Revista geo-paisagem (on line) Ano 8, nº 15, 2009 Janeiro/Junho de 2009 ISSN Nº 1677-650 X Revista indexada ao Latindex Revista classificada pelo Dursi Revista classificada pela CAPES |
Território
e poder. A geografia dos fortes militares do Brasil colonial. Um olhar para o
Rio de Janeiro
Helio
de Araujo Evangelista[1]
RESUMO
O artigo visa destaca o componente
da vida militar na identidade do Brasil. Uma dimensão
indispensável para compreender as
cidades e regiões brasileiras. Um tema
que merece maior atenção pelos geógrafos brasileiros. Esperamos que o texto
possa ser um incentivo para melhor trabalhar o tema.
Palavras-chaves: vida militar, identidade brasileira, história.
ABSTRACT
The aim of this article is to search how
important military life is for the identity of Brazil. It’s very hard to believe
military life has no importance to cities and brazilians regions. In fact it’s
an object that need more studies by brazilians geographers. We think this
article can be a motivation to develop
another studies about it.
Key-words: military life, brazilian identity, history.
Introdução
Se no artigo anterior
dimensionamos o papel dos índios, no presente, destacamos outra faceta tão
decisiva quanto à indígena na configuração da geografia brasileira no tempo
colonial, a saber, o caráter militarizado do espaço.
Sob a perspectiva da militarização do espaço, é curioso
notar que os fortes tinham uma dupla função de resguardar tanto a terra, quanto
o mar. Os principais fortes no Brasil estão premidos por esta índole.
Se os antigos castelos dos senhores feudais, verdadeiras
máquinas de guerra a seu tempo, se pautavam pela preservação de áreas e rotas
numa dada porção do continente, os grandes fortes no Brasil seguirão
invariavelmente um perfil de defesa de rotas marítimas.[2]
A centralidade brasileira por todo período colonial pode
ser encontrada nos fortes marítimos. Não houvesse estas máquinas de guerra o
Brasil não teria o território que tem. O tamanho do país foi inicialmente
conquistado no litoral, com os fortes.
Mas, por que analisar fortes? Em qual perspectiva se
encaixa este último trabalho em relação ao que venho produzindo até então na
Revista Geo-paisagem em nome do rótulo – geografia?
Como já observado em momentos anteriores da revista, após
uma análise mais contemporânea da disciplina, focando fundamentalmente aspectos
do século XX, voltei para uma perspectiva da geografia profunda, ou seja, onde
podemos encontrar as chamadas raízes da geografia brasileira? Num primeiro
momento abordamos os índios, natural esta escolha porque eles chegaram primeiro
no território, mas, acima de tudo, eles estão presentes ainda hoje em nós, no
nosso vocabulário, na nossa pele, enfim na nossa maneira de ser. Há uma
dimensão indígena da geografia que convém melhor explorar!
Neste trabalho, por sua vez, analiso outra dimensão
poderosíssima da geografia brasileira porque é um dos poucos países a
constituir um grande território com pouca gente! Se, por exemplo, temos em
conta o processo de expansão territorial dos Estados Unidos, esta ocorreu
marcada a ferro e fogo! No Brasil, não! Foi muito mais decisiva a competência
diplomática de um Alexandre de Gusmão, Barão do Rio de Branco entre outros do que
o ato da guerra e da compra.[3]
O Brasil foi conquistado pela lábia, pelo papo, pela
caneta! O ganho territorial brasileiro foi muito mais decorrente de uma
violência manipulada preventivamente do que por uma violência ostensiva,
agressiva, que veio a dizimar seus oponentes tal como ocorreu nos Estados
Unidos; neste, quantos índios há para contar história ? E no Brasil, quantos
há? Esta diferença está a merecer maior atenção entre os que elaboram uma
leitura rasa da história brasileira do tipo ... genocídio etc. se aqui houve
isto o que lá então ocorreu ?
Os fortes no Brasil anteciparam algo que o Brasil vem se
esforçando a ser ainda em pleno século XXI, ou seja, um país senhor de seu
território.
Tudo começou em
Portugal
Janeiro de 2005. Eram
paredes antigas, hoje inúteis, quando muito atraia um certo fluxo turístico,
mas, no passado, quanto não serviu à mãe pátria na defesa do norte português
contra as sucessivas invasões espanholas.
Refiro-me ao forte localizado em Almeida em Portugal, que
tive a oportunidade de conhecer. Uma verdadeira máquina de guerra, ou melhor,
uma estrela de guerra. Uma estrela se sobrepondo a outra e de cada muralha a
outra criando desníveis que poderiam ser preenchidos d’água. A disposição do forte
vinha no sentido de tornar os primeiros
combates o quanto mais distante do núcleo; neste, por sua vez, uma verdadeira
cidade, com direito a ruas, ruelas, praças, igrejas, área de mercado. Quantas
casas? Difícil dimensionar porque a área de um forte é toda ela aproveitada em
sua parte externa e interna concorrendo para tanto uma série de túneis que
desembocam em verdadeiros labirintos. O forte encontra-se bem preservado;
aliás, melhores informações sobre o próprio podem ser obtidas na obra de
Conceição (2002)
O que chama, ainda, a nossa atenção na localidade é a
abundância de pedra. Fosse pedra uma fonte de riqueza e o país não teria mais
problema algum dada a falta de recursos. Porém, esta facilidade de acesso à
pedra originou uma fantástica engenharia militar no qual o esmero nas
construções podem ser explicitadas de diferentes formas, inclusive nas igrejas.
Uma cidade próxima de Almeida é Guarda, nela há uma catedral toda em pedra que
demorou mais de cem anos para ser concluída.
Enfim, este manuseio com pedra se mostrou muito útil na
posse colônia brasileira e, de certo modo, a extensão do território brasileiro
tem uma imediata relação com os fortes encontrados no litoral, assim como no
interior, particularmente na região amazônica.
A possessão da região amazônica como partícipe do
território brasileiro decorreu de uma trama complexa de fatores para a qual
colaboraram tanto a falta de interesse dos espanhóis em ocuparem uma área que
pelo Tratado de Tordesilhas lhes era de direito, quanto o empenho de Portugal
em tomar posse da região. Em parte, podemos compreender esta expansão para o
oeste devido a falta de um encontro imediato de metais, tal como ocorreu com os
espanhóis na Cordilheira dos Andes, o que fez com que os portugueses se vissem
constantemente estimulados a transgredirem os limites do Tratado de Tordesilhas
em busca de metais preciosos. Expansão esta que adquiriu maior intensidade à
medida que a própria economia de Portugal mostrava claros sinais de decadência.
[4]Outro
aspecto a assinalar vem a ser a ação das ordens franciscanas e dominicanas,
assim como o papel dos fortes militares no desenho das fronteiras ocidentais do
país. ( Sobre este último ponto veja Mattos, 1990, pp. 71-73 )
Fortes no Brasil
As primeiras fortificações coloniais foram construídas não só por portugueses,
mas também por espanhóis, franceses e holandeses que, de uma forma ou de outra,
também tinham interesse no território. Já as mais modernas foram erguidas no
Império e algumas outras, no período republicano. Ao todo, ao longo de dois
séculos e meio, essas fortificações somaram mais de 350 unidades de diferentes
formatos: fortificações, fortalezas, fortes, fortins, redutos e presídios.
Muitas foram batizadas com nomes de santos, coerentes com o ideal português de
colonizar e ao mesmo tempo difundir a fé católica. Para isso, o lema adotado
era “Julgada a causa justa, pedir a proteção de Deus e atuar ofensivamente,
mesmo em inferioridade de meios”.
A maioria das fortificações
brasileiras se encontra localizada no litoral, rodeada por praias também muito
visitadas. A região nordeste é a que possui o maior número deles, sendo uma
referência marcante para quem viaja em busca destas construções seculares. Os
Estados do Ceará, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Rio de
Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os mais procurados
quando a intenção é conhecer e desvendar a história do país através das
fortificações militares do passado. [5]
Rio de Janeiro – uma
cidade que nasceu militar[6]
O que se segue decorre
da leitura da obra – As forças armadas e o Rio de Janeiro – promovido pela
Academia Brasileira de Ciências, Escola Superior de Guerra e Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, 2002.
Infelizmente, trabalho pouco conhecido mas que realiza um
notório apanhado da relação entre a cidade e as forças armadas.
Mas, por que tal ênfase no Rio de Janeiro?
Caro leitor, cara leitora, adoto tal procedimento para
sair do lugar comum, ou seja, me vi na
situação de vir a produzir um texto com aspectos que fossem sobejamente
conhecidos, assim, escrever o que os outros já conhecem significa para mim
perder tempo.
O encaminhamento aqui adotado vai na direção de alcançar
duas “novidades” a saber, a primeira, introduzir uma perspectiva metodológica
que incentivem o fomento de outros estudos geográficos sobre fortes militares
no Brasil. Arrisco-me a dizer que a produção de geógrafos brasileiros sobre o
tema é praticamente nula, há sim, engenheiro, arquiteto, historiador, museólogo
dedicados ao tema. Mas geógrafos ... nada!
Como perspectiva metodológica aqui apresentada se cerca
da noção de que Rio de Janeiro, uma cidade que nasce militar, não era algo
exclusivo da mesma; a hipótese que perpassa este trabalho é de que todo espaço
urbano litorâneo no Brasil foi formado sob a égide da defesa.
Neste sentido, não se trata de se reconhecer praças de
guerra, fortes, quartéis num dado local. De forma alguma, o que aqui se
valoriza é a noção de que a estruturação urbana, o solo urbano, o tecido urbano
é forjado, gravado, concebido num enquadramento de defesa. A cidade no Brasil,
a cidade litorânea, antes de ser a cidade da troca, do comércio, era a cidade da arma. A estrutura urbana
litorânea brasileira surge sob a égide de um espírito de defesa. A arma é algo
intrínseco ao construir cidade no Brasil do litoral.
A demonstração disto passa pela recuperação de uma
memória de todas as cidades litorâneas importantes brasileiras.
Começo pelo Rio de Janeiro porque simplesmente vivo nesta
cidade. Respiro sua realidade todo dia e procuro cada vez mais conhecê-la.
A segunda novidade, esta de efeito mais doméstico,
inserido numa série de estudos que realizo sobre a cidade, é dada pelo fato de
ser a primeira vez que abordo a mesma a partir da ótica militar, e como tem
coisa!
A
história do Rio de Janeiro se confunde, desde o início, com a história de sua
defesa
Assim começa o volume – As forças armadas e o Rio de
Janeiro – promovido pela Academia Brasileira de Ciências, Escola Superior de Guerra e Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, 2002. E, como assinalado, será o
nosso mais novo fio condutor na abordagem do tema.
Sobre a Marinha Brasileira, não raro é tratada como a
força armada carioca. De certo modo, por força da própria configuração da Baía
da Guanabara, uma baía que favorece em muito a defesa porque dispõe de pequena
entrada de acesso paralela a uma grande disposição de área em seu interior.
Mas desde cedo a questão militar no Rio de Janeiro
envolveu a dimensão marítima. A invasão de corsários, particularmente
franceses, além de outros que procuravam ocupar áreas próximas como Ilha
Grande, Cabo Frio etc[7] ensejaram desde cedo uma preocupação por
parte da Metrópole quanto ao fortalecimento deste entroncamento marítimo que se
mostrou estratégico na preservação da colônia e na viabilização de apoio a
empreendimentos de portugueses na África e na própria Bacia do Prata.
No século XVIII o poder que havia de fato no Rio de
Janeiro tomou forma jurídica, ou seja, em 1763 o Rio de Janeiro substitui
Salvador enquanto capital do vice-reino. Esta medida, afora a importância que a
cidade tinha para o comércio português com a África e com a Bacia do Prata ao
sul, veio a sua importância ser acrescida enquanto o principal porto brasileiro
pelo qual passava a produção de minerais encontrados nas chamadas Minas Gerais. [8]
Pouco tempo depois, em menos de cinqüenta anos, uma nova
medida de impacto, ou seja, transferência da Família Real para o Brasil em 1808
e a abertura dos portos às nações amigas. [9]
Estes dois fatos iriam introduzir a cidade num novo
patamar pois passava a ter um staff burocrático, capaz, que fomentou uma série
de instituições que marcaram, e marcam, a vida nacional, tais como Banco do
Brasil, Biblioteca Nacional, Jardim Botânico, Museu Nacional de Belas Artes
etc. Nesta fase, em pleno século XIX, não temos só o forte, mas o fomento de
uma elite militar, é quando então toma corpo as academias militares. Com a vinda da Família Real, então D. João VI
cria o real Hospital Militar, no morro do Castelo, a fábrica de Pólvoras, a
Real Academia Militar e o Quartel do Campo segundo Guilherme de Andrea Frota
(op. cit, p. 33). O Clube Militar, uma associação de classe, foi criado nas
dependências do Clube Naval que então ficava, naqueles tempos – 1867, na praça
Tiradentes; neste mesma época, mais exatamente 1858, a Escola Militar (Real
Academia Militar) é transferida do Largo do São Francisco (onde ficava a Sé )
para a Praia Vermelha, e deste para Realengo em 1904, novamente, em 1935, é
decidido por uma nova transferência, desta vez para Resende (RJ) onde fica até
os dias de hoje; no sentido de aprimorar a formação de quadros militares, em
1889 foi criado o Colégio Militar para atender alunos de tenra idade, até então
praticamente todos os futuros oficiais tinham sua formação proporcionada pelo Imperial
Colégio Pedro II (Frota, 2002, p. 39-43).
Afonso Carlos Marques dos Santos (2002), por sua vez,
além de aspectos já destacados em Frota, chama a atenção para o patrimônio
arquitetônico e escultórico militar inserido na cidade. Assim, ele enumera este
patrimônio:
(...) Registremos, no entanto,
os núcleos arquitetônicos mais evidentes: em primeiro lugar, as fortificações,
identificáveis na paisagem da baía de Guanabara, mas não só; depois os quartéis
da cidade, com destaque para áreas como São Cristovão, especialmente a Avenida
Pedro II, a Vila Militar, em Realengo e Santa Cruz. São lugares de memória a
serem preservados e estudados, São áreas preciosas dentro do espaço da cidade,
como, na Tijuca, o prédio do Batalhão de Polícia do Exército, onde a parte
antiga pode ser preservada com finalidades culturais. Também se destacam, na
paisagem, os conjuntos arquitetônicos da Marinha, no continente e nas ilhas,
recentemente valorizadas pelo excelente trabalho cultural que esta Força vem
realizando. De maneira mais espetacular evidencia-se na paisagem da Cidade o
Quartel General, o Palácio Duque de Caxias, que é um capítulo à parte nessa
história devido a sua monumentalidade e procedência, no quadro das construções
do Estado Novo. O palácio é projetado pelo arquiteto Christiano Stockler das
Neves e construído entre 7 de setembro de 1937 e 28 de agosto de 1941, sendo
Ministro da Guerra, o General Eurico Gaspar Dutra. O Palácio foi inaugurado em
1941, mas a sua ocupação definitiva se deu em 1944. (Santos, 2000, p. 75) [10]
Segundo Carlos Lessa o Rio de Janeiro constitui com o
Distrito Naval e a Zona Aérea, sediadas na cidade, o mais complexo dispositivo
militar do país. Aproximadamente, 70% da Marinha, 30% do Exército e 30% da
Aeronáutica encontram-se no Rio de Janeiro. Nenhuma outra cidade brasileira
supera tal concentração.
Segundo Carlos Lessa, haveria uma densidade entre esta
presença militar e o aparelho industrial existente no Rio de Janeiro. Uma
densidade que trás uma relação com – reparação e manutenção de unidades navais,
recuperação de aviões, controle de qualidade de produtos químicos, de
combustíveis, etc. (2002, p. 262)
As forças armadas são grandes formadoras de mão-de-obra,
apenas a Aeronáutica não tem no Rio de Janeiro a graduação de seus oficiais. Os
cursos de engenharia no Rio de Janeiro saíram de cursos para militares. O Clube
de Engenharia é subproduto do Club Militar. Os setores de ponta tecnológica tem
nas forças armadas um ponto de apoio, como foi o setor de informática no
Brasil. (Ibidem, 263-4)
A obrigatoriedade do serviço militar, segundo Lessa,
mostrou-se um expediente que forçava o povo e as forças militares a se
conhecerem.
Afora isto, há a grande massa de aposentados e
pensionistas de origem militar que formam no Rio de Janeiro um poderoso grupo
de consumo. Assim, o gasto militar, tanto na manutenção das forças militares,
quanto na subsistência das pessoas, envolvem somas importantes para a economia
carioca e fluminense. Lessa chega a estimar que os empregos relacionados às
duas formas de gastos por parte dos militares alçam o quantitativo de 700 a 800
mil. (Ibidem, p. 264-5). [11]
A unidade brasileira tem no Rio de Janeiro seu
fundamento.
“O Rio evoluiu e foi o
espaço de uma sucessão de obras. As obras de engenharia da República Velha mais
notáveis e de maior visibilidade foram feitas na cidade do Rio de Janeiro. Para
demonstrar que éramos modernos e nada tínhamos a ver com o período colonial,
pusemos abaixo o Morro do Castelo. Colocamos o trenzinho elétrico para subir o
Corcovado e situamos o Cristo Redentor lá em cima. Foi o primeiro trem elétrico
a ser instalado na América do Sul... O ícone sobre o Corcovado exibia e
sintetizava a cidade, a exemplo da Torre Eiffel, que sublinhava Paris, e a
Estátua da Liberdade, que batizava Nova Iorque... Nossa inspiração era Paris. O
Rio era a Paris tropical, a cidade-luz reproduzida nos trópicos. Paris, que era
na época o paradigma de civilizações, foi a grande inspiração da urbanização do
Rio. ...
...A importância, para
os brasileiros, de ter uma cidade que afirmasse ao mundo que o País, além de
grande, era civilizado, cristalizou o Rio como o mito moderno brasileiro. Quem
deu essa certeza ao Brasil foi o Rio. Cidade aberta a todos os brasileiros,
Meca dos talentos nacionais, era percebida como propriedade e necessidade de
toda a elite brasileira, que concordava com a prioridade dos investimentos
concentrados na cidade... (Ibidem, p. 272-3)
Conclusão
Trazer para si os
militares. O golpe de 1964 foi extremamente amargo a muitos, não afirmo a todos
porque tenha quem tenha gostado. O golpe militar trouxe uma fratura no processo
social que surgia e que poderia representar profundas mudanças neste país. Há,
porém, quem afirme, que a direção era outra, não benigna, ou seja, caminhava-se
para uma ditadura, uma ditadura de esquerda. Pode ser, particularmente não vejo
diferença, ditadura é ditadura, de esquerda ou de direita continua sendo
ditadura.
O processo ditatorial de 64 foi particularmente duro com
a cidade do Rio de Janeiro. Exemplo típico disto foi a demolição do Palácio
Monroe no centro da cidade do Rio de Janeiro. Um monumento que em qualquer
outro país seria motivo de orgulho, aqui teve que dar espaço para o metrô.
Esta situação nos remonta à nossa história. Rio de
Janeiro, uma cidade militar. Um belo tema de geografia cultural.[12]
Não deixa de ser curioso como uma cidade tão marcada pela
presença da força, para tanto, muito corroborou por ser a capital do país, e,
no entanto, a cidade promove cartase, cartase nacional. Cartase no futebol,
cartase na praia, cartase na música. Qual o segredo do Rio de Janeiro?
Fonte de consulta
Bibliografia
BERNARDES, Lysia – “Função defensiva do Rio de
Janeiro e seu sítio original” s/d.
CONCEIÇÃO, Margarida
Tavares – Da vila cercada à praça de guerra (formação do espaço urbano de
Almeida). Lisboa: Livros Horizonte Ltda. 2002.
FROTA, Guilherme de
Andrea – O exército e o Rio de Janeiro: evolução histórica –. Artigo publicado
no volume – As forças armadas e o Rio de Janeiro – promovido pela Academia
Brasileira de Ciências, Escola Superior
de Guerra e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, 2001.p.
27-44
LESSA, Carlos – As
forças armadas e o Rio de Janeiro. As forças armadas e o Rio de Janeiro –
promovido pela Academia Brasileira de Ciências,
Escola Superior de Guerra e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro, 2001, p. 261-286.
MAIA, Prado – Quatro
séculos de lutas na Baía do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Ministério da
Marinha/Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1981.
MATTOS, General Carlos
de Meira – Geopolítica e teoria de fronteiras. Rio de Janeiro: Ed. Bibliex,
1990.
SANTOS, Afonso Carlos
Marques dos (2002) – As forças armadas e a evolução urbana do Rio de Janeiro.
Texto publicado no volume – As forças armadas e o Rio de Janeiro – promovido
pela Academia Brasileira de Ciências,
Escola Superior de Guerra e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro, 2001. p. 53-80
Segue abaixo as páginas
virtuais que chegamos a utilizar
Instituições militares
www.ime.eb.br – Instituto Militar de
Engenharia. Acessado em 3/11/08
Instituto Militar de Engenharia - Engenharia
Militar em Portugal. In http://www.ime.eb.br/arquivos/Noticia/historicoIME.pdf artigo existente em pdf. Acessado em 10/11/08
www.cml.eb.mil.br - Comando Militar do Leste. Acessado em
3/11/08
www.dsg.eb.mil.br – Diretoria do Serviço
Geográfico / Centro de imagem e informação do exército, acessado em 3/11/08
http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?uf=rj&page=estados
– presença da aeronáutica no Rio de Janeiro. Consulta em 30/03/09.
http://www.exercito.gov.br/ – presença do exército no Rio de Janeiro.
Consulta em 30/03/09.
Outros endereços
www.fortalezas.org Recebe apoio do IPHAN Consulta em 5/10/2008 e 27/10/2008.
Enciclopédia virtual wikipedia - Engenharia Militar no Brasil In
http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_militar acessado em 10/11/08
Universidade Federal do Rio de Janeiro / Escola Politécnica - 210 anos de bons motivos para ser uma grande
Politécnica In www.ufrj.br
em 10/11/08
www.fortalezasmultimidia.com.br acessado
em 5/10/2008
e 27/10/08
[1] Prof. Dr. Departamento de Geografia da UFF e do Programa de Pós-graduação em ciência ambiental da mesma universidade, helioevangelista@hotmail.com
[2] Mais tarde os fortes serão
também utilizados para legitimar fronteiras continentais, particularmente a
partir do século XVIII.
[3] No trabalho anterior a este na
Revista Geo-paisagem, há na entrevista com Darcy Ribeiro utilizada por nós uma
menção de que a capacidade conciliadora e diplomática de Portugal, um país tão
pequeno e que foi capaz de fazer tanto, está relacionada ao espírito de
sobrevivência instigado pela Espanha que sempre acalentou o projeto de ter o
controle de toda Península Ibérica (o que chegou a realizar parcialmente
durante a União Ibérica ocorrida entre os anos 1580-164), uma experiência
deveras danosa para Portugal mas muito útil para o agigantamento da colônia
brasileira que viu suas expedições alcançarem áreas sem muita resistência de
primeiro momento.
[4] As sucessivas levas de
portugueses em direção ao Brasil na tentativa de obter mais sorte forçaram as
autoridades portuguesas a editarem sucessivas ordens régias para coibir o fluxo
migratório.
[5]
Há uma fantástica fonte sobre fortes no Brasil que inclui uma página na
internet, a saber, www.fortalezasmultimidia.com.br
e a geração de cd, CD-ROM
Fortalezas Multimídia, obra que contém
informações sobre 460 fortificações no Brasil e 300 em outros países.
[6] Frase retirada do texto – O
exército e o Rio de Janeiro: evolução histórica – de autoria do professor
Guilherme de Andrea Frota, membro do Instituto de Geografia e História Militar
do Brasil. Texto publicado no volume – As forças armadas e o Rio de Janeiro –
promovido pela Academia Brasileira de Ciências,
Escola Superior de Guerra e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro, 2002.
[7] Chama a atenção, neste sentido,
logo após a derrota dos franceses no século XVI, a cidade se viu transferida
para o Morro do Castelo, a própria toponímia induz uma característica de defesa
do local. In Guilherme de Andrea Frota (op. cit, p. 27) .
[8] Ainda neste século XVIII tivemos
a presença do famoso governador Gomes Freire de Andrade que criou a Casa do
Trem, que era uma espécie de Arsenal da guerra, atualmente vem a ser o Museu
Histórico Nacional. Segundo Guilherme de Andrea Frota (op. cit, p. 31-2). Esta
casa resume toda a história militar do Rio de Janeiro .
[9] Afonso Carlos Marques dos Santos
em ‘As forças armadas e a evolução urbana do Rio de Janeiro’ observa que a
vinda da Família Real teve um poderoso sentido geopolítico à época a ponto de
gerar um fato singular, a saber, a aclamação de um monarca europeu na América, transformando
um status de colônia transformada em reino num padrão de legitimidade
internacional, algo almejado por muitos países americanos (op. cit . pp.
55-59).
[10] Fora os equipamentos culturais e
desportivos fornecidos pelas forças armadas, tais como, complexo cultural da
marinha, localizada na Praça XV, Forte de Copacabana que contém o Museu do
Exército, o Morro da Conceição que sediava o Serviço Geográfico do Exército e
onde também ficava o antigo Palácio Episcopal, mas ainda há Fortaleza da
Conceição. Enfim, é um morro que remonta ao Rio de Janeiro do século XVIII.
[11] Cabe o registro de uma simpática
observação do economista em tela, a saber, “Afinal o aposentado é um turista de
365 dias no ano” (Ibidem, p. 265) ...
bom, desde que disponha de poder aquisitivo para tanto.
[12] A geografia cultural brasileira
precisa passar a estudar o espaço militar!