Prof. Aroldo de Azevedo¬;  Prof. Artur César Ferreira Reis¬; Dr. Luiz da Câmara Cascudo¬; Dr. Max Fleiuss¬; Dr. Afrânio Peixoto ( literato que teria escrito sobre O nome das ruas ) ¬

 

[9] Comissão Organizadora Central do Décimo Congresso Brasileiro de Geografia

Presidente de Honra – João Severiano da Fonseca Hermes Jr. ¬

Presidente – Fernando Antônio Raja Gabaglia ¬

Vice-presidente – Emílio Fernandes de Sousa Docca

Secretário Geral – Christovam Leite de Castro

1º . Secretário – Murillo de Miranda Basto

2º Secretário – Geraldo Sampaio de Sousa

Tesoureiro – Carlos Augusto Guimarães Domingues

Vogais – Mário Augusto Teixeira de Freitas¬ , Antônio Alves Câmara Jr. , Francisco de Paula Cidade¬, Annibal Alves Bastos , Suplentes- Ary dos Santos Rangel , José Fiusa da Rocha

Representantes de instituições – Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos, Pierre Monbeig¬, Mário Campos Rodrigues de Souza, José Gabriel Lemos Britto, Ruy de Almeida.

Ingresso é 35$000, de 100$000  até 1: 000$000 terá o título de Membro Cooperador do Décimo Congresso Brasileiro de Geografia. Sendo 100$000 equivalente a 5 dólares. Quem contribuir com 1: 000$000 ( equivalente a 50 dólares ) para mais terá o título de “Membro Protetor do Décimo Congresso Brasileiro de Geografia”.

 

[10] A saber: 1ª - Geografia Histórica e Explorações Geográficas

2ª - Geografia Matemática.

3ª - Geografia Física

4ª - Biogeografia

5ª Geografia Humana

6ª Geografia das Calamidades

7ª Geografia Médica

8ª Geografia Econômica

9ª Metodologia Geográfica e Ensino da Geografia

10ª Monografias Regionais, Estudos Especiais da Corografia do Estado do Pará.

 

[11] COMISSÃO ORGANIZADORA CENTRAL

 

Presidente de Honra – Ministro João Severiano da Fonseca Hermes Jr. ¬

Presidente – Prof. Fernando Antônio Raja Gabaglia ¬

Vice-presidente – General Emílio Fernandes de Sousa Docca

Secretário Geral – Engenheiro Christovam Leite de Castro

1º . Secretário – Cônsul Murillo de Miranda Basto

2º Secretário – Professor Geraldo Sampaio de Sousa

Tesoureiro – Doutor Carlos Augusto Guimarães Domingues

Vogais e Membros –General Francisco de Paula Cidade, ¬

Doutor Mário Augusto Teixeira de Freitas, ¬

Comandante Antonio Alves Câmara Júnior,

Engenheiro Annibal Alves Bastos,

Comandante Ary dos Santos Rongel,

Engenheiro José Fiusa da Rocha,

Coronel Francisco Jaguaribe Gomes de Mattos,

Engenheiro Mario Campos Rodrigues de Souza

Professor José Gabriel de Lemos Britto

Doutor Ruy de Almeida

Professor Pierre Monbeig. ¬

 

COMISSÃO ORGANIZADOR LOCAL

Presidente de Honra: Doutor Henrique de Toledo Dodsworth ¬

Vice-presidente de Honra: Embaixador José Carlos de Macedo Soares. ¬

Almirante Raul Tavares ¬

Presidente: Engenheiro Edison Junqueira Passos

1º Vice-presidente: Coronel Jonas de Moraes Corrêa Filho.

2º Vice-presidente: Capitão Amílcar Dutra de Menezes.

1º Secretário: Cônsul Murillo de Miranda Basto.

2º Secretário: Professor José Veríssimo da Costa Pereira.

Membros:

Doutor Abgar Renault

Coronel Paulo Figueiredo

Comandante Ary dos Santos Rangel

Doutor Jorge Latour

Doutor Carlos Drumond de Andrade ¬

Professor Mario da Veiga Cabral  ¬

 

[12] Material analisado no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, indexado com o número – 200,8,5 nº 6.

[13] Na época era conhecido como cidade da Parahyba do Estado da Parahyba do Norte.

[14] O encontro contou com 75 representações oficiais.

[15] É o mesmo que foi Secretário Geral do 5º Congresso de Geografia realizado em 1916 na cidade de Salvador, Bahia.

[16] A biblioteca Nacional apresenta material de um único congresso.

[17] A última informação que dispomos sobre o acervo é que ele se encontra aos cuidados da Universidade Cândido Mendes após um convênio com a Sociedade Brasileira de Geografia.

[18] Congresso realizado em Belo Horizonte ( 1919 ), onde surgiu a proposta da Conferência de Limites interestaduais, assinada pelos governos estaduais presentes ao evento, marcado para ser realizado em julho de 1920. ( Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, t. 87, n. 453, v. 141, 1920, p. 369. ) citado por Eli Alves Penha – A criação do IBGE no contexto da centralização política no Estado Novo. (Rio de Janeiro: IBGE ( 1993, p. 76 ) ).

[19] Os congressos da AGB, marcados por uma busca de popularização da produção, introduziram trabalhos de alunos nos anais dos encontros. Embora fossem encontrados nos congressos promovidos pelo IBGE, estes eram em menor número.

 

Parece-nos ainda, que ocorreu entre a AGB e o IBGE algo que se deu anteriormente entre o IBGE e a SGRJ, ou seja, um processo de interpenetração no qual, a partir de um certo momento uma entidade “passou o bastão para a outra” no que tange a promoção de eventos de encontros geográficos. No caso específico da AGB e IBGE esta interpretação parece ter ocorrido na década de 60, sendo que ao final da seguinte a AGB já se encontrava sozinha promovendo os congressos que passaram a ser intercalado com os Encontros Nacionais de Geografia. Não deixa de ocorrer uma impressionante tradição de encontros versados sobre geografia desde o início do século XX!

 

[20] A quem tenha interesse pelo tema dos Congressos Brasileiros de Geografia , caberia melhor explorar a biografia desta pessoa. Numa rápida pesquisa, parece que José Arthur Boiteux vem a ser parente de Henrique Boiteux ( militar brasileiro, vice-almirante, historiador naval ) e Lucas Alexandre Boiteux ( militar, contra-almirante e historiador naval ).

 

 

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