Revista geo-paisagem ( on line )

Vol. 1, número 1, 2002

Janeiro/junho de 2002

ISSN  Nº 1677 – 650 X

 

 

 

Cartões-postais

A produção do espaço turístico do Rio de Janeiro na modernidade

 

Autor: Marcello de Barros Tomé Machado[1]

Resumo:

            O Rio de Janeiro durante o período da modernidade era a principal cidade brasileira e uma das mais importantes metrópoles da América Latina. Com a invenção e aprimoramento dos cartões-postais, a imagem das cidades passou a circular por todo o mundo, atraindo capital e despertando o desejo das pessoas em conhece-las, favorecendo o turismo. No início do século XX era desejo do governo brasileiro ver o Rio de Janeiro retratado em cartões-postais, mostrando uma cidade moderna e viável para atrair investimentos e visitantes. No entanto, as características urbanas do Rio de Janeiro não permitiam mostrá-la como cidade moderna. Foi realizada importante reforma urbana, transformando sua paisagem, que passou a estampar os cartões-postais que circularam e encantaram pessoas em todo o mundo.

Palavras-Chaves: Cartão-Postal; Turismo; Modernidade; Rio de Janeiro.

 

Abstract:

Rio de Janeiro during the period of the modernity was the main Brazilian city and one of the most important metropolises of Latin America. With the invention and advancement of the postcards, the image of the cities started to circulate around the world, attracting capital and waking up the people's desire in you know them, favoring the tourism. In the beginning of the century XX was the Brazilian government's desire to see Rio de Janeiro portrayed in postcards, showing a modern and viable city to attract investments and visitors. However, the urban characteristics of Rio de Janeiro didn't allow to show her as modern city. Important urban reform was accomplished, transforming her landscape, that started to print the postcards that started to circulate and to enchant people all over the world.

Keywords: Postcard; Tourism; Modernity; Rio de Janeiro.

 

 

1. Apresentação - turismo e modernidade

            Durante séculos foram surgindo as condições ideais à eclosão da Revolução Industrial, tal como o aparecimento do trabalho assalariado, a massa de desempregados nas cidades e o desenvolvimento do comércio, possibilitando o enriquecimento de parte da burguesia que pôde investir no desenvolvimento de novas máquinas, que iam sendo inventadas ou aperfeiçoadas, como os motores a vapor que equiparam navios e locomotivas, meios de transportes essenciais para o desenvolvimento do turismo na modernidade. Até mesmo o surgimento de novos recursos de engenharia e arquitetura, foram importantes, pois revolucionaram a construção civil e, portanto o setor hoteleiro (Rodrigues, 1997a, p. 10).

As novas tecnologias viabilizaram a intensificação do capitalismo industrial a partir do século XIX, principalmente na Europa e na América do Norte.  Este teria sido o momento do tempo livre se expandir, não como desejava Paul Lafargue no seu panfleto “O Direito à Preguiça”, lançado em 1883 onde condenava o excesso de trabalho e a ideologia burguesa que embrutecia o proletariado, difundindo o dogma do trabalho. Para Lafargue, três horas de trabalho por dia seriam suficientes para manutenção, “(...) só festejando pelo resto do dia e da noite” (Rodrigues, 1997b, p. 38).

Sem dúvida a classe trabalhadora, através de seus movimentos sociais, conquistou um tempo livre diário, semanal e anual maior. Este aumento do tempo livre teria refletido diretamente na multiplicação e diversificação das atividades de recreação, tendo sido também expropriado pela sociedade de consumo de massa, que criou novas necessidades. “A necessidade imperiosa de viajar é fabricada, sendo incorporada artificialmente ao rol das necessidades básicas do homem” (Rodrigues, 1997b, p. 26).

            No entanto viagem implica apenas no deslocamento de pessoas, já o conceito de turismo é mais complexo. Além do fator motivador não estar ligado ao cotidiano habitual, implica também na questão de recursos, infra-estrutura e superestrutura jurídico-administrativa (Barreto, 1995, p. 43-44).

Também é necessário diferenciar turismo de outro tipo de deslocamento populacional, pois havia também naquela época aqueles que migravam à procura de melhores condições de vida, principalmente para seu sustento. Isso não é o mesmo que fazer turismo. Turismo implica em voltar, daí a origem vir do termo francês tour, que significa viagem cujo destino final é o lugar de origem. Já o migrante viajava muitas vezes para permanecer no novo lugar, desde que este lhe garantisse o sustento; ele não tinha, a princípio, a intenção de voltar, com exceção dos migrantes que pensavam em acumular o máximo de riqueza possível e retornar para seu lugar de origem. Não há, nos dois casos, nada de semelhante com os viajantes ou turistas.

O turismo, semelhante ao que conhecemos hoje, teria surgido na Europa em pleno século XIX. Segundo Fuster (1974), o inglês Thomas Cook seria um dos principais percussores do turismo na modernidade. Este era Missionário e agente de uma Associação Batista. Para assegurar o sucesso de um congresso antialcoólico em Leicester, arrendou um trem para transportar 570 pessoas em uma viagem de 22 milhas entre Leicester e Loughborough, na Inglaterra. Apesar de não almejar nenhum lucro com esta primeira viagem coletiva organizada, logo percebeu seu potencial econômico. A partir de 1845 iniciou em tempo integral suas atividades como organizador de excursões, preparando neste mesmo ano uma excursão de Leicester para o porto de Liverpool, cuja novidade era um Handbook of the trip, que teria sido, segundo Acerenza (1986), o primeiro itinerário descritivo de viagem de forma profissional, especialmente para uso de turistas.

A firma aberta por ele passa a ser assistida também por seu filho e ganha o nome de “Thomas Cook and Son”. Em 1846 realizou um tour com a participação de guias de turismo, levando 350 pessoas pela Escócia. Em 1851 foi realizada a Primeira Exposição Mundial, com cerca de seis milhões de visitantes, conseguindo a agência Cook que pelo menos 165.000 pessoas utilizassem seus serviços, principalmente para transporte e alojamento.

Em 1855 estendeu suas atividades pelo continente europeu, atingindo entre outras localidades Paris (França); Bruxelas (Bélgica); Frankfurt e Heidelberg (Alemanha). Pouco depois Suíça e Itália (Fuster, 1974). Um ano depois realizou a primeira excursão pelo continente europeu; e em 1866 aos Estados Unidos. Em 1872 este pioneiro organiza a primeira volta ao mundo, com um pequeno grupo e “ao que consta, esta viagem teve a duração de 222 dias e suas crônicas foram publicadas no Times de Londres e segundo alguns, inspiraram Júlio Verne a escrever sua fabulosa A volta ao mundo em 80 dias (Pires, 1991: 27, in: Acerenza, 1986, p. 51).

Muito criativo e atento às transformações, em 1867 criou o cupom de hotel, que hoje se conhece com o nome de Voucher. Anos mais tarde criou também o que na época se chamou de Circular Note, mas que seria o antecessor dos Traveler’s Check, já que era aceito por bancos, hotéis, restaurantes e casas comerciais em diversas partes do mundo (Pires, 1991,p. 27).

            Thomas Cook veio a falecer em 1892 e naquele momento a Agência de Viagens Cook and Son era a mais importante, havendo outras 500 agências nesta época espalhadas pelo mundo.

O turismo realizado em grupos e de maneira organizada se tornou moda na Europa. As estações termais, que antes eram freqüentadas com fins terapêuticos, tornaram-se sofisticados centros de prazer e glamour pelas diversões que ofereciam, onde o cassino - ícone da modernidade - reinava absoluto (Rodrigues, 1997a, p. 10). Os fluxos turísticos de inverno, em direção ao litoral também tiveram importância, onde cidades como Nice foram pioneiras. Nada era mais moderno do que passar o inverno na Côte d’Azur. O turismo marítimo e oceânico se intensificou, graças ao aprimoramento do setor naval, cujos luxuosos navios cruzavam o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico ao encontro de novos destinos para o turismo na modernidade.

 

2. Rio de Janeiro e as viagens no período colonial

Durante os séculos do período colonial, o fluxo de pessoas que se deslocavam rumo ao Brasil, principalmente para o Rio de Janeiro eram provenientes do continente europeu, em decorrência dos processos institucionalizados ou não pela metrópole portuguesa, com a finalidade de ocupar, explorar e defender a colônia, sendo na grande maioria dos casos de migrantes.

Os deslocamentos internos no país eram poucos e arriscados, pois praticamente não havia acesso ou ligação entre os vários locais ocupados e os pontos considerados estratégicos de colonização. Outro fator que minimizava os deslocamentos internos era a quase inexistência de famílias dispersas pelo Brasil, com exceção dos escravos, não havendo, portanto deslocamentos motivados para visitas a familiares. Além disso, como não existiam locais de peregrinação, nem a cultura dos santuários nas terras recentemente descobertas, como o Brasil, as viagens por motivações religiosas eram também praticamente inexistentes.

A pequena elite, composta basicamente de proprietários rurais adquiriu, devido às ligações comerciais com a metrópole portuguesa, valores culturais importados do Velho Continente. Por isso quando viajavam, o destino era sempre o mesmo: A Europa. Não havendo deslocamentos “turísticos” no interior do território brasileiro, pois a população de nativos, escravos e migrantes, com raríssimas exceções, não tinha a mínima condição que lhes permitisse gastos além dos essenciais à sua subsistência, impossibilitando qualquer gasto com lazer e, portanto com turismo.

Antes da chegada da família real no Brasil, as únicas formas de viagens próximas do conceito turístico eram aquelas realizadas por estudiosos e artistas (naturalistas, pintores, etc.). Estes, denominados viajantes, ao longo do século XVIII não encontraram equipamento de apoio, como alojamento, alimentação e transporte. Esses viajantes se interessavam em conhecer áreas do interior brasileiro ainda inexploradas, geralmente para o estudo da fauna e da flora e de paisagens notáveis, merecendo pouco tempo deles as áreas mais “urbanizadas”. Esses viajantes deixaram farta documentação literária e iconográfica das suas viagens (Belchior et al, p. 1987).

As viagens e os deslocamentos que poderiam ser semelhantes ao turismo só ocorreram no Brasil a partir do século XIX, já nos moldes do que acontecia em áreas da Europa, como resultado da nova ordem social e econômica que surgia.

A mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, somada a abertura dos portos e de novas rotas marítimas comerciais a outras nações, veio a trazer uma nova feição para a capital brasileira e uma leva de estrangeiros que chegava em caráter permanente ou temporário.

Mas não foi apenas a chegada da família real portuguesa que fez aumentar a população do Rio de Janeiro. A situação de desordem em Portugal gerou grande afluxo de habitantes, além disso, populações de outros países da Europa, de outras possessões da coroa e também das diversas províncias brasileiras deslocavam-se para o Rio atraídos pelas perspectivas de lucros comerciais, outros pelo desejo de fazer relações novas, aprender novas maneiras e partilhar da admiração que a riqueza e a influência normalmente se fazem acompanhar; outros vinham em busca de favores dos governantes, ou ainda para prestar-lhes serviços (Alencastro, 1997).

De qualquer maneira o crescimento da cidade do Rio de Janeiro e seu aumento populacional foram grandes a partir de 1808. Alencastro (1997) afirma que a comitiva que deixou Lisboa junto com o Príncipe Regente era de quinze mil pessoas, que somados ao considerável número de ingleses, franceses, holandeses, alemães e italianos que no Rio se estabeleceram como negociantes, artesãos etc. influenciaram muito a cidade, imprimindo novo caráter aos seus habitantes.

A entrada de estrangeiros no país continuou a crescer consideravelmente, sendo a principal porta de entrada o Rio de Janeiro, capital do novo império. Apresentou-se também crescimento no deslocamento de pessoas entre as províncias.

Com a independência e a ascensão da classe colonial dominante, a capital começa a vivenciar um projeto de unidade nacional articulado pela classe dominante. A partir de meados do século XIX o Rio de Janeiro conhece importante período de expansão, vindo a apresentar uma forma diferente daquela que tinha prevalecido no século anterior, adquirindo uma feição cosmopolita (Furtado, 1979). Em 1884, a população flutuante do Rio de Janeiro girava em torno de 870 pessoas por dia entre nacionais e estrangeiros, para os quais a rede de hospedagem já implantada à época fornecia 1050 alojamentos de qualidade (HOTELNEWS, 1988). As viagens continuavam sendo motivadas por negócios e desempenho artístico e em menor quantidade por motivos de estudos ou por lazer e recreação. As difíceis condições de viagem, principalmente as transoceânicas, junto às precárias condições de salubridade das cidades, incluindo o Rio de Janeiro, além do alto custo, eram fatores que desestimulavam os deslocamentos motivados exclusivamente por recreação e lazer, impossibilitando o advento do turismo. 

 

3. O Rio e a busca de seu cartão-postal

            Nesse momento o Rio de Janeiro era a capital política, administrativa, comercial, financeira e cultural do Brasil. Segundo Souza (1994, p.11-13), era desejo do governo federal, transformá-la num belo cartão-postal, possibilitando a quem visse, uma idéia do que era o Brasil e o desejo de conhecê-lo.

            A idéia do cartão-postal, como mensagem sem invólucro protetor teria surgido por volta de 1870, e teve rápida aceitação no mundo inteiro. No início eram impressos somente com gravuras, mas com o domínio da técnica de fotografia, os cartões-postais passaram a apresentar, a partir de 1891 imagens fotográficas, principalmente paisagens (Cohen & Fridman, 1998, p. 14-15).

            As cidades eram as paisagens mais freqüentes dos cartões-postais, principalmente as que cresciam e se tornavam modernas, como Paris. A capital francesa era, então, a melhor referência de cidade moderna e de progresso no cenário mundial, sendo conhecida como “Cidade Luz”. Em 1900 foi construída a Torre Eiffel, que tinha aos seus pés um globo terrestre para simbolizar Paris iluminando o mundo inteiro.   

O Brasil desejava ser civilizado, e nesse período ser civilizado significava pensar, agir e ser semelhante à Paris.

            No entanto, o Rio de Janeiro naquele momento apresentava problemas que não permitiam enquadrá-lo no padrão parisiense.

            As ruas do Rio de Janeiro eram estreitas e tortas, havia muitas casas baixas e mal feitas, além dos cortiços, que eram moradias habitadas por pessoas pobres, negros forros, lavadeiras e costureiras, muitos viviam em festas e trabalhavam de acordo com o seu ritmo e necessidade, conheciam os caminhos, os esconderijos, os becos da cidade e seus segredos (Souza, 1994, p. 14-18). Essas pessoas podiam se esconder ou se rebelar e isso assustava o governo. Além dessa população pobre, o governo também temia as doenças que freqüentemente afligiam a cidade, como malária, febre amarela e varíola.

            Um bom cartão-postal do Rio de Janeiro não podia mostrar uma cidade imunda, pobre e feia, com ruas estreitas, becos e vielas, nem mostrar gente doente, abatida e mal vestida. Este não seria um cartão-postal de uma cidade moderna.

 

4. A transformação

            Para se fazer um cartão-postal satisfatório do Rio de Janeiro era necessário transformar a cidade. Para isso o então presidente Rodrigues Alves nomeou para prefeito do Rio de Janeiro o engenheiro Pereira Passos. Ele tinha sido “discípulo” de Haussman, engenheiro responsável pela reforma urbana em Paris. E inspirado em Paris, Pereira Passos iniciou a primeira reforma urbana do século XX no Rio de Janeiro. Entre 1902 e 1906 foram eliminados cortiços no centro da cidade, considerados os principais focos de doenças; abriu-se avenidas, como a Central e a Beira-Mar, substituindo várias ruas e embelezando a cidade; reformou-se o porto; instalou mais postes de iluminação, estendeu a rede de esgotos e aumentou o número de bondes; construiu grandes prédios, como a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal, com fachadas ricamente ornadas. Esta iniciativa recebeu a denominação de “Regeneração”, pois o governo acreditava que o Rio de Janeiro estava doente e que a reforma urbana era o remédio.

            Para regenerar foi preciso destruir cortiços, casas, quiosques etc. enfim, tudo o que fora a cidade até aquele momento, não respeitando casas, fachadas coloniais e eliminando muitos traços culturais do passado. Essa intervenção ficou conhecida como “Bota-Abaixo”.

            Em 1904, foi decretada a vacinação obrigatória, para eliminar as pestilências que agiam na cidade. Além das críticas o povo também se rebelou, transformando a cidade num campo de batalha. Mas, apesar da revolta, a campanha de vacinação foi adiante, liderada pelo sanitarista Oswaldo Cruz e conquistou bons resultados.

 

 

5. O Rio de Janeiro: cartão-postal e turismo

As grandes mudanças vividas pelo Rio de Janeiro até o início do século transformaram a paisagem da cidade, possibilitando a produção de imagens de um Rio moderno, civilizado retratado nos cartões-postais por importantes fotógrafos dessa Belle Époque, como Augusto Malta e Marc Ferrez. Os cartões-postais passaram a ser o principal meio de correspondência particular brasileira (Cohen & Friedman, 1998, p. 15) e as paisagens do Rio de Janeiro, neles retratadas passaram a circular pelo mundo, despertando o interesse de muitas pessoas em conhecer as paisagens cariocas.

            A reorganização do espaço favoreceu a expansão urbana para áreas de interesse do capital, como o litoral, graças à difusão de um estilo de vida moderno e saudável que promovia a valorização das áreas à beira-mar.

O banho de mar nessa época já era prática comum na Europa, não pela questão de balneário, mas pelas propriedades terapêuticas do clima litorâneo. Esse modismo importado valorizou áreas litorâneas da cidade do Rio de Janeiro até então pouco conhecidas. Empresas estrangeiras de transporte expandiram os trilhos pela cidade facilitando o acesso a várias áreas da cidade, como o Jardim Botânico e até mesmo o Corcovado, cuja estrada foi a primeira a ser construída no Brasil para atender a fins de turismo exclusivamente, tendo sido aberta ao tráfego do Cosme Velho ao Alto do Corcovado no dia 1º de julho de 1885, tendo como presidente da estrada o Sr. Pereira Passos, que dezessete anos depois se tornou prefeito da Cidade do Rio de Janeiro e realizador de importante reforma urbana.

As transformações prosseguiram com a expansão da rede hoteleira e de outros serviços ligados à atividade turística formando no Rio de Janeiro os embriões do que viriam a ser as agências de viagens e de turismo. Os hotéis ofereciam o serviço de agentes, recebendo os viajantes/turistas no porto ou na estação, facilitando o seu desembarque, vindo a auxiliar no transporte de bagagens e no cumprimento e liberação das exigências alfandegárias, acompanhando-os então aos respectivos hotéis. Inicialmente os viajantes que chegavam não faziam parte de grupos organizados. O primeiro grupo organizado de turistas que chegou ao Rio de Janeiro (e ao Brasil) veio em 27 de junho de 1907 a bordo do navio a vapor “Byron” em excursão promovida pela agência inglesa “Cook and Son”, a mesma a realizar a primeira viagem agenciada no mundo (Pires, 1991, p. 26-27). Este vem a ser um grande marco do turismo na modernidade no Rio de Janeiro.

Tornam-se importantes recursos turísticos às praias de Copacabana, Leme, Ipanema, Leblon, São Conrado, Botafogo, Flamengo, só para citar algumas.

 Mas não foi somente o litoral, valorizado pelo que acreditavam ser apenas o modismo do banho de mar o responsável pela entrada de turistas no Rio de Janeiro. O Brasil que tinha vivido o apogeu do café estava vivendo sua crise. Sem alternativas para investir seus capitais, acredita-se que parte desses capitais acumulados com o café tenha sido investido na construção de hotéis e cassinos de alto padrão, como o Copacabana Palace, o Hotel Glória e o Hotel Balneário, mais tarde Cassino Balneário da Urca. A construção de Hotéis-cassino ocorreu não apenas na Cidade do Rio de Janeiro, mas também em Niterói, Petrópolis e até fora do Estado do Rio, como em Araxá e Poços de Caldas em Minas Gerais e Santos no Estado de São Paulo.

 Também formaram o cenário do turismo moderno no Rio de Janeiro, além das praias e hotéis-cassino os festejos do carnaval carioca; prédios como o Teatro Municipal e a Biblioteca Nacional; o Jardim Botânico; o morro do Corcovado, tendo no alto a estátua do Cristo Redentor; e o Pão de Açúcar, entre tantos outros eternizados nos cartões-postais do “Rio Antigo”.

 

 

Bibliografia:

 

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[1] Mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP; Especialista em Planejamento Ambiental pelo PGPA-UFF; Bacharel e licenciado em Geografia pela UFF; Professor do Departamento de Turismo do Centro Universitário Plínio Leite-UNIPLI e do Departamento de Turismo das Faculdades Paraíso. E-mail: marcellotome@uol.com.br .