Revista
geo-paisagem ( on line ) Ano 2, nº 3, 2003 Janeiro/Junho
de 2003 ISSN
Nº 1677-650 X |
Os impactos dos grandes empreendimentos na estrutura
demográfica de Angra dos Reis ( RJ ) 1940-2000.[1]
Paulo Antônio Viana de Souza[2]
O
presente trabalho visa fazer uma abordagem das transformações espaciais de
Angra dos Reis com a implantação dos grandes empreendimentos estatais a partir
da segunda metade do século XX. Uma das vertentes de nossa pesquisa é uma
tentativa de acabar com o mito de que o município de Angra dos Reis é uma
paraíso verde cercado por belas casas luxuosas como querem nos deixar mostrar a
mídia.
Palavras-chaves:
Angra dos Reis, mudanças espaciais, demografia
Abstract
Our goal
is to study the spatials transformations of Angra dos Reis created by statals
big projects after second part of thwenth century. One leg of our searching is
try to destroy the mith that Angra dos Reis is heaven of the nature and the
joyce surrounded by beartiful houses.
Keywords:
Angra dos Reis,
spatials transformations, demografic
1 - Introdução:
O município de Angra dos Reis encontra-se localizado no litoral
sul fluminense. O seu relevo caracteriza-se pela proximidade da Serra do Mar,
que terminando abruptamente junto ao oceano, forma uma costa rochosa recortada
com diversas reentrâncias e pontões. O seu relevo não é absolutamente favorável
ao desenvolvimento de aglomerados urbanos, uma vez que a região carece de
espaços planos disponíveis para expansão dos núcleos urbanos (Sternberg In:
Anuário Geográfico do Rio de Janeiro, 1961).
Devido às suas características
naturais, Angra dos Reis, ao longo do seu processo de ocupação , vai ter uma
grande importância estratégica, favorecida pela presença de seu porto e do seu
litoral bastante recortado, o que de certa forma favorece sua defesa.
Desde o
período colonial Angra dos Reis vai participar dos diferentes ciclos econômicos
que fizeram parte da economia do país. Primeiro o ciclo da cana-de-açúcar no
século XVII, depois do tráfico de escravos e do ciclo do ouro no século XVIII,
através do escoamento deste mineral pelo porto de Angra até o Rio de Janeiro.
Já no século XIX, Angra dos Reis vai se destacar pela produção e exportação de
café.
A partir
da segunda metade do século XIX, Angra dos Reis entrou em profundo processo de
estagnação de sua economia. Os fatores principais desta estagnação foram a crise da agricultura cafeeira e o fim do
tráfico de escravos, pois o porto de Angra dos Reis era um dos mais importantes
entrepostos do comércio de escravos. Outro fator de sua estagnação estava
relacionado com a construção da estrada de ferro Pedro II, que passou a ligar o
Vale do Paraíba ao Porto do Rio de Janeiro, enfraquecendo a função portuária de Angra dos Reis.
Neste
período de estagnação de sua economia e desestruturação de seu espaço, Angra
dos Reis sobreviveu das atividades da agricultura de subsistência, da pesca que
sempre teve grande destaque na sua economia e da produção de banana. Essa
situação perdurou até as primeiras décadas
do século XX, quando este município volta a ter novamente importância no
cenário nacional, fruto das intervenções do estado nesta região, com a reforma
do Porto e a construção da estrada de ferro que ligará o Vale do Paraíba no
município de Barra Mansa até o porto de Angra dos Reis.
Na década
de 50 em diante o município de Angra dos Reis é escolhido para sediar uma série
de investimentos estatais de grande porte. Em 1959, temos o princípio da construção do estaleiro
Verolme. Na década de 70, teve início a construção do Terminal Petrolífero da
Ilha Grande (TEBIG), da Usina Nuclear Angra 1 e da construção da BR-101, atividades acompanhadas por um intenso
processo de expansão urbana.
Com facilidade de acesso e a
valorização de ambientes preservados pela população metropolitana, na década de 80, a atividade turística vai
começar a ganhar importância neste município. Neste caso o turismo vai ser uma
atividade contraditória, pois para construção destes empreendimentos
hoteleiros, precisa-se de grandes extensões de terras, o que vai favorecer os
constantes conflitos pela posse da terra neste município.
Esta pesquisa demonstra que o município de Angra dos Reis não é um paraíso verde, cercado por vegetação de Mata Atlântica e de uma beleza exuberante, rodeado de mansões e condomínios de luxo como querem nos deixar mostrar a mídia e os meios de comunicação em geral. Mas, na realidade, este município é o resultado do desenvolvimento desigual e combinado do espaço, acarretando diversos conflitos sociais em diferentes escalas, muito diferente daquele imaginário que temos.
O objetivo deste trabalho é fazer uma avaliação das mudanças ocorridas no município de Angra dos Reis, a partir da implementação dos grandes empreendimentos estatais no decorrer de 1940-200. Identificando os principais impactos causados na estrutura demográfica e ao meio ambiente.
No município de Angra dos Reis é muito comum problemas como: a ocupação desordenada nas encostas e nos manguezais provocado pelo crescimento acelerado da população; poluição do meio ambiente, devido à implantação de alguns empreendimentos que pela sua própria atividade se torna constante os riscos de acidentes ao meio ambiente. Outro problema decorrente da implantação destes empreendimentos foi a forte valorização do solo, o que vem provocando uma série de conflitos pela posse da terra em parte pela sua concentração.
O município de Angra dos Reis é um campo fértil de ser analisado devido a estes conflitos, quebrando com o mito do nosso imaginário de uma paisagem bucólica e tranqüila.
2 - Metodologia:
Através da análise das fotos aéreas e de dados censitários, foi possível elaborar um diagnóstico do espaço geográfico de Angra dos Reis nos meados do século passado e de como ele foi evoluindo até os dias atuais. Os principais recursos utilizados para fazer este trabalho foram: (a) fotografias aéreas de diferentes períodos do município de Angra dos Reis (Tabela 1); (b) imagem de satélite Landsat 7 do ano 2000; (c) dados sócio-econômicos, de 1940 a 2000, sobre demografia, agropecuária, pesca, indústria, comércio e serviços, tendo como principais fontes o IBGE e o CIDE; e (d) SIG (Sistema de Informação Geográfica), onde os dados foram processados.
Vôo |
Escala |
Ano |
LS-127 |
1/25000 |
1962 |
AST-10 |
1/75000 |
1965 |
ASL-AF-27 |
1/25000 |
1969 |
PROSPEC-DSG-07 |
1/50000 |
1979 |
Furnas PROSPEC |
1/25000 |
1987 |
Tabela
1: Descrição das Fotografias aéreas
Com o cruzamento das informações das imagens e dos dados sócio- econômicos, foi possível montar o banco de dados georreferenciados, mostrando a evolução sócio-econômica do município de Angra dos Reis ao longo do tempo e analisando a dinâmica da população nos diferentes períodos da reestruturação do seu espaço. Foram confeccionadas diversas tabelas, gráficos e mapas temáticos, com o intuito de retratar a situação do município de Angra dos Reis nas diferentes décadas e analisar a evolução deste município através do espaço geográfico. Os mapas temáticos criados para fazer esta análise foram: densidade demográfica, taxa de crescimento demográfico, população absoluta e localização dos empreendimentos. A finalidade destes mapas foi identificar quais foram as áreas que se transformaram e quais os fatores que contribuíram para esta transformação.
Como este trabalho de monografia é de cunho eminentemente geográfico, ele sistematiza a distribuição da população em um determinado espaço. Neste caso, as fotos aéreas tem uma grande vantagem em relação aos dados censitários, pois pela sua análise foi possível identificar elementos da paisagem de determinada região que os dados censitários isolados não contemplam, tais como: relevo, hidrografia, vegetação, uso e cobertura do solo, urbanização, geomorfologia, geologia etc. Ou seja, observamos o conjunto de elementos que compõe a paisagem e suas sucessivas transformações ao longo do tempo.
3
– Quadro físico
O município de Angra dos Reis
acha-se localizado no litoral sul fluminense e estende-se entre a Serra do Mar
e a Baía da Ilha Grande. O relevo do litoral sul-fluminense caracteriza-se pela
proximidade da Serra do Mar que, terminando abruptamente junto ao oceano, forma
uma costa rochosa, recortada em diversas reentrâncias e pontões. O seu sítio
não é favorável ao desenvolvimento de aglomerados urbanos, uma vez que a região
carece de espaços favoráveis para sua expansão, com a presença de planícies
costeiras de pequena extensão, correspondendo a apenas 12% da faixa continental
do município.
A evolução geomorfológica da região está
ligada ao tectonismo terciário que originou o relevo do Brasil Sudeste. As
falhas daí resultantes formaram patamares escalonados, ou seja, degraus
sucessivos, cujo conjunto constitui a Serra do Mar. Os blocos deslocados foram
também afetados por falhas transversais que submergiram, quando das transgressões
quaternárias, originando baías nas quais as áreas de costas mais elevadas
constituem as ilhas.
Atualmente,
a escarpa tectônica apresenta-se bastante dissecada por vários ciclos de erosão
bem marcados. Uma das provas de sua origem tectônica é a ausência de capturas,
dada a juventude dos rios. Estes possuem um perfil de equilíbrio acentuado e
formam várias quedas d’água.
Em toda a
área litorânea, a sedimentação foi pequena, ficando as planícies costeiras
limitadas no recesso de pequenas enseadas, constituindo os únicos locais
favoráveis ao estabelecimento urbano. Foi justamente numa destas planícies, em
sítio pouco propício à sua expansão, que se instalou a cidade de Angra dos
Reis. (Sternberg, In: Anuário Geográfico do Rio de Janeiro, 1961).
O clima de
Angra dos Reis merece atenção especial devido às características que lhe
emprestam o relevo e a proximidade do mar. Enquanto no restante da faixa
litorânea fluminense o clima se apresenta quente e úmido com estação chuvosa no
verão (tipo Aw de Kôppen), neste trecho é modificado, passando a apresentar
características de grande umidade e aumento nas precipitações. Estas atingem a
média de 2279 mm, o que constitui um índice amazônico. Entretanto as
precipitações não se distribuem regularmente no decorrer do ano como naquela
região. (Bernardes, In: Anuário Geográfico do Rio de Janeiro, 1952).
A grande
pluviosidade que aí se verifica é função da escarpa íngreme e costeira que
produz chuvas orográficas. Praticamente não se verifica uma estação seca característica
do inverno do restante da faixa litorânea fluminense, pois apenas três meses
têm índices inferiores a 100 mm (Junho a agosto). Deste modo, no entorno da
baía da Ilha Grande verifica-se um clima do tipo Af de Kôppen, isto é, clima
quente e úmido sem estação seca. Na encosta e no alto da serra, reduzem-se as
condições de umidade elevada e o clima torna-se mesotérmico (tipos Cfa e Cfb).
O
revestimento vegetal é constituído pela floresta Tropical Atlântica. Embora a
região apresente topografia imprópria para o crescimento do aglomerado urbano,
seus fatores físicos não se tornaram uma barreira ao estabelecimento humano.
(Sternberg, op. cit., p. 125).
A península de Angra dos Reis foi descoberta em 1502, tornando-se Vila da Ilha Grande. Por estar localizada em lugar estratégico, possui um litoral bastante recortado e protegido naturalmente por diversas enseadas e águas calmas, Angra dos Reis vai se tornar desde o início de sua ocupação um importante entreposto comercial da colônia. Porém, a presença de um relevo muito escarpado com as encostas bem próximas ao mar, cobertas pela Mata Atlântica, dificultou sua ocupação. Inicialmente, a ocupação da população vai ocorrer justamente nas poucas planícies que existe neste município e estendendo-se pelas encostas próximas, preservando grande parte de seu território da ocupação humana.
Em detrimento das vantagens de seu relevo e o favorecimento de sua geografia, esta região vai se destacar rapidamente sendo palco de diversos cenários na reestruturação do seu espaço em diferentes momentos da história. Podemos observar que neste caso, o espaço, ou seja, o lugar especificamente vai exercer uma influência muito grande no processo de ocupação deste município. Devido as suas belezas naturais e a sua posição estratégica, Angra dos Reis vai se tornar um espaço privilegiado e disputado, tanto pelo capital estatal como pelo capital da iniciativa privada. Em decorrência de seus aspectos já mencionados nos parágrafos anteriores, este município vai fazer parte dos ciclos econômicos do Brasil, desde o período colonial até os dias atuais.
3.1
– Aspectos históricos no processo de ocupação de Angra dos Reis
No período colonial, Angra dos Reis vai se destacar pelo escoamento da produção de açúcar, uma vez que nesta região havia grandes plantações de cana de açúcar, sendo exportado para o Rio de Janeiro e em seguida para o mercado europeu. Mais tarde, com a crise no setor do mercado açucareiro e a descoberta de ouro nas Minas Gerais, ocorre uma nova transformação no seu espaço. Este município passa a ser um importante entreposto de passagem de ouro que vinha das Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro. É nesta época que Angra dos Reis começa a ganhar destaque. Pelas abordagens acima, percebe-se a importância que este local tinha nos circuitos da economia nacional e até mesmo internacional, participando dos diversos ciclos econômicos do Brasil.
Neste período de descoberta de ouro, Angra dos Reis sofrer uma ascensão em relação as demais regiões da colônia, o que vai favorecer no aparecimento de alguns núcleos urbanos e no aumento da população local. Quando o ouro começa a entrar em escassez, Angra dos Reis começa a sentir os efeitos desta crise uma vez que era o principal entreposto do comércio de ouro e escravos.
No século XIX, Angra dos Reis vai ser palco da expansão de um outro produto que inundará os mercados europeus e novamente ela se destacará na exportação deste produto. O café vai se tornar um dos importantes produtos de exportação da balança comercial do país. Neste período, Angra dos Reis vai se destacar por ser um dos principais exportadores de café da região do Vale do Paraíba ganhando a posição de 2º maior porto da América Latina. Novamente o porto de Angra dos Reis vai adquirir uma importância fundamental, pois este porto servia de meio caminho entre a produção agrícola de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Esses estados preferiam exportar sua produção de café pelo porto de Angra, devido este oferecer uma série de isenções fiscais o que não acontecia com os demais portos. (Guanziroli, 1983).
Pelo que podemos analisar, Angra dos Reis passou pela ascensão de diversos ciclos econômicos e respectiva decadência. Mas o que aconteceu com sua população quando estes sucessivos ciclos econômicos entraram em decadência? Quando ocorre a decadência, ou seja, desestruturação destas economias verifica-se uma nova reestruturação dos espaços, ou seja, uma nova forma de uso e ocupação do solo foi o que começou a acontecer em Angra dos Reis.
Com a crise dos ciclos econômicos muitas fazendas faliram e tiveram que se dedicar a outras atividades, ou mesmo distribuir as suas terras através da venda, ou de outras formas de aquisição. Estas populações passaram a se dedicar a uma agricultura de subsistência, ou mesmo da atividade pesqueira, na verdade uma completava a outra. O caso da fazenda Bracuí, é um exemplo. Com a morte de seu proprietário, suas terras foram distribuídas ou vendidas para seus escravos e agregados. Estas pessoas e suas famílias durante muito tempo tiveram o direito de posse dessas terras. O que mais tarde na década de 70, foi palco de uma série de conflitos pela posse por outros agentes sociais, quando Angra dos Reis começou a ter suas terras valorizadas pela expansão urbana e turística. Através de meios fraudulentos esta fazenda foi reintegrada aos descendentes de seu antigo proprietário que a venderam e ordenaram a expulsão destas pessoas que já ali viviam a pelo menos uma centena de anos. (Bertoncello, 1992).
A partir da segunda metade do século XIX, o café no estado do Rio de Janeiro e principalmente em Angra dos Reis começou a entrar em decadência devido ao esgotamento dos solos, agravado pela construção da estrada de ferro Pedro II, que vai ligar o Vale do Paraíba até São Paulo, tirando a posição de Angra do Reis de um dos principais pontos de escoamento da produção do Vale do Paraíba. Neste período, Angra dos Reis passou por uma profunda crise econômica que se arrastou até 1930. Quando novamente o município voltou a participar do circuito de escoamento nacional e internacional da produção. Durante este período de crise, uma das principais atividades econômicas do município foi a agricultura de subsistência. Desenvolvida em pequenos pedaços de gleba abastecendo a população local. Esta agricultura de subsistência só foi possível através da estagnação das atividades produtivas nas grandes propriedades. Paralelo a isso temos o desenvolvimento da bananicultura e o incremento da atividade pesqueira que já chegou a fazer de Angra dos Reis uma das maiores áreas de pesca do estado do Rio de Janeiro.
Em 1930 temos uma nova reorganização no espaço do município de Angra dos Reis. Novamente este município é escolhido para participar do circuito do desenvolvimento nacional, saindo de sua estagnação para participar das novas atividades econômicas que estavam se processando no país. Ainda em 1930, no governo de Getúlio Vargas, é construída uma estrada de ferro ligando Barra Mansa, no Vale do Paraíba, até o porto de Angra. Concomitantemente a isto, estava ocorrendo a reforma e ampliação do porto de Angra dos Reis. O objetivo desta reforma e da construção da estrada de ferro era o escoamento da produção de aço da Usina de Volta Redonda (Companhia Siderúrgica Nacional – CSN) até o porto de Angra dos Reis, situado a meio caminho dos principais mercados consumidores nacionais: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Pelo porto chegaria o carvão proveniente de Santa Catarina para abastecer a usina , enquanto o aço da CSN sairia do porto para abastecer as indústrias do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Novamente a posição privilegiada de Angra dos Reis, favorecendo o seu desenvolvimento. Pela explanação abaixo fica evidente a importância do papel do estado no desenvolvimento de determinada região vejamos:
“Como a economia está em freqüente mutação, as infra-estruturas de apoio se renovam instantaneamente, e o fazem sob auspícios que nem sempre competem ao estado federado, mas à união e não raro para responder aos projetos nacionais. (Santos, 1997, p.113)”.
Neste momento histórico somente a posição privilegiada de Angra dos Reis não daria conta de explicar sozinha o que estava acontecendo na escolha deste espaço para o escoamento da produção. Naquela época havia uma tentativa por parte do estado de acabar com as regiões arquipélagos, integrando as regiões mais isoladas ao restante do país. Foi o que aconteceu com Angra dos Reis quando se construiu à estrada de ferro ligando o Vale do Paraíba até o porto de Angra. (Furtado, 1995).
Por esta pequena abordagem percebe-se que Angra dos Reis sai do isolacionismo e passa a integrar a economia nacional, através do escoamento da produção de aço de Volta Redonda para os principais centros consumidores do país, e importando as matérias primas para abastecer à CSN como o carvão mineral proveniente de Santa Catarina. Não só o aço, mas também boa parte da produção agrícola do Vale do Paraíba era exportada pelo porto de Angra.
Paralelo a esta atividade, tem-se o desenvolvimento da economia local, surgindo os primeiros loteamentos próximos ao centro de Angra dos Reis. Desde o século XIX até as primeiras décadas do século XX, a população de Angra dos Reis se manteve praticamente estável. Quando Angra é reintegrada na economia nacional, sua população começa crescer aceleradamente.
4 - A implementação dos grandes empreendimentos estatais a partir da 2ª metade do século XX
Até 1940 a população de Angra dos Reis se manteve praticamente estável, ainda nesta década a maior parte da população estava localizada na zona rural, representando 63% da população total, como ocorria com a maior parte da população no Brasil. Neste período a população absoluta de Angra era de 18,5 mil habitantes, correspondendo 0.5% da população fluminense.
O distrito de Angra concentrava 31% da população total, sendo que 68% de sua população estava localizada na zona urbana. Este distrito é o que tem maior população absoluta e urbana do município. No restante dos distritos predominava a população rural. Os distritos de Abraão e Praia de Araçatiba, localizados na Ilha Grande, tinham 31% da população municipal, pois a maioria das indústrias de conserva de peixe estavam aí localizadas. Os demais distritos possuíam 37% da população total.
Uma das principais atividades econômicas de Angra dos Reis estava no setor agrícola e no extrativismo, tais como: a bananicultura e a atividade pesqueira. Com a implantação da estrada de ferro Viação Minas-Barra Mansa, ligando o Vale do Paraíba ao porto de Angra, e a reforma e ampliação deste porto, já havia alguma infra-estrutura necessária para alavancar as demais indústrias.
No governo de Juscelino Kubitschek, fazendo parte do Plano de Metas, foi instalado no município de Angra dos Reis o estaleiro holandês Verolme. Este estaleiro, aproveitando da infra-estrutura ao seu redor, foi implantado em uma fazenda desapropriada em Jacuecanga. Mais tarde, na década de 70, no governo militar ocorre a implantação de outros empreendimentos: o Terminal de Petróleo da Ilha Grande, a rodovia BR-101 e a Usina Nuclear.
A partir da década de 60, começa a se notar as transformações no espaço de Angra decorrentes da implantação destes empreendimentos. Em 1970, a população já era de 40,2 mil habitantes com 53% da população residindo na zona rural. A taxa de crescimento da década de 60 foi de 3,4%a.a., próximo ao apresentado pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para este mesmo período. Já o distrito de Jacuecanga, onde foi construído o Estaleiro Verolme, apresentou uma taxa de crescimento de 8% a.a..
Na década de 70 com a instalação da Usina Nuclear, a implantação do Terminal Petrolífero da Ilha Grande e a construção da rodovia BR – 101, ocorreram significativas transformações no seu espaço. A população do município de Angra dos Reis, em 1980, passa para 57,8 mil habitantes, representando um crescimento de 3,7 % a.a. nesta década,
enquanto na Região Metropolitana esta taxa foi de 2,4% a.a.. Os distritos Cunhambebe e Mambucaba apresentaram uma taxa muito superior a taxa municipal, respectivamente, 6% e 14% a.a A população localizada na zona rural passa a representar 50% do total municipal.
Na década de 80, com a expansão da urbanização e a instalação da Usina Angra II, a população do município apresentou um crescimento de 3,6% a.a., já a Região Metropolitana a taxa de crescimento para este mesmo período ficou em 1% a.a. Verifica-se que as maiores taxas de crescimento ocorreram nos distritos onde estavam localizados os empreendimentos. Os distritos de Cunhambebe, Mambucaba e Jacuecanga apresentaram uma taxa de crescimento demográfico acima da média municipal entre 5% a 7% a.a. A população absoluta municipal em 1991 passou a ser de 85,5 mil habitantes sendo que apenas 9% da população estava localizada na zona rural.
Na década de 90, a população do município de Angra dos Reis continua se expandindo em virtude da expansão imobiliária e do aumento da atividade turística nesta região. No ano de 2000, a população de Angra era de 119,1 mil habitantes, sendo que 4% desta população estava localizada na zona rural. A taxa de crescimento neste período foi de 3,7% a.a., enquanto na Região Metropolitana esta taxa foi de 1%a.a. Os distritos de Mambucaba e Cunhambebe apresentaram crescimento de 7% a.a.
4.1 - O Estaleiro Verolme:
A partir da implantação do estaleiro Verolme, em 1959, tem início a uma nova reestruturação do espaço no município de Angra dos Reis. Neste período Angra dos Reis passa a adquirir novamente importância no contexto da economia nacional, saindo da estagnação e posição estática que perdurou entre a segunda metade do século XIX até a década de 30, quando novamente volta a ser foco das atenções do Estado.
Neste período, o Brasil também está passando por uma fase de reestruturação de sua economia, apresentando um forte crescimento econômico e um processo acelerado de urbanização. Este processo de urbanização também começará a ocorrer no município de Angra dos Reis, quando seu espaço se transforma profundamente.
Na década de 60, o distrito de Jacuecanga, onde está localizado o estaleiro, apresentou um crescimento populacional acentuado com uma taxa de crescimento de 8% a.a. A população absoluta deste distrito no ano de 1970 estava em 6,5 mil habitantes, sendo que 90% da população estava localizada na zona rural. O estaleiro Verolme chegou a empregar mais de 9 mil trabalhadores, sem contarmos os empregos indiretos.
A instalação do Verolme influenciou no surgimento de vários bairros neste distrito tais como: Village, Lambicaba, BNH, Monsuaba, Biscaia, Caputera, Camorim, Camorim Pequeno. O loteamento destes bairros nem sempre foi acompanhado de um ordenamento territorial, o que favorece o aparecimento de uma série de conflitos entre prefeitura, setores imobiliários e população local.
As principais atividades econômicas do município estavam baseadas no setor primário, através da agricultura de subsistência e alguns outros gêneros agrícolas de valor no mercado tais como a banana, e as atividades pesqueiras
Também não se tinha uma articulação entre os distritos, pois as estradas eram precárias para fazer esta integração, e grande parte do transporte nesta região era feito por vias marítimas. Esta situação só começa a mudar na década de 70 com a construção da BR-101.
4.2 - TEBIG e o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social
Na década de 70 o espaço de Angra dos Reis sofreu novas transformações e foi palco de diversos conflitos. Em 1969, durante o regime militar, Angra dos Reis se tornou área de segurança nacional, e é neste contexto que uma série de empreendimentos foram construídos nesta região, entre eles o Terminal Petrolífero da Ilha Grande (TEBIG), no distrito de Jacuacanga.
Nesta década, a população dos distritos de Angra dos Reis ainda encontra-se localizada em sua maioria na zona rural, 52%, com exceção apenas do distrito de Angra dos Reis cuja população urbana representava 93% do total. Este distrito concentra 47% da população do município e sua taxa de crescimento na década de 70 foi de 3,8% a.a.
A população do distrito de Jacuecanga, onde o terminal foi implantado, era de 9,1 mil habitantes em 1980 e, no ano de 1970, era de 6,5 mil habitantes, correspondendo a uma taxa de crescimento de 3,4% a.a.. Na década posterior, 80, a taxa manteve-se alta, correspondendo a 5,2% a.a. Observa-se, porém, que a maior taxa de crescimento foi na década de 60, 8% a.a., com a instalação da Verolme.
Devido a influência destes empreendimentos tem-se o surgimento de diversos bairros: Bonfim, Morro do Carmo, Parque das Palmeiras e Sapinhatuba, no distrito do Centro de Angra dos Reis; Ariró, Bracuí, Santa Rita do Bracuí, Japuíba, Frade, Areal e Morro da Cruz no distrito de Cunhambebe; Boa Vista, Praia Brava, Parque Mambucaba e Parque Perequê, no distrito de Mambucaba.
Suas atividades econômicas, que estavam baseadas no setor primário, vão se tornando cada vez mais dependentes do setor industrial de comércio e serviços, a população economicamente ativa (PEA) ligada às atividades agropecuárias passa de 31% em 1970 para 9% em 1980, enquanto as atividades industriais demandam 27% da PEA em 1970 e 42% em 1980. De fato estes projetos geraram muitos empregos, passando de um município agrário e rural para urbano e industrial.
Durante a implementação destes projetos ocorreram vários conflitos, como a desapropriação e a expulsão das populações que viviam a muito tempo nestes lugares, e o crescimento desordenado de alguns distritos, fruto da atração que essas empresas exercem nas populações que vem a procura de melhores condições de vida. Dentre os conflitos, os principais ocorreram nos bairros de Japuíba, Jurumirim, Bracuí e Frade no distrito de Cunhambebe; Porto Galo, Camorim e Camorim Pequeno, no distrito de Jacuecanga. A maioria da população, expulsa dos lugares onde viveram por muitas gerações, agora se vêem obrigadas a ocuparem as áreas próximas aos manguezais, que são aterrados, e novamente ocorre novas desapropriações, por ocuparem as áreas de mangue, conforme ocorreu em Japuíba. A outra parte da população expulsa de suas terras vão ocupar as áreas de encostas dando início a um ciclo vicioso de ocupação e expulsão. Acrescentando ainda uma série de impactos causados ao meio ambiente, decorrente da implantação destes empreendimentos. (Guanziroli, 1983).
Neste período surgiram os primeiros condomínios que foram construídos para atender as pessoas que vinham a este município a fim de desfrutar de suas belezas naturais. Observa-se o aparecimento de verdadeiros territórios particulares, em que a presença do estado é quase inexistente. Pode-se dizer que estes condomínios e, também as vilas operárias dos empreendimentos analisados, são a delimitação de um determinado espaço onde se exerce uma relação de poder, portanto territórios fechados, onde a entrada de todo e qualquer agente que não pertença aquele lugar é dificultada, encaixando-se no conceito de território abordado em Souza, In: Geografia: conceitos e temas (1995):
“O território é definido por qualquer espaço delimitado por e a partir de relação de poder é um território. Seja ele desde a delimitação de uma rua controlada por uma gangue de adolescente até o bloco constituído pelos países membros da OTAN, composto por diversos estados nações ( p.111)”.
Neste caso Angra dos Reis vai ser o espaço delimitado por e a partir de muitas relações de poderes, seja este poder na escala federal, com a implantação desses empreendimentos, seja ele o poder privado, através da construção de diversos condomínios de luxo. Estes, por sua vez, são verdadeiros bairros fechados em si mesmo, pouco dialogando com a população local e o resto do município.
4.3 - O processo de construção da Usina Nuclear:
Em 1969, Angra dos Reis passa a ser considerada área de segurança nacional, neste mesmo período determinados fatos interessantes estavam ocorrendo em âmbito nacional. Em 1974, tem-se a fusão do estado da Guanabara com o Rio de Janeiro que tem muito haver com o futuro do município de Angra. Um dos objetivos da fusão seria diluir os partidos políticos do Rio de Janeiro, que sempre tiveram uma tradição de oposição ao governo federal, com a fusão outros partidos políticos passariam a disputar o poder. Ademais, esta tradição de oposição poderia atrapalhar os planos do governo para Angra dos Reis. Outro fator importante é o econômico, na tentativa de levar o desenvolvimento para o interior do estado, uma vez que a implantação de indústrias próximas ao centro do Rio de Janeiro estava se tornando inviável devido ao custo elevado dos impostos, decorrente da valorização acelerada dos imóveis e a valorização da mão de obra na Guanabara. Quando ocorreu a fusão, o estado passou a entrar com recursos para desenvolver a infra-estrutura necessária com objetivo de alavancar a industrialização no interior do estado do Rio de Janeiro. O interesse das indústrias estava na procura de terrenos e mão de obra mais baratos, aliado a oferta de subsídios para que estas indústrias fossem implantadas em várias regiões do estado.
Observe
que a fusão ocorreu na vigência do AI-5 (Ato Institucional n.º 5), quando em
plena ditadura militar a sociedade civil estava completamente desarticulada.
Após um ano da fusão, em 1975, tem início a implantação do projeto de
desenvolvimento de energia nuclear, com a oposição enfraquecida de muitos
partidos políticos e da sociedade civil. A partir deste momento, o município de
Angra dos Reis passa a ser um território de plena segurança e importância
nacional, sendo uma das principais áreas do projeto do Plano Trienal de
Desenvolvimento elaborado pelo governo militar. (Evangelista, 1998).
Um dos fatores que propiciaram a fusão do estado do Rio de Janeiro
passava por uma análise mais detalhada indo além da escala nacional, que seria
a tentativa de manipular a tecnologia nuclear para geração de energia elétrica
destinada ao abastecimento urbano, porém o
principal interesse seria desenvolver a tecnologia nuclear. Neste
sentido percebe-se os interesses geopolíticos sendo confundidos com a ideologia de
desenvolvimento nacional. Na verdade os interesses econômicos e políticos
estavam camuflando os verdadeiros interesses geopolíticos do governo militar no
contexto internacional. Neste caso o estado assumiu a direção do
desenvolvimento através da queima de etapas.
Neste
sentido, a escolha da planta da Usina Nuclear em Angra dos Reis não está
relacionada à sua beleza privilegiada , nem aos seus
aspectos naturais. A escolha da instalação da Usina Nuclear nesta região
deve-se ao fato de que a maior parte da Marinha de Guerra do Brasil estar
localizada no Rio de Janeiro, não obstante o Colégio Naval está localizado
nesta região. Ademais, o projeto da Usina Nuclear foi um projeto alavancado
pela Marinha de Guerra. (Evangelista, 1998).
Quando este município foi declarado área de segurança nacional, o seu primeiro prefeito, nomeado pelo regime militar, é um Almirante da Marinha de Guerra, que na concepção da época encarava a gestão do município como uma missão militar e não como um ato administrativo.
Na verdade se formos analisarmos na
íntegra o melhor lugar para a localização da Usina Nuclear, sem dúvida este
local seria São Paulo, devido à infra-estrutura aí presente e à proximidade dos
grandes centros urbanos.
No período de gestão do regime de tutela militar, tem-se a tentativa de desenvolver os chamado pólos tecnológicos. Um grupo da cúpula do governo tinha suas atenções mais voltada para a região do Vale do Paraíba, principalmente, Resende, Porto Real chegando até São José dos Campos. Este pólo estava voltado para o setor tecnológico direcionado para investimento da iniciativa privada, o que possibilitou desenvolver a lei da informática e a implantação do INPE, ITA e EMBRAER, em São José dos Campos. Enquanto o pólo tecnológico do litoral sul fluminense era um pólo eminentemente estatal. Uma observação interessante é que todos os dois pólos estão muito próximos aos principais centros consumidores do país, São Paulo e Rio de Janeiro. O pólo tecnológico de Angra dos Reis estava integrado a São Paulo pela rodovia BR-101 e ao Vale do Paraíba pela BR-RJ155. (Evangelista, 1998).
Com a construção da Usina Nuclear de Angra dos Reis, em Itaorna, no distrito de Mambucaba, ocorre uma reorganização sócio-espacial neste município. Para a construção da usina neste distrito foi necessária uma grande quantidade de mão-de-obra que vinha de diferentes locais próximos de Angra ou até mesmo de municípios mais afastados.
Devido à instalação da Usina Nuclear, vem ocorrendo um crescimento acentuado da população neste distrito, tendo uma forte migração de mão-de-obra para onde está localizado o empreendimento
Em 1970, a população de Mambucaba correspondia a aproximadamente 880 habitantes, sendo que 89% da população estava localizada na zona rural. Em 1980, esta população passa para 3,5 mil habitantes, com uma taxa de crescimento de 14% a.a., sendo uma das maiores taxas apresentadas por todos os distritos para o período estudado.
Na década de 80, o distrito de Mambucaba continua crescendo devido a continuação dos projetos de construção das Usinas Nucleares Angra II e III. Em 1991, Mambucaba apresentava uma população absoluta de 7,7 mil habitantes, sendo que 11% da população estava localizada na zona rural. A taxa de crescimento demográfica para esta década foi de 7,7% a.a. A população do distrito de Mambucaba representa em termos percentuais 9% da população total do município de Angra dos Reis.
O aumento da população deve-se sem dúvida a construção da Usina Nuclear e aos empreendimentos em seu em torno, que atraiu grande quantidade de população para este local. Com o fim da construção da Usina Nuclear I em 1983, grande parte desta mão-de-obra é liberada para outras atividades, mas como não conseguiu ser absorvida pelo mercado de trabalho, passam a ocupar o entorno das áreas circunvizinhas da Usina.
Os principais bairros que surgiram em decorrência da Usina Nuclear foram: Perequê, Parque Mambucaba, Praia das Goiabas, Boa Vista, Praia Vermelha no distrito de Mambucaba e o bairro do Frade no distrito de Cunhambebe. Com o crescimento acentuado da população nestes distritos, têm início a ocupação de áreas próximas aos mangues e nas encostas.
Paralelo à
construção da Usina Nuclear, foram construídas as vilas operárias com
residências destinadas a atender aos operários mais qualificados da usina,
enquanto os operários que a construíram
vão residir nos bairros das proximidades, que às vezes não tem infra-estrutura
adequada para atender seus moradores. Devido a este processo a maior parte do
ônus recai para o poder público municipal que vai ter que arcar com as despesas
de infra-estrutura básica para esta população.
Os constantes conflitos que vem ocorrendo entre população local, o poder local e as vilas operárias, devido a estas ser isentas de uma série de impostos, vem sendo palco de muitos conflitos, na tentativa de pagamentos de tributos que até então estas vilas estavam isentas (Bertoncello, 1992). Já existiu um movimento para tentar emancipar o distrito de Mambucaba, transformando-o em município autônomo de Angra dos Reis.
Além deste, acrescenta-se ainda os conflitos pela posse de terra nesta área, fruto de uma forte especulação imobiliária, provocada pela valorização das poucas planícies, demandadas para construção de condomínios de luxo.
4.4 - A expansão imobiliária
ao longo da rodovia BR-101
Pode-se dizer que a partir da implantação dos grandes empreendimentos estatais, o espaço do litoral Sul Fluminense transformou-se, dando uma nova função e forma para o espaço do município de Angra. Criou-se também um novo valor simbólico para esta região que passou a ser conhecida como região da Costa Verde. Sem dúvida, a construção da rodovia BR-101 influenciou muito na construção destes novos símbolos. Esta rodovia corta o município ao longo do seu litoral, até chegar a cidade de Santos, passando por belíssimas paisagens, sendo uma fonte de desejo para as pessoas que procuram ficar próximas a natureza.
Na década de 70, tem-se uma crescente preocupação com o meio ambiente, principalmente nos países europeus e norte-americanos, com o crescimento dos movimentos ecológicos e a valorização da natureza como mercadoria passível de troca. Esta preocupação vai se refletir no Brasil, atribuindo valor de mercado aos objetos pertencentes ao reino da natureza. É neste sentido que Angra dos Reis e Parati passam a ser conhecidas como região da Costa Verde, motivado pelas suas belezas naturais.
A partir
deste valor simbólico atribuído ao município, o espaço Angrense começa a ganhar
destaque no contexto do turismo ecológico de classe A. Com a construção da
rodovia BR-101, ocorre uma rápida ocupação em seu entorno, tendo início a
valorização das propriedades e uma forte especulação imobiliária nas áreas
próximas ao litoral. Esta ocupação provocou o aterro de mangues e a ocupação
das encostas, além de fortes conflitos pela posse da terra que resultou na
expulsão de muitos antigos moradores e posseiros. Neste sentido cada fração do
espaço passa a ter valor nesta região. (Bertoncello, 1992).
Apesar de nenhum grande empreendimento estatal estar instalado no distrito de Cunhambebe, com exceção da rodovia BR-101, ele sofreu forte influência de seus efeitos, uma vez que tornou-se área de expansão dos distritos de Angra e de Mambucaba, correspondendo ao bairro de Japuíba e Frade, respectivamente . O acelerado crescimento demográfico neste distrito ocorreu a partir da década de 70, quando apresentou um crescimento de 6% a.a., alcançando 7% nas duas décadas posteriores.
Com a valorização do verde nesta região tem início diversos conflitos entre diferentes atores econômicos, de um lado tem-se os empreendimentos que são fonte de risco constante para a poluição do litoral desta região, entre eles: Terminal de Petróleo da Ilha Grande TEBIG, a Usina Nuclear e o Estaleiro Verolme. O desenvolvimento de suas atividades são motivos de preocupação ao meio ambiente, devido ao seu grande potencial poluídor.
Do outro lado da moeda temos os atores econômicos que só podem e conseguem sobreviver, através da preservação do meio ambiente como as empresas dedicadas ao turismo. Neste caso temos o discurso do avesso, ou seja, uma preservação do meio ambiente conservadora em que poucos indivíduos podem usufruir das belezas desta paisagem. Sendo assim, temos o mito do paraíso verde que só foi possível conseguir através de muitos conflitos entre diferentes grupos sociais. (Gonçalves, 1998). Não podemos nos esquecer que o município de Angra, foi uma das áreas em que ocorreram o maior número de conflitos pela posse da terra, segundo a FETAG (Federação dos Trabalhadores Agrários).
4.5 - Os
impactos causados pelos emprendimentos:
No afã da valorização dos espaços verdes na região da Costa Verde com o desenvolvimento do turismo classe A, tem-se a tentativa, ainda na década de 70, por parte do Governo Federal, de implementar agências de turismo como a EMBRATUR na elaboração do desenvolvimento do setor de turismo, que até então estava nas mãos da iniciativa privada. (Guanziroli, 1983).
Com a construção da BR-101, vai ocorrer de forma acelerada a ocupação e a construção de muitos loteamentos e o surgimento de muitos condomínios e hotéis ao longo desta rodovia. Muitos destes lugares que antes eram totalmente ou quase totalmente desocupados, com apenas algumas parcelas agrícolas, agora se vêem totalmente ocupados.
Com as intervenções no espaço angrense, uma parte do meio ambiente teve que ser devastado, com o aterramento de manguezais, dentre os quais Japuíba, que possui até um pequeno aeroporto, Ariró, Bracuí, Jurumirim e Frade. As encostas do centro de Angra dos Reis foram devastadas pela ocupação desordenada.
A desarticulação das atividades econômicas tradicionais, como a agricultura e a pesca, também é outro impacto decorrente desses empreendimentos. Angra dos Reis já chegou a ser uma das maiores produtoras de pescado do Rio de Janeiro, hoje sua produção encontra-se em baixa devido a destruição dos manguezais e a pesca desordenada. Este quadro gerou uma crise generalizada nas indústrias de conservas, durante a década de 50 havia 11 unidades localizadas na Ilha Grande e agora só restam duas.
A estagnação da atividade pesqueira acarretou na redução da taxa de crescimento demográfico nos distritos da Ilha Grande. Nas décadas de 40 e 50, a taxa de crescimento era em torno 1,5% a.a., já entre as décadas de 60 a 90, a taxa ficou negativa devido a influência da instalação do presídio da Ilha Grande. Atualmente, a população da Ilha Grande representa 4% da população total do município de Angra dos Reis, enquanto que em 1940 este número era de 30%.
Em 2000, a população da Ilha Grande era de 4,5 mil habitantes, O crescimento demográfico na última década está relacionado ao fortalecimento das atividades turísticas, estimuladas pela desativação do presídio em 1994. Porém, o crescimento desta área está de certa forma restrito, pois cerca de 30% de seu território são unidades de conservação.
5 - O surgimento dos espaços de preservação
Como já afirmamos nos capítulos anteriores a questão ambiental na década 60 e 70 começa a ganhar força nos países europeus. No Brasil esta consciência ecológica só ocorreu depois do regime militar, com a abertura política e a conseqüente volta dos exilados políticos, que vão trazer muitas idéias novas que estavam surgindo nos países desenvolvidos. É nesta época que ocorre a implementação de leis ambientais como a Política Nacional do Meio Ambiente Lei n.º 6.938/81 e a introdução de estudos de impactos ambientais na construção dos empreendimentos que venham a impactar o meio ambiente.
Devido à crescente preocupação com o meio ambiente, no município de Angra dos Reis, foram implantadas as unidades de conservação em diversas escalas governamentais Parque Nacional da Serra da Bocaina; Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul; Parque Estadual da Ilha Grande; Estação Ecológica de Tamoios; Parque Estadual Marinho do Aventureiro; Área de Proteção Ambiental de Tamoios. Uma série de outros aparatos legais responsáveis pela preservação ambiental também são implementados, como o Plano Diretor Municipal e Reserva da Mata Atlântica. As unidades de preservação se sobrepõe uma a outra, formando um emaranhado de territórios que na maioria das vezes entram em constantes conflitos sobre a responsabilidade pelo gerenciamento destes espaços.
Com a criação dos espaços de preservação, Angra dos Reis torna-se uma área privilegiada por possuir mais de 80% de seu território ainda constituído por vegetação de Mata Atlântica, o que faz com que as autoridades tenham uma atenção especial por esta região. Nas diversas escalas do poder, formulou-se leis na tentativa de diminuir os impactos causados ao meio ambiente.
Na década de 90, o distrito de Angra já não dispõe de áreas planas para sua expansão, a densidade demográfica em 2000 é de 1260 hab./km². Ao mesmo tempo o Plano Diretor Municipal impede a ocupação em áreas acima da altitude de 60 m. Estes fatos fizeram com que o distrito de Angra apresentasse um taxa de crescimento demográfico de apenas 0,5% nessa década. A área de expansão do centro de Angra é o bairro de Japuíba, localizado no distrito de Cunhambebe, que apresentou uma taxa de crescimento de 7% neste mesmo período. Embora com uma baixa taxa de crescimento, podemos verificar que o distrito sede é um dos mais populosos, apresentando 36% da população municipal.
Nesta mesma década temos a crise da construção naval, o estaleiro Verolme foi afetado, o que pode ter se refletido na queda da taxa de crescimento, 3,0% a.a., em Jacuecanga.
O espaço de Angra dos Reis não está mais no controle exclusivo pelo Estado, a presença deste ainda é muito forte, mas existem outros atores que exerce o controle de um dado território e concomitantemente uma relação de poder. (Souza, In: Geografia: conceitos e temas, 1995). É por estes e outros motivos que o recorte da região da Costa Verde torna-se uma área interessante de ser pesquisada, devido a este emaranhado de fatores que se sobrepõe, num intervalo de tempo muito rápido se comparado com outras regiões. Esta paisagem de constantes transformações tornam Angra dos Reis um espaço peculiar para ser analisado.
Por região entende-se uma área contínua e/ou homogênea, que tenha alguma autonomia em relação a outras regiões. Neste sentido a região da Costa Verde, onde se encontra o município de Angra dos Reis, forma uma região funcional devido a sua forte articulação com as outras áreas do estado nacional, principalmente, São Paulo, Rio de Janeiro , Minas Gerais e, até mesmo, Santa Catarina, pois este é o estado que fornece uma parte do carvão mineral para abastecer à CSN. Também podemos considerar a região da Costa Verde como uma região natural, devido aos seus aspectos naturais. Mas é claro guardando as devidas proporções, uma vez que esta paisagem natural em muitos casos já foi transformada pelo homem.
A área correspondente ao município de Angra dos Reis, pode ser considerada uma região natural na medida que sua paisagem é bem homogênea se estendendo desde o município de Itaguaí, mas especificamente no Mazomba até o estado de São Paulo com sua vegetação de Mata Atlântica, ombrófila de altitude, com índice pluviométrico elevado o que é muito comum nesta região, influenciada pelo seu relevo bastante escarpado e muito próximo ao mar, o que torna esta região bem especifica do ponto de vista regional. Além do seu passado histórico que é muito forte nesta região, principalmente, Angra e Parati, que tiveram durante o período colonial uma importância estratégica, servindo de passagem da rota do ouro proveniente das Minas Gerais.
5.1 - Um espaço construído a partir da sobreposição de interesses:
Pelo que analisamos da evolução deste município desde a década de 40, na transformação da sua paisagem e na conformação de seu espaço, tem-se uma sobreposição de interesses de diversos atores com objetivos muitas vezes bem contraditórios. De um lado temos uma população que durante muito tempo desenvolveu com a natureza uma relação de subsistência, ou seja, sobreviviam daquilo que a terra pudesse lhe oferecer como: a caça, a agricultura de subsistência e a pesca. Durante as décadas de 60 e 70, estas populações foram expropriadas de suas atividades de subsistência e de suas terras, onde viveram durante muito tempo, quando outros atores com interesses diversos começam a entrar em conflito com estes antigos agentes. Neste período temos a implantação de diversos empreendimentos estatais e privados, causando a desapropriação e a desorganização nas atividades econômicas e sociais desta população.
Na década de 80, temos uma explosão de empreendimentos imobiliários turísticos, em virtude do mito ecológico do paraíso verde, que transformou esta região na menina dos olhos dos setores imobiliários, Angra ganha destaque por seus empreendimentos destinados a população de alta renda.. Tem-se assim o surgimento de novos conflitos pelo uso e ocupação do solo, uma vez que existem poucas áreas planas neste município, e as poucas que existem estão concentradas nas mãos de alguns proprietários. Portanto, são constantes os conflitos entre empresários do setor imobiliário e a população local que acaba sendo expulsa.
Com o surgimento dos movimentos ecológicos, grupos sociais outrora opostos passam a ter alguns interesses comuns, como é o caso do setor turístico imobiliário e a população local, que apresentam como interesse comum a não poluição das indústrias que estão instaladas neste município, uma delas é o Terminal de Petróleo da Ilha Grande, a Usina Nuclear e o Estaleiro Verolme. De um lado temos o setor imobiliário turístico acusando as indústrias de poluir as águas do litoral de Angra dos Reis e, portanto, atingindo os seus interesses. Do outro lado, tem-se a população local que se sente prejudicada por estas indústrias poluírem o meio ambiente e, consequentemente, atingindo as atividades de pesca e agricultura. (Bertoncello, 1992).
Em 2000, Angra dos Reis já havia passado por sucessivas reestruturações espaciais, tem-se como resultado deste processo, a criação do governo local de normas que visam diminuir os conflitos entre os diferentes agentes sociais, como foi o caso das medidas estipuladas no Plano Diretor Municipal, que tinham como objetivo diminuir os impactos causados ao meio ambiente e regular a ocupação do solo.
Ademais, Angra dos Reis tornou-se uma malha de diferentes interesses sobrepostos, tanto da escala federal, estadual e municipal como também da iniciativa privada, da sociedade local e dos diferentes grupos econômicos. Cada grupo tendo como objetivo a defesa de seus interesses tendo como palco o território do município de Angra dos Reis.
Conclusão
A população de Angra dos Reis, a partir da década de 60, começa a crescer aceleradamente, um dos fatores foi a implantação do estaleiro Verolme que só na sua construção absorveu grande quantidade de mão de obra da população local e de outras localidades.
Na década de 70, com a implantação do TEBIG e a construção da rodovia BR-101, começam a ocorrer transformações no espaço deste município, principalmente, a ocupação ao longo desta estrada.
Na década de 80, tem início a construção da Usina Nuclear Angra II, e os estudos para construção de Angra III. Estes empreendimentos ainda são influência da década anterior quando foi construída a primeira Usina Nuclear Angra I. Embora esta ultima venha sendo motivo de muitas críticas da sociedade em geral.
Na década de 90, a paisagem de Angra dos Reis está completamente modificada pelas ações dos agentes sociais, ao mesmo tempo uma série de conflitos estão presentes entre estes diferentes atores. Neste período, está sendo elaborado o Plano Diretor Municipal, que incorporou medidas que tinham como objetivos regular o uso e ocupação do solo e preservar o meio ambiente.
Há uma sobreposição de interesses entre a iniciativa privada, o setor estatal e o poder local. Na tentativa de delimitação de territórios, pode-se observar a aliança entre estes atores até então antagônicos.
Ao mesmo tempo, devido ao surgimento de uma consciência ecológica, o espaço de Angra dos Reis se torna uma sobreposição de unidades de conservação de âmbito federal, estadual e municipal.
No distrito de Mambucaba, onde se localiza a Usina Nuclear de Angra dos Reis, vem ocorrendo alguns conflitos, que culminaram na tentativa de emancipação deste distrito e, assim, tornar-se um município autônomo.
Verifica-se, assim, que o município de Angra dos Reis é um laboratório vivo, em constantes transformações espaciais que foram desencadeadas por diferentes grupos sociais durante um curto período e, por isso mesmo, palco de constantes conflitos entre os diferentes atores sociais.
Uma das preocupações deste município está relacionada à expansão urbana, uma vez que o município de Angra dos Reis dispõe de reduzidas áreas planas para se expandir, apenas 13% de seu território é constituído por planícies, e parte desta área está concentrada nas mãos de poucos proprietários.
Nos séculos anteriores Angra dos Reis foi destacada pela sua posição estratégica e portuária. Nas décadas de 60, 70 e 80 deste século, pelos grandes empreendimentos estatais e os conflitos decorrentes dos mesmos. Na década seguinte, Angra começa a ganhar destaque devido ao valor atribuído ao meio ambiente e, consequentemente, tem-se a valorização de suas paisagens naturais e históricas.
Por fim, a partir da constatação de que o espaço é dinâmico e está em constantes mutações, o valor atribuído a determinada porção do espaço é feito pela sociedade que pode ou não transforma-lo em objeto de troca. Cada período histórico é marcado pelas transformações ocorridas em seu espaço, modificando os valores de como determinada sociedade apreende o meio ambiente em que vive.
Lista de Siglas e Abreviaturas
CIDE
– Centro de Informação
e Dados do Rio de Janeiro
CSN
– Companhia
Siderúrgica Nacional
EMBRAER – Empresa Brasileira de Aeronave
FETAG
– Federação dos Trabalhadores Agrários
IBGE
– Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
INPE – Instituto Nacional de Pesquisa
Aeroespacial
ITA – Instituto Tecnológico da
Aeronáutica
PEA – População Economicamente Ativa
SIG
– Sistema de
Informação Geográfica
TEBIG
– Terminal Petrolífero
da Ilha Grande
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[1] Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso ( TCC ) ao finalizar a graduação em geografia em 2003.
[2] Geógrafo, formado na Universidade Federal Fluminense. E mail : waimea@bol.com.br