Revista geo-paisagem ( on
line ) Ano 3, nº 6, Julho/dezembro de
2004 ISSN Nº 1677-650 X Revista indexada ao
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[1] O presente artigo está baseado na dissertação de mestrado intitulada – O bairro Vasco da Gama : um novo bairro, uma nova identidade ? – defendida e aprovada em 26/08/2004 no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense.
[2] Mestre em Geografia, professor do ensino superior, e-mail : bfgeo@uol.com.br .
[3] Segundo o site oficial do Vasco da Gama (www.crvascodagama.com) , a idéia da
fundação do clube partiu de quatro jovens remadores (Henrique Ferreira
Monteiro, Luís Antônio Rodrigues, José Alexandre d’Avelar Rodrigues e Manuel
Teixeira de Souza Júnior) pertencentes ao Grupo de
Regatas Gragoatá, cansados
de ter que se deslocar até Niterói para que pudessem se dedicar à prática do
remo.
[4] De acordo com o site www.netvasco.com.br
[5] Para evitar futuras confusões, adotaremos daqui para frente a nomenclatura “Cruz de Malta” já que ela está presente nos estatutos do clube, sendo de uso corrente pelo grande público.
[6]
O grupo de regatas Os Mareantes, fundado em 1851, em Niterói, foi a
primeira instituição dedicada ao remo da qual se tem notícia no Brasil.
Entretanto, a sua duração foi bastante curta, realizando apenas uma regata no
dia 3 de dezembro daquele mesmo ano, vindo a se desfazer no ano seguinte (MELO,
2001, p.p. 51-56).
[7]
A “paternidade” atribuída a Charles Miller em relação à introdução do futebol
no Brasil é constantemente posta em questão. Entre outros exemplos, existem
relatos, sem confirmação histórica, de partidas realizadas no Brasil antes de
1894. Duas delas tornaram-se lendárias, ambas no Rio de Janeiro: uma, em 1874,
na praia onde hoje se localiza o Hotel Glória, e a outra, em 1878, quando
tripulantes do navio Criméia enfrentaram-se
diante da residência da Princesa Isabel (UNZELTE, 2002, p.p.20-21).
[8] Em 1906, travou-se a
disputa do primeiro campeonato carioca de futebol, com a participação de seis
clubes (Fluminense, Paysandu, Rio Cricket, Botafogo, Bangu e Football Athletic)
tendo como vencedor o Fluminense Football Club, fundado quatro anos antes por
Oscar Cox e mais 20 membros.
[9] A esse respeito, ver também Mascarenhas (2002).
[10] Há uma controvérsia acerca das equipes que compunham o combinado português que enfrentou a equipe do Botafogo F.C. em 1913. De acordo com a revista PLACAR (s/d) tal equipe era formada por atletas pertencentes ao Clube Internacional, ao Sporting Clube de Lisboa e ao Sport Clube Império (p.27).
[11] A primeira partida oficial do Estádio de General Severiano ocorreu no dia 13 de maio de 1913, contra o Flamengo, em partida válida pelo Campeonato Carioca daquele mesmo ano. A vitória foi do time da casa por 1x0, gol de Mimi Sodré. A partida contra o combinado português serviu para a inauguração das instalações da sede e dos vestiários do estádio (NAPOLEÃO, 2000, p.17).
[12] Segundo informações colhidas junto ao site oficial do clube (www.crvascodagama.com), o autor do primeiro gol vascaíno teria sido o português Adão Antônio Brandão. Já a primeira vitória da equipe somente seria conseguida no dia 29 de outubro de 1917, 2x1 sobre a Associação Athlética River São Bento (MALHANO, 2002, p.81).
[13] Em 1907, a Liga Metropolitana de Sports Atléticos enviava um ofício aos clubes associados, no qual comunicava que a sessão realizada pela diretoria da liga, por unanimidade, resolvera que não seriam por ela registrados como amadores, as “pessoas de cor”. Antes disso, no campeonato carioca de 1906, além de Francisco Carregal, o Bangu apresentara outros dois jogadores negros: Manoel Maia e Alfredo Guedes de Mello (ASSAF, 2001, p.79).
[14] O profissionalismo só foi oficialmente implantado no futebol carioca a partir de 1933, dez anos após o triunfo cruzmaltino.
[15] O Vasco da Gama ao adotar um sistema de treinamento com ênfase na preparação física dos jogadores de futebol, combinada ao pagamento de incentivos aos agora atletas, em contraste com a mentalidade amadora e romântica da época, não foi o primeiro clube no futebol mundial tampouco em âmbito nacional a se valer de tal estratégia. Mascarenhas (2001) aponta os exemplos do inglês Blackburn Olympic, na temporada 1882-83; da contratação dos irmãos uruguaios Bertoni por parte do Americano FC, de São Paulo, em 1912; e do SC Pelotas, do Rio Grande do Sul, em 1915.
[16] O termo “camisas pretas” foi o primeiro apelido pelo qual o clube ficou conhecido nas décadas de 1920 e 1930, devido ao seu uniforme, todo preto, com a “cruz de malta” na altura do peito. A faixa diagonal branca, que sempre fora usada pela equipe de remo, somente passou a ser utilizada no uniforme da equipe de futebol na década de 1940. Os “camisas pretas” ressurgiram a partir de 2001, quando o Vasco da Gama passou a utilizar a antiga indumentária como seu uniforme número três.
[17] Analisando a obra de Assaf (1997), descobrimos que, dos 32 gols marcados pelo time do Vasco da Gama durante a campanha de 1923, 25 foram assinalados no segundo tempo das partidas.
[18] Endereço do campo de futebol utilizado pelo Flamengo naquela época.
[19] Era na Rua Morais e Silva, próximo à Quinta da Boa Vista, que se localizava o primeiro campo de futebol utilizado pelo Vasco da Gama.
[20] Segundo relatos, o Vasco teria chegado ao empate em 3 a 3 graças a um tento assinalado pelo ponta Paschoal. Porém, esse gol foi anulado pelo juiz, Carlito Rocha, futuro presidente do Botafogo. Surge aí uma divergência histórica: Mattos (1997) afirma que, após o gol anulado, os torcedores vascaínos, até então intimidados pelas pás de remo trazidas pelos remadores flamenguistas para bater na claque lusitana, partiram para a briga causando um tumulto generalizado no Estádio das Laranjeiras (p.87). Por sua vez, Assaf (1997) afirma não ter encontrado registros dessa briga nos jornais do dia seguinte à partida, apenas a alegria com a derrota do Vasco (p.114). Rosenfeld (1993) afirma que os torcedores do Vasco da Gama, como resposta, besuntaram de peixe a sede flamenguista (p.98).
[21] Vale ressaltar que, as referências feitas ao time do Vasco da Gama como sendo composto por suburbanos, dizem respeito à localização do estádio de futebol do clube e, principalmente, à origem de grande parte dos seus atletas. A sede social da instituição tinha endereço na área central da cidade.
[22] Apesar de todos os festejos promovidos pelos adversários, os resultados das partidas seguintes, deram o título ao Vasco da Gama.
[23] Fonte: Brasil. Diretoria Geral de Estatística. Recenseamento de 1920.
[24]
Alves aponta como principais veículos de apoio à colônia portuguesa as
seguintes publicações: Portugal Moderno, Diário Portuguez, Alma Lusitana,
Jornal do Commercio, O Paiz e A Noite. Por outro lado, não eram
poucos as associações, jornais e panfletos que faziam intensa campanha
anti-lusitanista, tais como: Ação Social Nacionalista, Propaganda Nativista,
O Jacobino, A Bomba, O Nacional, Brazilea e Gil Blas (p.p. 13-14).
[25] Segundo Moreira Junior (1999), a equipe vascaína, campeã carioca de 1923 era composta pelo chofer de táxi Nelson da Conceição, o estivador Nicolino, o pintor de parede Ceci e o motorista de caminhão Bolão, todos negros, além de quatro brancos analfabetos (p.19).
[26] Antes de 1923, o único clube fora do círculo dos quatro grandes a se sagrar Campeão Carioca de futebol fora o Paysandu Cricket Club, em 1912, formado basicamente por membros da colônia britânica.
[27] Em 1917, a Liga Metropolitana de Sports Athléticos (LMSA) foi substituída pela pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT).
[28] O Bangu Atlético Clube era formado basicamente por operários da Companhia Progresso Industrial, mais conhecida como Fábrica Bangu, que, durante muitos anos deu suporte àquela agremiação.
[29] O texto desta carta foi retirado do sítio www.crvascodagama.com , Embora tal fonte possa ser considerada, a princípio, pouco confiável sob o ponto de vista da neutralidade, vale lembrar que trata-se de um documento oficial do clube.
[30] Dessa forma, o Vasco da Gama
disputou o Campeonato Carioca de 1924 pela LMDT, junto a clubes de menor
expressão, vindo a conquistá-lo com facilidade. Apenas para a competição do ano
seguinte, o clube seria aceito na AMEA, com a condição de não poder mandar seus
jogos no campo da rua Morais e Silva, vindo a disputá-los no campo do Andaraí,
onde hoje se localiza o Shopping Iguatemi (ASSAF, 1997, p.129).
[31] É comum, encontrarmos citações referentes ao fato do terreno no qual foi erguido o Estádio de São Januário, ter sido uma chácara pertencente à Marquesa de Santos. Porém, não encontramos provas que confirmassem a essa informação. É o que diz Gerson (2000) quando afirma que “ao chegar ao Rio, a Marquesa de Santos morou em casa alugada no Engenho Velho, enquanto se construía ou se adaptava para ela um palacete condigno na Rua do Imperador, quase às portas da Quinta” (p.164). A mesma fonte assegura que no século XIX aquele local teria servido como chácara ao Conselheiro Martins Viana, médico famoso na época (p.p. 167-168).
[32] Estamos nos referindo ao bonde 53, mais conhecido como “bonde de São Januário”, imortalizado no samba “O Bonde de São Januário”, composto em 1941 por Wilson Batista e Ataulfo Alves.
[33] Segundo Malhano (2002), além do Estádio de São Januário e do Jockey Club Brasileiro, a Cristiani & Nielsen, atual Carioca Cristiani-Nielsen Engenharia, foi responsável por diversas outras obras de grande porte, como as do Elevador Lacerda (Salvador) e do Estádio do Maracanã (p.98).
[34]
Tal privilégio fora concedido anteriormente à mesma construtora para a
construção da sede do Jockey Club Brasileiro, às margens da Lagoa Rodrigo de
Freitas.
[35] Esse era o nome da colina na qual, no seu ponto mais alto, localizava-se a propriedade pertencente a Carlos Kuenerz, antigo dono do terreno que deu origem ao estádio (MALHANO, 2002, p.96).
[36] No ano seguinte, foi inaugurado sistema de iluminação que transformou o estádio num dos primeiros do país a ser equipado para a realização de jogos noturnos.
[37] Essas eram as cores do uniforme da Seleção brasileira na época da realização do Sul-Americano de 1949. Após a derrota para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, o antigo uniforme, todo branco e com detalhes azuis foi apresentado sendo substituído pelo atual, com camisas amarelas e calções azuis, escolhido em um concurso, vencido pelo gaúcho Aldyr Garcia Schlee (UNZELTE, 2002, p.137).
[38] O estádio também era sede do Congresso Anual da Semana da Educação, cujo ponto alto era a apresentação dos Espetáculos de Regência de Heitor Villa-Lobos. Em 1940, sob a sua batuta, o mesmo maestro regeu um coro de 40.000 vozes, composto por estudantes das escolas do Distrito Federal, numa demonstração de canto orfeônico. (MALHANO, 2002, p.p.202-204).
[39]
A autora cita como uma das provas dessa estratégia do reforço da capitalidade
da cidade do Rio de Janeiro como parte do projeto político do Estado Novo o
fato da Constituição de 1937 ter retirado a menção à transferência da capital
para o interior do país (p. 37).
[40] A esse respeito, ver Ferreira (2004).
[41] No estado de Tocantins, o Vasco da Gama é o time de maior torcida, com 23% da preferência local. Já em Santa Catarina e no Amapá detém a segunda colocação contando com a simpatia de, respectivamente, 14% e 26% dos torcedores daqueles estados (PLACAR/Datafolha, 2001).