Revista geo-paisagem (on line)
Ano 10, nº 19,
Janeiro/Junho de 2011
ISSN Nº 1677-650 X
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Revista classificada pelo Dursi
Revista classificada pela CAPES
|
Onde
começa a geografia brasileira? Seria no
Instituto Histórico Geográfico Brasileiro? A geografia brasileira começa no
IHGB!
Helio
de Araujo Evangelista
Resumo
O texto aborda o início da produção geográfica
brasileira. Há diferentes etapas enfoques e aspectos
desta questão. O Instituto Histórico Geográfico Brasileiro foi decisivo neste
processo. Assim, é nosso intenção tratar da
importância do IHGB.
Palavras-chaves: Geografia ,
ciência, proposta
Abstract
The author examines the origin
of Brazilian geography as a science. There is different ways to develop the
question. The Brazilian Geographic
Historical Institute was very important for it. So, we aim to discover how
important IHGB is.
Key-words: Geography,
science, proposal
Apresentação
BINGO!
Esta é a sensação quando se estuda o
IHGB e mantém a intenção que vem percorrendo os textos mais recentes
encontrados na revista Geo-paisagem. Bingo porque
pela primeira vez se percebe um projeto que articula produção de conhecimento,
conhecimento geográfico, entre outros, com relações de interesse irmanados por
um projeto de poder.
IHGB é fruto de uma expressão de
poder, empresarial, intelectual, segmentos do estado então em formação!
Tendo em conta todo o resgate
elaborado por Wilson Martins em História
da Inteligência Brasileira, não há algo paralelo nesta história até então ao
que ocorre na conformação do IHGB.
Em interessante artigo de autoria de
Maria das Graças da Lima, encontrado nos Anais do I Encontro Nacional de
História do Pensamento Geográfico (eixos temáticos, 1999, vol. 1, p. 200-206), é possível acompanhar seu destaque para
Aires de Casal, considerado o pai da geografia brasileira, segundo Auguste de Saint-Hilaire, por força de seu pioneiro estudo corográfico sobre o Brasil. Seria esta a origem da
geografia brasileira?
Tendo a discordar desta posição. A
obra de Aires de Casal é um marco. Mas um marco! Fica nisto! É um fenômeno
ilhado! Já a produção do IHGB apresenta um processo, o Brasil se descobre nele.
Em Aires de Casal há um retrato! Enfim, ao fim e ao cabo, estamos tratando de
aspectos bem distintos nesta nossa preocupação sobre a origem da geografia
brasileira.
Afirmar que uma obra ensejou uma geografia ... o que vem após ela?
No caso de Aires de Casal, a resposta é nada! [1]
Enfim, não se é difícil concordar
com Auguste de Saint-Hilaire, a depender da
referência do que se entenda por origem de alguma coisa, mas para efeito de
estudo sobre o tema da geografia brasileira, parece ser mais procedente
considerarmos o IHGB como base e tranpolim para todo
um processo que incluiria mais tarde a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro
(mais tarde Sociedade Brasileira de Geografia, confira em www.feth.ggf.br/socgeorio.htm
), o Serviço Geográfico do Exercito (confira www.feth.ggf.br/servigeox.htm)
e bem mais tarde a própria criação do Instituto Brasileira de Geografia e
Estatística (veja www.feth.ggf.br/FIBGE.htm ) .
No IHGB, pela primeira vez
Por várias vezes
já tido ido ao IHGB. Por várias vezes recorri ao seu acervo, precioso
acervo. Lá descobri artigos de tempos imemoriais sobre limites territoriais,
sendo um especialmente marcante sobre limites na Província do Pará da metade do
século XIX!
Tenho particular honra em ver
registrada minha produção sobre o Rio de Janeiro guardado em seu acervo. Em que
pese ser tema pouco antigo, retratam o século XX, não tenho dúvida que após
minha passagem entre as pessoas que me são caras, o IHGB continuará em sua
trajetória e ficará em seu registro alguém, entre tantos, andou refletindo
sobre o Rio de Janeiro.
Porém, quando resolvi, para este
artigo analisar o IHGB, é como se me invadisse uma sensação primeva,
como se olhasse pela primeira vez aquela entidade. E
como se ao olhar um espelho para reconhecer uma identidade, passava num dado
momento a reparar no próprio espelho.
Assim, de certo modo, descrevo
abaixo a primeira vez que adentrei no IHGB, pela primeira vez por força de um
novo olhar!
Ao chegar no 10º andar, ao sair do
elevador, deparamo-nos com treze imagens (das quais algumas fotografias)
retratando cada presidente da entidade. Assim, de 1838 (ano de sua fundação)
até 1996 (último presidente, reeleito até hoje), em 158 anos
portanto, tivemos apenas 13 presidentes. Na relação, ao menos em nossa
visita de outubro de 2010, não consta a fotografia do atual presidente Arno Wehling, mas contando com este temos quatorze presidentes,
ou seja, uma média de onze anos por titular.
O presidente mais longevo foi sem
dúvida o Sr. Embaixador José Carlos Macedo Soares, que
presidiu a entidade de 4/5/1939 até 28/1/1968. Em seguida o Sr. Candido José de
Araujo Viana, marques de Sapucaí (1847-1875) e o Sr.
Afonso Celso de Assis Figueiredo Jr., conde de Afonso Celso, de 11/2/1912 até
11/7/1938. Ou seja, apenas três pessoas ocuparam 83 anos da história da
entidade; quase metade da história do IHGB até os dias de hoje veio a ser
marcada por estas três pessoas.
Em resumo, é uma entidade que conta
com o tempo, com a persistência no tempo, para demarcar a persistência de sua
identidade na história brasileira. É uma entidade sem pressa!
Primeiras leituras
Com orientação do secretário local,
passei a me dar conta que o relato sobre a história do IHGB envolve um embate.
O seu legado depende de algumas preferências, tendências. Como se o que fosse
dependesse dos sabores! Das circunstancias! As coisas não são, se interpretam!
Se encaminharmos por esta trilha, Deus nos acuda! Daqui a pouco passaremos a
duvidar se o
IHGB de fato existe... Por mais relativista ... é conveniente moderação!
Mas a principal questão é a
seguinte: quando surge a geografia brasileira? Parece-me que o embrião deste
processo tem no IHGB um agente fundamental!
Mas como, em que termos? É o que
veremos a seguir!
IHGB é assunto de intelectuais
Arno Wehling
em sua reflexão sobre a entidade que preside desde 1996 observa que em 1843 o IHGB
promoveu um concurso cujo tema era: “Como se deve escrever a história do
Brasil”, cujo vencedor foi o naturalista bávaro Karl Von Martius
e respectiva monografia. (2010, p. 52) Ou seja, desde a
primeira hora a entidade está envolvida com a conformação de uma interpretação
do Brasil, correlato a isto, ainda ocorria o papel de salvaguarda da memória
nacional. Dupla função que nem sempre alcançava adequada utilização de meios
(ibidem, p. 54). [2]
IHGB é assunto de empresários[3]
“Em 1820, com mais duzentos outros
subscritores, Ignácio Alvares Pinto de Almeida pede
ao Governo Imperial de D. João VI que lhe permita instalar uma sociedade civil.
A idéia parte de um homem de grande visão e crítica, que concebe uma
instituição destinada a orientar parte da classe dirigente na afirmação de seus
interesses imediatos...
Em 19 de outubro
de 1827 é instalada solenemente a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.
O Secretário Ignácio Alvares Pinto de Almeida, em
discurso, define o seu objetivo, que é precipuamente
“cooperar para a felicidade Nacional”. Para isto está “convencido de que nenhum
país floresce, e se felicita sem indústria; por ser ela o
móvel principal da prosperidade e da riqueza, tanto pública, como
particular de uma nação culta e realmente independente.”
...
A primeira
sessão é em 28 de fevereiro de 1828: seu Presidente é o Visconde de Alcantara e fazem parte da diretoria o Brigadeiro Francisco
Cordeiro da Silva Torres, João Fernandes Lopes, Manoel José Onofre, João
Francisco Madureira Pará, Conselheiro João Rodrigues Pereira D’Almeida e
Ignácio Alvares Pinto de Almeida. O Visconde de Alcantara, cujo nome é João Inácio da Cunha, rege a
instituição de 1827 a 1831. Com a sua retirada, o substituem outros consócios,
mas, os períodos mais brilhantes são os do Marques de Abrantes (1848-1865), o
do Visconde do Rio Branco (1865-1880) e o de Nicolau Joaquim Moreira
(1880-1894).
A Sociedade
Auxiliadora da Indústria Nacional, no entanto, objetiva
determinados fins e para isso se organiza como sociedade civil. Os seus
diversos Estatutos demonstram a idéia e, através do tempo, a ampliação de
objetivos. No primeiro Estatuto, redigido em 1824, fala-se que a composição da
Sociedade será de sócios efetivos e honorários, dirigida por um Presidente, um
Vice-presidente, um Secretário, um Tesoureiro e dois Adjuntos; o Presidente é
de confiança pessoal do Imperador (Capitulo 1.).
Efetivos são os membros da diretoria ou pessoas que sejam donas de “Invento
novo, Modelo, Máquina ou Memória de Conhecida utilidade”; ou contribuam com
valor de duzentos mil réis. Honorários são os que se ligam à Sociedade
(Capitulo 2. ). No Capítulo 3. especifica-se
que “haverá uma Casa, que sirva de Depósito, e Conservatório das Máquinas, e
Modelos, que se adquirem e onde as mesmas máquinas, e modelos estejam em ordem,
e asseio, não só para a sua conservação, mas para a sua exposição ao Público,
às quintas-feiras de cada semana, e em qualquer outro dia aos “Artistas e
Fabricantes”, que se quiserem consultar a fim de que possam ser vistas
comodamente, e copiadas pelas pessoas que nisso tenham interesse ...” No
capítulo 5. volta-se a afirmar que “é de obrigação, e positivo dever desta
Sociedade a aquisição, arrecadação e conservação das Máquinas, Modelos e
Inventos adquiridos, e de quanto por este meio possa concorrer, para aumento e
prosperidade da Indústria Nacional desse Império, devendo porém mandar vir com
preferência aquelas Máquinas, ou Modelos, que forem mais necessários, e úteis à
Agricultura. Fábricas, e Artes, como as bases mais sólidas e importantes da
prosperidade de um País”. No capítulo 6.,
especifica-se as diversas seções, privadas e públicas e seu ritmo de
convocação: em cada mês (Sessão econômica), de três em três meses (ordinária),
extraordinária e pública (uma vez por ano).
Em 831, há a
primeira modificação dos Estatutos, que clareia alguns tópicos, repete outros e afirma que a Sociedade “tem por fim
promover, por todos os meios ao seu alcance, o melhoramento, e prosperidade da
indústria no Império do Brasil.” Em 1848, a nova redação é mais ambiciosa: a
Sociedade tem por fim promover por todos os meios ao seu alcance o
aperfeiçoamento da agricultura, das artes, dos ofícios, do comércio e da
navegação do Brasil; a auxiliar a nossa nascente indústria com prêmios,
certificados, publicações e exposições, segundo o uso das nações mais
adiantadas na civilização” (art. 1. ); nos artigos 2. e 3. mostra-se que para
obter este fim é preciso colecionar máquinas e expo-las
ao público, publicar periódico mensal, desenvolver biblioteca, administrar
aulas sobre (p.20) doutrinas industriais, corresponder com Sociedades
estrangeiras etc. medidas estas que já funcionam desde a década de 1830. Em
1857, em nova redação, os Estatutos rezam que a Sociedade “tem por fim promover
por todos os meios ao seu alcance o melhoramento e a prosperidade dos diversos
ramos da indústria do país, e auxiliar o Governo sempre que por ele for
consultada sobre todas as questões concernentes aquele fim”; para atingir os
seus objetivos estabelecerá uma escola prática de Agricultura, cursos teóricos,
um Museu industrial, exposição geral e parcial dos produtos industriais e
artísticos, um periódico etc. (Capítulo 1.). Burocraticamente, haverá sessões
de Agricultura, indústria fabril, Máquinas e aparelhos, artes liberais e mecânicas,
comércio e meios de transporte, geologia aplicada e químicas, comércio e meios
de transporte, geologia aplicada e química industrial, melhoramentos das raças
animais (Capítulo 4). Em 1869, o novo estatuto introduz outros detalhes, entre
eles os que tratam das sessões, em que se acrescenta o de Zoologia, de estatítisca industrial, de colonização e estatística e o de
finanças da Sociedade (Capítulo 4.). E aparece um artigo novo, rezando que “sua
Majestade o Imperador é considerado como Presidente Perpétuo da sociedade
enquanto se dignar conceder-lhe esta Graça” (Capítulo
2., artigo 4.).
(p.23)
Afinal, há um último ponto a assinalar a favor da
Sociedade: é por sua iniciativa que se funda o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. A história é a seguinte: o 1. Secretário
Marechal José da Cunha Matos e o famoso Cônego Januário da Cunha Barbosa, em 18
de agosto de 1838, fazem proposta para a criação do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. No dia seguinte a idéia é aprovada e em 21 de outubro de
1838 o IHGB é instalado. Dele fazem parte (p.24), a grosso
modo, os membros da Sociedade, cuja primeira presidência cabe ao
Visconde de S. Leopoldo. Por proposta do Cônego Januário, o futuro Imperador aceita
o título de protetor do Instituto. Só em fevereiro de 1839 é que o IHGB acha
acomodações próprias, retirando-se do prédio da Sociedade Auxiliadora da
Industria Nacional.”
IHGB e seus fundadores
José Feliciano Fernandes Pinheiro[4]
Da Sociedade
Auxiliadora da Indústria Nacional, precursora do Instituto
Histórico, o visconde de São Leopoldo, fora sócio, depois eleito
vice-presidente e dizia ele: “Tive alguma parte nesta Instituição, como se vê
do Aviso de 18 de julho de 1837, em que, sendo então ministro do Império,
declarei a aprovação dos Estatutos apresentados, e a nomeação da primeira mesa,
etc., etc.” Do Instituto Histórico, foi logo eleito presidente perpétuo.
(p.130)
(p.131)(o visconde relata o quanto os jesuítas escreveram sobre o
Brasil e vem a ser um material inédito e pouco conhecido, fazendo votos para
que fossem publicados, incluindo Southey como um de
seus usuários para compor sua obra)
(na pág. 137
registra-se que ele estava a compor uma História Geral do Brasil, uma das grandes
ambições da época, justamente para marcar diferença em relação à história
portuguesa)
Raimundo José da Cunha Matos[5]
Faro, a capital
do Algarve, em Portugal, é uma pequena cidade de
12.000 habitantes, banhada pelo Atlântico...Nessa
cidade meridional, sob o lindo céu da pátria lusitana, nasceu, a 2 de novembro de 1776, Raimundo José da Cunha Matos, que veiu (sic) a ser mais tarde marechal de campo do Exército
Brasileiro, deputado às duas primeiras legislaturas do Império, pela província
de Goiaz (sic), fundador do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, secretário geral da Auxiliadora da Indústria Nacional,
vogal do Conselho Supremo da Justiça Militar, sócio correspondente do Instituto
Histórico de França, da Sociedade Burbônica (sic) e da Academia Real de Ciências de Lisboa:
oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro, Comendador da de São Bento de Aviz, etc.
(p. 161) Em 18
de agosto de 1838, reunido o conselho administrativo da Sociedade Auxiliadora
da Indústria Nacional, leu o seu 1º secretário, o marechal Raimundo José da
Cunha Matos, uma proposta também assinada pela figura expressiva, cônego
Januário da Cunha Barbosa, com o título de Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Desmembra-se da associação já existente, outra, com denominação mais ampla, e
de finalidades muito mais gerais. É o caso da filial trazer consigo um destino
muito mais brilhante e percuciente. Ela seria uma expressão de nacionalidade.
Ora, não puderam
criar antes, porque a História do Brasil estivera depender da independência do
povo, que só agora se emancipava...[6]
Cônego Januário da Cunha Barbosa [7]
O primeiro
secretário que teve o instituto Histórico foi figura eloqüente, famosa, que .se destacou em quase todas as situações históricas de
seu tempo. (p. 171)
No Seminário de
São José fora discípulo do grande pregador e mais tarde bispo de Angola, frei
Antonio de Santa Ursula Rovalho,
aulas freqüentaram as grandes figuras do púlpito daquele tempo como São Carlos,
Sampaio, e Monte Alverne.
Em 1808,
concluídos os estudos no Seminário, toma as ordenas de subdiácono, e dois anos
mais tarde, tendo ele então 23 anos de idade, é sagrado sacerdote pelo Bispo do
Rio de Janeiro, d. José Joaquim Justiniano Mascarenhas
Castelo Branco.
Pela grandeza
que tem a Igreja, em contraposição à simplicidade da vida de outrora, no
Brasil, o cerimonial da sagração tinha, aos olhos do povo, expressão extraordinária,
e assistia a essas festas solenes muita gente cheia de
respeito, e, ainda mais, de interesse motivado pela significação que encontrava
na vida do sacerdote, por vezes de grande projeção social. (p. 171)
Ora, desde maio
de 1846, Januário estará substituído na Câmara dos Deputados
pelo futuro visconde de Uruguai, Paulino José Soares de Souza. Paulino
representará a recrudescência da força dos
conservadores, a volta de Vasconcelos, e a queda dos
liberais, a cuja frente Aureliano se mantém até 1848, quando desiludido da
política, desce da presidência da província do Rio de Janeiro.
A morte de
Januário, entretanto, estava próxima. Conta o seu sobrinho: “Enquanto o povo
fluminense assistia ao primeiro baile mascarado, realizado no teatro São
Januário, à praia de d. Manuel, a 22 de fevereiro de
1846, falecia de uma febre intermitente perniciosa, à rua dos Pescadores n. 80,
aquele que tantos serviços prestara à sua pátria”.
...Ao baixar o
corpo à sepultura, levantou a voz o orador do Instituto Histórico, Manuel Araujo de Porto Alegre. (p. 198) [8]
IHGB é assunto de estado
Pela obra de Max Fleiuss, intitulada O Instituto Histórico através de sua
Revista, é factível anotar o volume da produção após cem anos de existência, no
caso em 1938. De certa forma a revista atuava como um balão de ensaio onde se ia registrando toda a produção passível de ser
registrada sobre o Brasil e com isto criando um acervo sistemático. Este acervo
mostra-se incompleto, afinal o tamanho do país estava a exigir um outro tipo de
instrumento que o IHGB em parte supria.[9]
IHGB é assunto da geografia , uma avaliação
A geografia brasileira existe uma
antes do IHGB e bem outra com o IHGB. Antes do IHGB, geografia brasileira era
coisa de estrangeiro, ou de algum freqüentador de acervo mantido por mosteiros.
Com o IHGB a geografia brasileira
adquire uma conotação, historizizada
(certamente), mas tem uma produção mais ampliada, com uma audiência mais
diversificada. Enfim, começa a ocorrer uma combinação de talentos. Pessoas,
funcionários, professores, acorrem para os seu corredores
para escutarem relatos, aplaudir empresas, enfim, passam a respirar Brasil! [10]
Fonte
de consulta
Bibliografia
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do Instituto Histórico Brasileiro para remeterem à Sociedade central no Rio de
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______________
Onde está a geografia na Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística? In Revista geo – paisagem
(on line), Volume
4 , número 7, Janeiro/junho
de 2005, www.feth.ggf.br/FIBGE.htm
FLEIUSS,
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mestrado, programa de pós-graduação em história da Universidade de Brasília,
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Arno. De formigas, aranhas e abelhas. Rio de Janeiro: Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, 2010.
Documentos
Endereços
virtuais (consulta em 13 de setembro de 2010)
http://iealc.fsoc.uba.ar/hemeroteca/elatina30.pdf
http://enhpgii.files.wordpress.com/2009/10/charlles-da-franca1.pdf
http://www1.capes.gov.br/teses/pt/2004_mest_ufrj_luiz_cristiano_o_de_andrade.pdf
http://www.fsj.edu.br/judiciario/JUDICIARIO_FLUMINENSE_INTERIOR.pdf
[1]
Não
faltaram obras sobre a chamada geografia brasileira, tais com: BURMEISTER, GARDNER, KIDDER,
D.P. e J.C. Fletcher , PFEIFFER,
Ida e TSCHUDI,
J. J. Von. Mas a questão é: qual o efeito gerado? Não raro eram textos eram
textos de difícil acesso a começar pela própria língua que utilizava. Enfim, é
no IHGB que a corografia passa a ter uma conotação
mais doméstica. A produção fica mais popularizada. As discussões adquirem
audiência pública com as sessões abertas pelo IHGB.
[2] Cabe aqui chamar a a atenção do trabalho aqui utilizado – De formigas, aranhas e abelhas, reflexões sobre o IHGB – de Arno Wehling, editado pelo próprio IHGB, embora resumido, é útil, e atualizado material de apoio na caracterização das diferentes fases da entidade.
[3] Segue abaixo trechos da obra O Centro Industrial do Rio de Janeiro de Edgard Carone, 1978, p. 16, 17, 19, 20 e 23. Em que pese longo, é útil a presente passagem porque é não é acessível uma história tão bem resumida como esta que se segue.
[4] Segue abaixo
trechos da obra Os fundadores de Feijó Bittencourt,
1938. Sobre José Feliciano Fernandes Pinheiro (visconde de São Leopoldo),
primeiro presidente do IHGB, nasceu em 9 de maio de 1774 e faleceu de uma
pneumonia em Porto Alegre (Província de São Pedro do Rio Grande do Sul) no dia 5 de julho de 1847, p. 21-139.
[5] Segue abaixo
trechos da obra Os fundadores de Feijó Bittencourt,
1938, sobre Raimundo José da Cunha Matos, p. 143...
[6] O que chama a atenção neste
trecho é a parceria entre um militar pouco afeito às sutilizas da retórica e
mais voltadas a proferir voz de comando, e um cônego, este sim um homem de
imaginação (como se refere o texto), mas que atua em concordância com seu colega militar.
Outro aspecto diz respeito ao atrelamento do IHGB ao
escrito de uma história nacional, ou seja, não tratava-se
de constituir uma escola de pensamento brasileiro, mas sim alcançar um produto,
uma história que não se confundisse com o que já havia sido registrado sobre
Portugal. Inclusive, na p. 164-5, se realiza uma retomada dos que até então
tinham se ocupado com a história brasileira segundo Cunha Matos. Este faleceu
em 23 de fevereiro de 1839, portanto, sua marca no IHGB se resumiu a que este
passasse a existir.
[7] Segue abaixo
trechos da obra Os fundadores de Feijó Bittencourt,
1938, sobre Cônego Januário da Cunha Barbosa, p. 171 ...
[8] Pelo longo histórico encontrado Januário, jornalista, deputado, veio a somar força com o grupo liberal, mentor da Sociedade Auxiliadora quanto do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. Mas um grupo que à época não logrou muito sucesso comparado ao grupo conservador.
[9] A criação do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (1938) diretamente vinculado à presidência da República, de certo modo sinaliza uma nova fase em termos de geração de informações sobre o Brasil.
[10] Naturalmente que lá não é o único lugar onde se respira tal tipo de oxigênio, mas certamente, é, à época, a instituição mais focada para discutir Brasil.