Revista geo-paisagem (on line) Ano 9, nº 17, 2010 Janeiro/Junho de 2010 ISSN Nº 1677-650 X Revista indexada ao Latindex Revista classificada pelo Dursi Revista classificada pela CAPES |
A revitalização cultural da Lapa - RJ: uma análise da (re)estruturação
espacial
JOSÉ, Carlos Alberto Direito
Graduado em geografia pela
UFF
E-mail: carlosalbertodireito@gmail.com
RESUMO
As cidades, que sempre desempenharam papel
importante como centros de cultura e economia, estão se tornando o principal
lócus de produção de bens e serviços culturais, sobretudo as que ocupam os
maiores níveis dentro da hierarquia urbana. A realização do presente trabalho
sobre a revitalização urbano-cultural da Lapa se justifica, visto que tal
reestruturação não só promove o desenvolvimento urbano e espacial, mas também
pelas características singulares do território de inserção. A abordagem via
geografia cultural como método de interpretação, vem através das análises
espaciais pelas obras humanas que se inscrevem na superfície terrestre e
imprimem-se em símbolos do aparato urbano. Mais do que uma medida de
embelezamento, a revitalização dos centros urbanos, no caso, a Lapa, pode ser
um ato de alto lucro para as cidades: garante a retomada de investimentos, do
fortalecimento do mercado e do comércio (serviços em geral), com a criação de
novos empregos etc. Nesse sentido, com esse trabalho objetivou-se analisar, sob
o ponto de vista da geografia urbana e geografia cultural, a revitalização da
Lapa.
PALAVRAS-CHAVES: Revitalização; Lapa;
geografia cultural; geografia urbana
ABSTRACT
The cities, which has always played an
important role as centers of culture and economy are becoming the main locus of
production of riches and services, especially those who occupy the highest
levels within the urban hierarchy. The completion of this research on urban and
cultural revitalization of the sub-district Lapa is justified, since such a
restructuring not only promotes urban and spatial development, but also by the
unique characteristics of the area of insertion. The approach via cultural
geography as a method of interpretation comes through the spatial analysis from
human works which fall into the land surface and are printed on symbols of
urban device. More than a measure of beautification, revitalization of urban centers,
in this case, the sub-district Lapa, can be an act of high profit for cities:
it ensures the return of investment, the strengthening of market and trade
(services in general), with the creation of new jobs etc.. Accordingly, with
this work aimed to analyze, from the point of view of urban geography and
cultural geography, the revitalization of Lapa.
KEY-WORDS: Revitalization; Lapa; cultural geography; urban geography
1 - INTRODUÇÃO
Segundo Gomes (2002),
as pesquisas geográficas podem, portanto, articular esta dimensão espacial com
a dimensão cultural, contando com a interdisciplinaridade que estudam o espaço
urbano. Com base em Claval (1999) pode-se dizer quer a
cultura é um campo comum para o conjunto das ciências humanas e, assim, para a
Geografia, a cultura é um elemento essencial para compreendermos a forma de
organização das sociedades no espaço. Para Rosendahl e Corrêa (1998), a
Geografia Cultural tem sua origem plenamente contextualizada no final do século
XIX, na Europa, e principalmente nos debates epistemológicos entre o
positivismo e o historicismo. Mas é na escola norte-americana, em Carl Sauer
(2000), que esse segmento da Geografia tem seu destaque.
A abordagem via geografia cultural como método de
interpretação, vem através das análises espaciais pelas obras humanas que se
inscrevem na superfície terrestre e imprimem-se em símbolos do aparato urbano.
Uma geografia deste tipo é ciência de observação que utiliza a
habilidade na observação de campo. O desenvolvimento da geografia cultural
procede necessariamente da reconstrução das sucessivas culturas de um espaço. Também
está se realizando um desenvolvimento logicamente integrado da geografia
econômica como parte da geografia cultural. Atualmente, há uma tentativa, cada
vez mais presente de aproximação teórica da Geografia Social Crítica,
articulada por autores como Cosgrove e Duncan.
Os problemas principais da geografia cultural consistirão no
descobrimento do conteúdo e significado dos agregados geográficos que
reconhecemos como as áreas culturais (Sauer, 2003). Ambos os autores nos dão bases sólidas para investir no tema cultural como
categoria analítica de estudo da revitalização urbana da Lapa, todavia
reiterando a importância do enfoque geográfico urbano.
Mais do que uma medida de embelezamento, a
revitalização dos centros urbanos, no caso, a Lapa, pode ser um ato de alto lucro para as cidades:
garante a retomada de investimentos, do fortalecimento do mercado e do comércio
(serviços em geral), com a criação de novos empregos etc. Após mais de três décadas de degradação, o
processo da Lapa teve início com tombamentos e reformas de edificações históricas.
Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo
central analisar, sob o ponto de vista da geografia urbano-cultural, a
revitalização da localidade, a partir das reformas culturais. A proposta de pesquisa é discutir e refletir
sobre as consequências da cultura nos processos urbanos, analisando o arranjo
estrutural do espaço em questão e os atores envolvidos.
Tem-se como a questão central de discussão, esta:
as atividades culturais têm a capacidade de impulsionar a revitalização dos
espaços urbanos degradados das grandes cidades?
A proposta de trabalho encontra justificativa em
função do significativo peso econômico e desenvolvimentista que as atividades
culturais apresentam, mas também principalmente pelas evidências que apontam
para a intrínseca relação entre a economia da cultura e urbanização. Trata-se
de um espaço democrático no qual se encontra uma diversidade cultural e social.
O trabalho será estruturado pela análise do
sub-bairro da Lapa per si; como se
deu o processo de revitalização urbano-cultural no sub-bairro; e como se
refletiram os processos históricos de modificação e suas possíveis marcas no
cenário urbano: rugosidades - as marcas do tempo por meio do trabalho que
instituem uma base material difícil de ser rompida (Santos, 1978). Tratar-se-á
também de sua relação com o bairro no qual está inserido (o Centro do Rio), que
apesar de ser um centro decadente, ainda exerce influência nas áreas do
entorno, sendo a Lapa um desses espaços periféricos[1].
O último ponto abordado no trabalho é a questão da
análise de campo, a partir de perguntas realizadas com os empreendedores da
Lapa. Foi aplicado um questionário,
dividido em 8 perguntas: nome, localização, serviços prestado, tempo de
permanência, fundamentos para escolha da Lapa, mudanças perceptíveis,
conhecimento dos projetos de revitalização e sua relação com a vizinhança.
Tentou-se aproveitar o máximo da informalidade para trazer mais assuntos que
enriqueçam o trabalho, como opiniões e percepções dos entrevistados.
As ideias conclusivas fecham o trabalho e
veremos, também, se foi possível alcançar os objetivos, ou seja: se a
revitalização urbana da Lapa teve de fato o fator cultural como o determinante
para desenvolvimento desse processo.
2 - DESENVOLVIMENTO
2.1 - LAPA E REVITALIZAÇÃO
Famosa por diversos pontos de referência, com
destaque aos Arcos da Lapa, a Lapa, antes uma praia conhecida como Areias de
Espanha, é conhecida como o berço da boemia carioca e reúne um dos mais ricos
acervos arquitetônicos urbanos do Rio de Janeiro. O sub-bairro evoca as
lembranças dos "malandros", boêmios e músicos presentes no imaginário
do carioca. Algumas de suas principais vias são: Rua Mem de Sá, Rua do
Riachuelo (Rua de Mata Cavalos) e Rua do Lavradio. Ficou perceptível com o
trabalho de campo que houve transformações no espaço urbano[2] que ocorreram ao longo da história, porém há uma
valorização da conservação de sua paisagem dos primeiros séculos da ocupação e
dando um toque inovador ao local que atrai a tantos de distintas gerações.
Desde o século XVIII, a Lapa já era um local
conhecido por uma ocupação espacial marcada por grupos boêmios. Hoje o
sub-bairro da Lapa é palco de diversas tribos, desde o samba até a música
eletrônica e o rock. Essa peculiaridade de absorver todo tipo de pessoas
culturalmente tão distintas e, dissociadas do seu contexto social, auxilia mais
ainda em crer que a revitalização da Lapa não poderia ocorrer por outro
caminho, a não ser o cultural. Inclusive, é na Lapa que se situa Escola de
Música da UFRJ e foi onde surgiu o primeiro jornal brasileiro (Gazeta do Rio). Os
famosos cafés, restaurantes, leiterias, que foram ponto de encontro de músicos,
sambistas, artistas, intelectuais, inclusive da malandragem, foram
desapropriados e demolidos para surgir à paisagem atual: mistura de vários estilos
e épocas diferentes, porém manteve-se a valorização enquanto ponto cultural
carioca, mesmo que se alterassem os elementos da paisagem.
Esse reduto da malandragem carioca começou a
declinar em 1940, devido à repressão do Estado Novo às atividades ilícitas e a
concorrência com a agitada vida noturna de Copacabana. Decadência que é
associada grande parte a decadência do próprio Centro da cidade que se torna um
centro decadente, com a mudança da capital do Brasil para Brasília e com perda
de sua pujança financeira.
Após mais de três décadas de degradação, em 1970
diversas ações de revitalização começaram a serem efetuadas, como reformas e o
tombamento de edificações históricas (já ressaltando que esse ponto é
primordial para a reocupação das propriedades da Lapa, segundo os entrevistados
locais).
O primeiro passo foi dado em 1979 com a
elaboração do Projeto do Corredor Cultural que engloba não só a Lapa, mas
também prédios e casas localizados no entorno da Praça Quinze, Saara, Largo de
São Francisco e Cinelândia: todas as áreas de destaque no bairro do Centro do
Rio de Janeiro.
Ainda será necessário nesse momento, uma análise
do conceito de revitalização e como essa se deu na Lapa: além dos seus reflexos
nos serviços prestados, seu cunho econômico-cultural determinará a atividade
mais preponderante na área. A música se tornará uma das principais ações
culturais integrantes da área revitalizada, quiçá a predominante. Além de uma
inumerável quantidade de bares, cafeterias, entre os prestadores desse tipo de
serviço.
As intervenções realizadas para a revitalização
urbana são prova do grande potencial as cidades possuem e do quanto à
preservação do patrimônio cultural pode contribuir para isso. A revitalização
possibilita: a retomada de investimentos, do fortalecimento do mercado e do
comércio na local, da criação de empregos diretos ou indiretos, além do retorno
de consumidores, visitantes, turistas e de moradores. Na revitalização a busca
deve ser da harmonia entre o antigo e o novo, com a progressiva contenção de
todas as degradações.
O Projeto Corredor Cultural, sendo uma das
experiências recentes de intervenção em áreas centrais no Brasil, identifica as
diferentes nuances de preservação e renovação de espaços, imóveis, atividades e
usos, em função das características e potencial das áreas delimitadas pelo
Projeto. Intitulado “Corredor Cultural SMP 1979”, levando a publicação da Lei
N.º 506, de janeiro de 1984, se instituiu a revitalização.
Outras medidas também foram adotadas,
posteriormente, como os projetos: Quadra da Cultura, o Distrito Cultural e o Eu
Sou da Lapa. Porém todos são originados desse fator comum que é o Corredor
cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro foi uma das incentivadoras atuais de
tal processo, investiu mais de R$ 8 milhões em obras de revitalização de todos
os projetos, que tiveram essa etapa concluída no início de 2006.
Com isso, boa parte do bairro vem sendo
restaurada, procurando manter a fachada das casas em sua maioria tombadas, e
alguns detalhes de seus interiores. Essa reestruturação é adaptativa aos usos e
atividades artísticas e culturas que representam uma renovação foco da vida
cultural, através dos elementos da paisagem urbana.
2.2 – PESQUISA DE CAMPO: VIVENCIANDO A REVITALIZAÇÃO
Finalizando nosso trabalho sobre a revitalização
da Lapa, traz-se a parte empírica que consiste na análise de campo. Vale
destacar que não há ainda um prazo para a finalização dessa etapa. Como o
processo de formação espacial da Lapa está em constante alteração, essas
visitas ao campo devem ser proporcionalmente realizadas. Aqui se apresentam
apenas amostras das percepções dos atores sociais presentes. Para essa
pesquisa, as seguintes perguntas foram feitas: nome, local, serviços prestado,
tempo de permanência, fundamentos para escolha da Lapa, mudanças perceptíveis e
sua relação com a vizinhança. Buscou-se analisar o entrevistado como realmente
inserido no processo de revitalização espacial, trazendo para o trabalho
algumas das conversas, bem como os comentários advindos.
O primeiro entrevistado foi o Senhor Mário,
barbeiro, de descendência italiana e de 79 anos. Seu estabelecimento e moradia
já estão fixados na Rua do Lavradio a, aproximadamente, 55 anos, onde criou seu
filho e, no mesmo local de trabalho, abriga o acervo de pinturas de sua esposa.
O fator de escolha da Lapa foi devido à tranquilidade do sub-bairro. As
melhorias percebidas a partir da década de 1980, já que é um dos moradores mais
antigos do local (segundo o entrevistado), foram notórias, porém mais
acentuadas a partir do fim da década de 1990. Ele relatou que na entrada do seu
estabelecimento, antes das reformas de infraestrutura, chegou a utilizar uma
“rampa de madeira” para poder adentrar no local. Como o Centro era uma área de
características geomorfológicas de várzea, consequentemente, a Rua do Lavradio
também precisava dessa reforma. Ele relatou que com muita luta da associação de
moradores conseguiu restruturar a rua, comprovando que a mudança, desde o
início da ocupação, teve a população como fator primordial.
Em seguida, entrevistou-se Senhor Moisés um dos
sócios de um antiquário, de 45 anos, que já está no local há quase 12 anos. Ele
notificou como fator principal para o estabelecimento do antiquário ali que a
Rua do Lavradio é o ponto de encontro dos antiquários, o que realmente se
comprova em sua longa extensão, com mais de 20 antiquários. Ele notou um
processo de revitalização acelerado desde que chegou à Lapa, a valorização foi
algo relatado por ele como incipiente e diz que ali é o melhor ponto do Rio de
Janeiro para localização dos prestadores desse tipo de serviço. Para ele, o
fator cultural possibilitou a ocupação do espaço urbano.
Outro entrevistado foi o proprietário de um bar
(sem nome), o Senhor Marcel Campos Antunes, que foi muito receptivo e foi um
grande incentivador para manutenção das entrevistas. Apesar de jovem (27 anos),
ele acompanha as mudanças na Lapa há quase 10 anos. Frequentador assíduo da
Lapa de longa data e com sua noiva residente na Lapa, ele viu a oportunidade de
apropriar-se do Bar, onde se tem atividades de música ao vivo, de terça a
domingo, a 1 ano e 6 meses. Mesmo sendo recente, ele já passou por vários
“choques” e situações inusitadas. Foi mencionado que seu bar, assim como toda a
Lapa, é um lugar que abrange todo tipo de “tribos”. A seleção dos
frequentadores é feita pelo preço cobrado. Para ele, é essencial que, apesar de
conhecer e saber das evoluções oriundas de todos os projetos culturais, a Lapa
ainda se mantém a margem no quesito infraestrutura: sempre que chove, mesmo em
pequenos índices pluviométricos, o nível da água da rua se eleva rapidamente e
ele não pode abrir seu bar. Assim, tem prejuízos devido à infraestrutura.
Porém, ele mesmo disse que esse é o único problema com a Lapa e que as
vantagens culturais são itens determinantes para as atividades de prestação de
serviço. E mais ainda, que o público, por sua heterogeneidade é um facilitador
da atividade cultural.
Por finalizar a visita à Lapa, achou-se
necessário entrevistar alguém que não seja apenas um ator social, ou seja, que
esteja relacionado à produção cultural e prestação de serviços, como os vistos
anteriormente. Buscou-se agora algum morador da localidade que dê ao nosso tema
uma ótica diferente das outras. Para esse fim entrevistamos o Senhor Resende
que foi o principal comprovador da importância, não só acadêmica como também
social de nosso trabalho. Roger Resende nasceu na Bahia, mora no Rio de Janeiro
a 68 anos, dos quais mais de 30 são vividos na Lapa. Dono de um carisma
estonteante, foi muito solicito em responder nossas perguntas, além de
enriquecer nosso trabalho toda sua vivência da Lapa. Contrariando a noção geral
do início do bairro da Lapa, ele disse que ali não era o lugar somente de
boemia e da malandragem, era também uma extensão do centro do Rio, com presença
de prédios administrativos e comerciais. Veio morar na Lapa, após viver muito
tempo na Tijuca, por que “lhe apetece o lugar, já enquanto pagava muito mais
caro por um apartamento 2 quartos lá e aqui na Lapa paga 480 reais em um de 3
quartos”[3]. Como todos os entrevistados, dando suporte mais
ainda para o tema do trabalho, o processo de revitalização acelerou, nesse
período de 30 anos, como tombamento de alguns edifícios e monumentos. Um
exemplo clássico disso por ele mencionado foi em frente ao Circo Voador, onde
há a reconstituição de um espaço cultural a partir de uma parede antiga tombada
como patrimônio histórico. Quanto ao histórico, ele diz que a rua do Lavradio
só cresceu e usufrui de tal condição, devido a esse resgate cultural. Ressalta que em 1950 os maiores compositores
e escritores do Brasil, ou residiam, ou passam grande parte do seu tempo ali.
Ele ainda cita, tal como os outros entrevistados,
que persistem ainda alguns problemas relacionados à infraestrutura urbana. O
espaço urbano não está degradado, todavia está mal administrado e precário.
Além disso, outro problema é o comércio noturno, já que a maior badalação é no
horário de descanso de alguns moradores que ainda residem no sub-bairro. Com
relação à oferta de transporte viário, disse que há facilidade, admite maior
segurança, já que pode andar e ficar em bares até a madrugada, só reclamando
dos “pivetes” perto dos Arcos, sem contar a mendicância. Sobre a especulação,
ele diz que há sim: um apartamento que se comprava por 80 mil reais, hoje não se
consegue por menos de 400 mil reais, processo esse visto por ele agravado nos
últimos 20 anos. Por ora, a Lapa sofrerá também impactos quanto à especulação
promovida pelos eventos esportivos no município.
Ele reclama sobre a assistência aos turistas que
visitam a Lapa diariamente, cita o melhor bar e mais antigo, o BAR BRASIL, com
mais de 120 anos e vê muito um movimento pendular[4], a fim de aproveitar o lazer oferecido pelos
empreendimentos da Lapa. Assim, analisa-se sua participação como importante no
quesito de estimular e conservar essa revitalização que torna a Lapa um lugar:
bom para se viver e que é um grande pólo de cultura para o município do Rio de
Janeiro.
CONCLUSÕES
A questão central de discussão: se a atividade
cultural tem a capacidade de impulsionar a revitalização dos espaços urbanos
degradados ou decantes como o centro do Rio de Janeiro, especificamente o
sub-bairro da Lapa, foi concluída como verdadeira, já que, através da pesquisa
em base pública e da pesquisa de campo com os atores sociais, os projetos
culturais de revitalização desenvolvidos na Lapa impulsionaram a retomada de
sua importância econômica. A revitalização pode sim ser um ato de alto lucro
para as cidades: garantindo a retomada de investimentos, do fortalecimento do
mercado e do comércio e serviços.
Em contrapartida conclui-se também que com
ressalvas que os investimentos estão sendo realizados de forma a atingir um
nicho muito específico, sendo negados alguns projetos estruturais do bairro,
que ainda convive com problemas de infra-estrutura e outros problemas urbanos
de um centro de uma metrópole, como violência, mendicância, tráfico de drogas,
insegurança etc.
A atividade cultural da Lapa é historicamente
heterogênea e acessível aos mais diversos grupos (“tribos urbanas” e classes
sociais). E isso deve ser conservado na Lapa: um lugar sem fronteiras
culturais, econômicas e espaciais.
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[1] Ou zona de obsolescência, que caracteriza-se pela semi-intensidade das atividades socioeconômicas, beneficiando-se da proximidade da área central, ampla escala horizontal, residências de baixo status social e foco de transportes inter-regionais (Corrêa - 1993).
[2] O espaço urbano é o espaço de uma grande cidade capitalista, onde se localizam as atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo social, de lazer. As modernas cidades capitalistas, principalmente as grandes áreas metropolitanas, constituem-se num produto da ação simultânea de atores sociais distintos que foram emergindo ao longo do processo histórico e que vem produzindo o espaço urbano, segundo seus interesses.
[3] Comentários do próprio entrevistado.
[4] Fluxo que não corresponde à migração, pois não é realizado com intuito
de mudança definitiva, movimento esse da Zona Sul para a Lapa na parte da noite